O violão de Tião - Foto: Vanessa Barros |
A iniciativa celebra, salvaguarda e difunde a obra do violonista paraense que ganhou projeção internacional, influenciou e continua encantando a todos com suas composições, muitas vezes complexas, mas repletas de sentimentos e ambiências das sonoridades que permeiam a região amazônica.
Ao todo foram 165 inscrições no festival. Os candidatos enviaram vídeos executando duas músicas de autoria de Sebastião Tapajós e dos mais de 100 candidatos, saíram 12 finalistas. Na etapa final venceram na categoria Jovem Violonista, Natanael Carvalho e Leonardo Araújo, ambos residentes em Minas Gerais; e na categoria Sênior, os violonistas Paulo Renato de Araçatuba (SP) e Fernando Santos, de Niterói (RJ).
“O festival já inicia com uma boa receptividade e alcance. Tivemos inscrições das mais diversas regiões do Brasil, e mesmo que o Norte não esteja representado entre os premiados desta edição, tivemos um grande número de violonistas paraenses participando, inclusive indo a final entre os 12. “É sem dúvida um festival que vem trazer ao estado um olhar das demais regiões tanto para obra do Sebastião, quanto para outros novos violonistas”, diz o professor e violonista José Maria Bezerra, que integrou o júri com outros notórios especialistas da acadêmica e/ou artística no segmento do violão, Ravi Samaya e Neil Armstrong.
Natanael Carvalho - Jovem Violonista |
Para ele, o processo de seleção foi árduo e corrido. “Ironicamente parecido com a música que selecionei para representar nesse festival”. Ele se refere a música intitulada ‘200 por hora’ gravada no álbum “Violões”, de 1989. “A sensação é de esperança e fé que meu sonho é possível”, diz o jovem músico.
O outro músico vencedor na mesma categoria que Natanael, é Leo Araújo, da cidade de Ouro Branco, Minas Gerais, fixado atualmente em Belo Horizonte, onde cursou bacharelado em violão, concluído em 2018, pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Atualmente ele atua como violonista solo e em grupos, além de dar aulas de violão.
Leo Araújo |
Já Fernando Santos iniciou-se no violão, também de forma autodidata, buscando informações com amigos. Depois estudou com o violonista Sobral Pinto, grande violonista, chorão e seresteiro de Niterói. “Com ele aprendi o caminho das serestas, choros e valsas brasileiras”, lembra o músico, que conheceu a obra de Sebastião Tapajós, com uns 19 anos, através de seu pai.
“Ele me deu de presente o CD ‘Virtuoso’, acho que lançado no ano de 1997. E comecei a tirar algumas coisas de ouvido mesmo. Mas, foi uma surpresa ver e ouvir aquele violonista tão forte e suave. E depois fui conhecer, as obras escritas por ele mesmo”, revela.
Paulo Renato - Violonista Sênior |
"Depois pude apreciar outros trabalhos como: El arte de la guitarra (1971) Trova LP - RP music (Argentina), Lado a lado. Gilson Peranzzetta e Sebastião Tapajós (1988) Visom LP, CD, Da Minha Terra - Jane Duboc e Sebastião Tapajós (1998) Jam Music CD. Agora, através desse festival, estou tendo um contato maior com a obra do Sebastião Tapajos e estou muito feliz em poder tocar algumas se suas musicas,” conclui Paulo.
Apresentações em dois espaços de Santarém
Fernando Santos - Violonista Sênior |
O chef e empresário da gastronomia paraense lembra que deveria ser uma surpresa para o violonista, mas quando esteve em uma apresentação dele em Belém, antes da pandemia, quando o teatro ia começar a passar pela reforma, não segurou a emoção e contou pra ele, que aprovou a ideia. “É uma homenagem com muito orgulho por tudo que ele significa a nossa cidade e importância na musicalidade mundial trazendo essa notoriedade para nossa região”, conclui Saulo.
São inúmeros os admiradores de Sebastião envolvidos neste festival. O diretor artístico, o pianista Andresson Dourado, que foi companhia constante de Sebastião Tapajós em diversas apresentações. “Tocar Sebastião Tapajós sempre foi um desafio. Ele foi um compositor pós romântico que traz uma bagagem erudita romântica vinda de seus estudos na Europa, porém, com a modernidade da sua época e o que lhe diferenciava de tudo, que era seu regionalismo”, comenta o músico.
O pianista revela que o festival foi criado a partir de uma vontade do próprio Sebastião Tapajós. “O Instituto Sebastião Tapajós já dialogava com ele uma forma de estruturar este festival, que só aconteceu agora, mas cujo processo envolveu a participação de violonistas de todo território nacional. E todos que foram selecionados virão até Santarém se apresentar e conhecer de perto o lugar onde vivia nosso grande Tião”, diz Andresson.
Premiação conta com troféu e estreia de orquestra
Sebastião Tapajós - Foto: Vanessa Barros |
A celebração segue com a apresentação dos premiados, que além de uma premiação em dinheiro também receberão um troféu confeccionado especialmente para o festival, e encerra com o lançamento da Orquestra de Violões Sebastião Tapajós, outra iniciativa do Instituto Sebastião Tapajós que atualmente também oferece ações de mais dois projetos , o Cinturão Cultural que trabalha em várias frentes de debates e ocupações artísticas, e o acervo digital de Sebastião Tapajós , cujo tratamento resultará em um museu virtual para visitação e acesso do público à obra do violonista.
“A instituição quer abrir uma porta para o mundo, através do legado de Sebastião. Tanto para os violonistas brasileiros quanto aos do Pará e dessa região do Tapajós. Estamos numa grande expectativa. Além do Festival de Violão, também criamos essa orquestra que contempla os violonistas do município. Lançamos um edital e contemplamos 16 violonistas da região. Há muitas instituições já aqui que já trabalham com música, é uma tradição em Santarém, então a orquestra também é uma ferramenta de visibilidade aos que estudam musica aqui”, diz Cristina Caetano, que está em sua segunda gestão como presidente da instituição.
“Vamos completar seis anos em abril e estamos com esses projetos e mais dois projetos, pois para nós é importante e fundamental manter essa memória viva de Sebastião Tapajós, realizando ações que dialogam com o que ele mais gostou de fazer em vida que foi tocar seu violão, compor e inspirar outros músicos. E esse também é um legado que ele nos deixa. Por isso, além de premiar estamos trazendo os violonistas selecionados para tocar aqui e sentir essa mesma atmosfera que tanto inspirou de Sebastião Tapajós”, finaliza Cristina Caetano.
Serviço
1º Festival de Violão Sebastião Tapajós – Dias 31 de março, na Casa do Saulo, e 1º de abril, na Casa da Cultura, em Santarém-Pa. A programação inicia às 20h, com participações, premiação e estreia da Orquestra de Violões Sebastião Tapajós.
PROGRAMAÇÃO
SEXTA-FEIRA (31/03)
20h – Cerimônia de abertura:
20h15 às 20h:30 - Apresentação - Andresson Dourado e Igor Capella
20h30 às 20h35 Maria Lídia - Voz e Violão
20h35 às 20h45 - Zé Maria Bezerra convida Adria Goés e Andresson Dourado
20h45 às 21h15 - Concerto de Violão - Ravi Samaya
21h15 às 21h55 - Apresentação dos Premiados
Categoria Jovem Violonista
Leonardo Araújo
Natanael Carvalho
Categoria Sênior
Paulo Renato
Fernando Santos
21h55 às 22h25 – Lançamento da Orquestra de Violões Sebastião Tapajós
SÁBADO (01/04)
20h às 20h30 - Apresentação - Andresson Dourado e Igor Capella convidam Maria Lídia
20h30 às 21h - Concerto de Violão - Zé Maria Bezerra convida Adria Goés e Andresson Dourado
21h às 21h30 - Concerto de Violão - Ravi Samaya
21h30 às 22h - Apresentação dos Premiados
Categoria Jovem Violonista
Leonardo Araújo
Natanael Carvalho
Categoria Sênior
Paulo Renato
Fernando Santos
22h às 22h30 – Lançamento da Orquestra de Violões Sebastião Tapajós
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