29.12.18

Úrsula Vidal traz esperança para a área da cultura

Helder Barbalho (MDB-PA), governador eleito, convidou a jornalista Úrsula Vidal, até então filiada ao PSOL, para assumir a pasta da cultura em seu governo. Convite feito e aceito. A notícia movimentou a sexta-feira, 29 de dezembro, com um debate longo que se instalou pelas redes sociais. O ponto mais polêmico foi o político partidário, mas em contraponto, a escolha foi muito bem recebida por fazedores de cultura que aguardam há décadas uma renovação na Secult.

Úrsula Vidal tem 46 anos e uma atuação reconhecida na área da cultura. De forma autoral, como realizadora audiovisual. Ela também conhece a cena cultural em sua diversidade e com a qual durante muitos anos estreitou laços por meio de seu trabalho jornalístico no SBT (Belém). O programa ETC e Tal foi um marco e se tornou uma vitrine indispensável para a cultura paraense.

Em 2016, ela entrou para a política ao aceitar o convite para se filiar à REDE, partido pelo qual saiu candidata à prefeitura, ficando em terceiro lugar no número de votos. Em fevereiro deste ano saiu do partido para se conectar ao PSOL e se candidatar ao Senado, obtendo número expressivo de votos, para quem pela primeira vez mostrava sua força ao restante do Estado. (Correção: Antes de se filiar à REDE, Úrsula Vidal já havia sido do PPS).

Durante essa campanha teve oportunidade de reunir e debater com artistas de várias linguagens, mas também fazer incursões em outros municípios, com perspectivas para a cultura de cunho social. É fato que a identificação natural da jornalista com a área da cultura traz esperança e entusiasmo. A situação caótica de ausência de políticas públicas para a cultura pede passos firmes e corajosos.

Não foi surpresa absoluta o convite de Helder. Identificada com a nova cena do fazer cultural, em transe com as culturas de gênero, feministas, LGBT, negra, indígena e popular, entre os nomes que circularam pelos bastidores da cultura em Belém, o dela era o mais esperado pela classe artística. 

A executiva do PSOL Pará repudiou o aceite de Úrsula, que se desfiliou do partido que, em nota divulgada e amplamente multiplicada pelas redes sociais diz que considera "um erro político o ingresso de Úrsula no governo estadual” do MDB. Penso que o aspecto político partidário da situação existe, mas a realidade pede urgência.

É salutar que se inverta a lógica da Secult de Paulo Chaves, glorificada por uma parte da sociedade, pelos Festivais de Ópera,  Feira do Livro e grandes obras. São projetos que têm a sua importância, já trabalhei enquanto jornalista algumas vezes, mas isso perde sentido quando se pensa na falta de políticas mais inclusivas e de fomento da cultura em sua diversidade nos quatro cantos desse estado que de tão grande a gente costuma chamar de país. Portanto não é uma engrenagem fácil, mas também não é aceitável que em 16 anos de PSDB e 4 de PT tão pouco tenha sido feito para reverter isso.

Não sabemos como a Secult será repassada e nem qual orçamento e autonomia a nova secretária terá para a atender as demandas. E não esqueçamos que a gestão do país ano que vem não será fácil para a área da cultura. Em nível estadual, primeiro, é preciso tomar pé da situação e passar pela fase de transição, que esperamos não seja muito longa, pois tudo urge.

Haverá novas emoções nos próximos dias, pois a área da cultura ainda espera, entre outras, pelas indicações à Fundação Cultural do Pará, que gere também  a Lei de Incentivo do Estado - Semear -, o Complexo Cultural do Centur, o IAP e Curro Velho, pasta importantíssima para a cultura também, e que teve como gestora a artista plástica Dina Oliveira. 

Na área da comunicação, quem assumirá a Cultura Rede de Comunicação, cuja presidência vinha sendo exercida, há oito anos, com maestria, pela também jornalista Adelaide Oliveira? O jogo político usará de sua máxima estratégia. Vamos aguardar,  mas 2019 já começou!

(Todas as fotos utilizadas para ilustrar este texto, foram baixadas da página oficial de Úrsula Vidal, no facebook)

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