Edir Gaya e a banda do show de lançamento Foto: Raimundo Paccó |
“Liamba Jazz & Samba” chega com a estatura de álbum da moderna música paraense e, ao mesmo tempo, “cartografia do afeto, geografia da memória”, nas palavras do autor. Quarenta anos de vida que vira música e poesia em quinze canções, que percorrem cinco bairros - Matinha, Pedreira, Sacramenta, Guamá e Jurunas -, seus personagens, ruas, becos, o cancioneiro, tradições religiosas, festas. Matinha, Pedreira e Sacramenta, bairros nos quais Edir Gaya viveu a infância e a juventude, sempre foram estigmatizados pelo preconceito, tidos como berços da malandragem barra-pesada.
Não houve contestação quando a “higienização urbanística” transformou a Matinha em Fátima, com modernos prédios e carros do ano. Embora a Matinha subsista na memória e no cotidiano de sua população original mais pobre (que nunca aceitou a troca de nome) e também na “Trilogia da Matinha”, em que Gaya preserva o amor, as personagens, os “mitos’ daquela periferia.
Ensaios para o dia 2 de julho Foto: Raimundo Paccó |
Outra trilogia é a da Pedreira, com personagens clássicos, como no “Samba pra Julião” (este era o principal organizador do bloco Aguenta o Tombo, que sacudiu a cidade na década de 80) e a história de um malandro que se asila na cidade da Vigia para escapar ao “Seu Mourão”, o implacável delegado terror dos jovens negros periféricos e estrela do programa de rádio “A Patrulha da Cidade”.
Sem fugir à história e à sociologia, Liamba Jazz & Samba traz as marcas do coletivo Hera da Terra, da Sacramenta, que Gaya integrou na década de 80 e que produzia música, poesia e artes plásticas como forma de resistência à ditadura militar, brigando pelo direito de morar, em apoio à comunidade de Emaús, pela libertação de presos políticos.
Um disco denso a partir das “margens”, portanto, que começa e desemboca em “Liamba”, poema de Bruno de Menezes (do Jurunas) do livro “Batuque”, que inaugurou o modernismo na Amazônia. “Agradeço aos filhos de Bruno (Irmã Marília, Lenora Brito e ao doutor Haroldo Menezes) pela liberação do poema, fundamental porque esse trabalho se fundamenta na estética das ruas inaugurada por Bruno”, destaca Gaya.
Parcerias - Nove canções do álbum são parcerias com os letristas Raimundo Sodré, Cacá Farias, Edson Coelho, Ribba, Renato Torres e Walter Freitas. A produção e direção musical é de Renato Torres, no Guamundo Home Studio, com grandes músicos de Belém. Além de músicas próprias, Edir Gaya faz homenagens a Osvaldo Oliveira, o Vavá da Matinha, com “Desgosto”, e a Carmélio Gaya, seu pai, com “Manuela”.
Serviço
“Liamba Jazz & Samba” será lançado em 2 de julho, no Espaço Cultural Boiúna (Rua dos Pariquis, 1556), às 22h, com couvert artístico. No show de lançamento, Edir Gaya (voz e violão) será acompanhado por Renato Torres (direção, guitarra e vocais), Antonio Abenatar (sax), Jonatas Gouveia (contrabaixo), João Paulo Pires (bateria) e o Rodrigo Ferreira (teclado).
(Holofote Virtual, com texto enviado pela produção)
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