3.6.21

Vaca Velha aos seis anos se torna Ponto de Cultura

Fotos: Ifarias
Boi de Máscaras, manifestação cultural de São Caetano de Odivelas, a Vaca Velha, durou 10 anos e saiu de cena na década de 80. Em 2015, tornou-se uma associação e, em abril deste ano, um Ponto de Cultura. Para comemorar tudo isso, haverá evento de uma semana em formato virtual e presencial, obedecendo os protocolos da OMS. 

Vou contar essa história. Um grupo de amigos de infância se reencontrou em 2015. Juntos, eles começaram a se lembrar das brincadeiras de criança com a Vaca Velha, boi de máscaras que desapareceu das ruas da cidade na década de 80, deixando saudades que acabaram se transformando em motivação. Há seis anos, resolveu-se não só retomá-la, como formar, a partir dela, uma associação para trabalhar de forma mais comprometida com a cultura naquela comunidade.

Em 2016, conheci dois dos fundadores da Vaca Velha, os irmãos Ivan e Ivandro Farias. Eles trouxeram o brinquedo para uma apresentação em Belém, que contava inclusive com o saudoso Epaminondas Gustavo. Era um carnaval e era também o primeiro ano de retomada da Vaca Velha. Seis anos depois, vejo essa associação com o mesmo ou até maior entusiasmo em levar essa cultura adiante, tanto é que conquistaram o reconhecimento de Ponto de Cultura, a partir dos critérios estabelecidos na lei federal Cultura Viva, de 13 de agosto de 2014. O certificado atesta que a iniciativa desenvolve e articula atividades culturais em sua comunidade, dando acesso e proteção aos direitos da cidadania e à diversidade cultural do país. 

“Não foi apenas um resgate, foi muito mais que isso, além de ressuscitar parte dessa cultura e trazer de volta o que foi perdido na infância, a ideia era realizar algo que trouxesse benefícios para a comunidade Odivelense, com seus mestres, artistas, artesãos”, diz Ivan Farias, da Associação socioambiental e cultural Vaca Velha.

E assim foi. Não a toa a programação se estendera de 6 a 13 de junho, com oficinas, salas de cinema, intervenções artísticas, rodas de bate papo online, exposições fotográficas. No dia 13 de junho, como fechamento dos festejos de aniversário, será realizada uma live. 

“Será algo inovador em nossa cidade. Planejamos uma alvorada, respeitando os protocolos e em formato de live”, diz Ivandro Farias, um dos amigos que fundou a associação, em São Caetano de Odivelas, cidade situada a cerca de duas horas e meia de Belém, a capital paraense. 

No bate papo on line com fazedores culturais de São Caetano de Odivelas serão discutidos os reflexos da pandemia do Covid-19 sobre a manifestação cultural dos bois de máscaras, além do impacto econômico que isso gerou não para os fazedores de cultura, mas como também dos artesãos e ambulantes.

Cultura ambiental para a abrir a programação 

São Caetano de Odivelas se forma por meio de uma vila de pescadores, não a toa o município é famoso também, por oferecer as delícias o mar, a zona do salgado, onde se localiza. Por isso é muito pertinente que a programação inicie, no domingo, 6, com uma nobre ação, a limpeza do leito do Rio Mojuim. 

“A ideia é conscientizar a população quanto a importância da manter o Rio Mojuim limpo, assim liberando mais espaço para o curso da água e esclarecer que o Mojuim não é depósito de lixo. Percebemos muito lixo urbano no leito do rio, importante alertar a população quanto a preservação desse leito, o que é muito impactante ao meio ambiente. Precisamos ter mais consciência sobre a importancia do nosso majestoso Mojuim, sobre preserver a margem e manter o ambiente que vivemos limpo”, continua Ivandro.

Já na Exposição Fotográfica virtual “O Imaginário”, vai mostrar a relação da Vaca Velha com São Caetano de Odivelas e seus pontos turísticos, e também está programada a exibição do Filme “Vaca Velha e o Encontro dos Bois”, de Angela Gomes, roteirista, documentarista, produtora e jornalista, além de professora do curso de cinema e audiovisual – UFPA e Douturanda em Ciência da Comunicação – PPGCom UFPA. O documentário Vaca Velha e o Encontro bois mostra os detalhes do grande evento cultural odivelense, evento que reúne mais de 15 bois de máscaras pelas ruas de Odivelas.

A oficina de máscaras será com Mestre Antonio Cação, artesão, brincantes, líder de grupo e amante da cultura dos bois de máscaras, considerado o melhor artesão de máscaras de pirrô da atualidade.  

“Não existe inovação sem memória”, acreditam os realizadores dessa programação.  “O foco é promover os saberes e fazeres dos mestres a adolescentes”, diz Ivan.

Já a intervenção artística será com o artista Carlos Nyales, que vive a Vaca Velha desde o embrião, reuniu um coletivo com , David Goes, Byanca Borges, Ana Luize e Deivyd Coimbra para encantar o Ponto de Cultura Associação Vaca Velha, dar o encantamento ao espaço com suas artes.

No domingo, 13, a Vaca Valha saíra de seu curral às 6 horas da manhã acompanhada de um pirrô, um vaqueiro e um cabeçudo, mantendo o distanciamento, e a Orquestra Pipirinha (Orquestra da Vaca Velha) tocando sambas e marchas de boi. A ideia é acordar a cidade ao som dos curimbós, xeque-xeque e instrumentos de sopro tocando as toadas de boi. E, finalizando o dia, será feita a apresentação da Vaca Velha, em uma live show, o artista odivelense Rogerinho RT.

PROGRAMAÇÃO 

06/06 – Limpeza do leito do Rio Mojuim;

07/06 – Exposição Fotográfica virtual “O Imaginário”, de Ifarias;

08/06 – Exibição do Filme “Vaca Velha e o Encontro dos Bois”, de Angela Gomes; 09/06 – Discussão on line “Bois de máscaras e a Pandemia”;

10/06 a 12/06 – Oficina de máscaras com Mestre Cação;

10/06 a 13/06 – Intervenção artística de Carlos Nyales, David Goes, Byanca Borges, Ana Luize e Deivyd Coimbra;

13/06 – Alvorada, Café da manhã, Exposição Fotográfica “O Imaginário”, de Ifarias e Live Show de Vaca Velha e Rogerinho RT.

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