19.4.24

Tu já conheces a Taberna Marajó em Salvaterra?

O Arte de Casa em Casa, projeto selecionado pelo Edital de Artes Visuais da LPG Pará, chegou na Taberna Marajó, espaço de vivência que abre, neste sábado, 20, às 16h, a exposição “Este é o Meu Lugar”, que contará ainda com uma roda de conversa com Ettiene Angelim, intitulada ”Memórias Entrelaçadas: a Trama Cultural de Salvaterra”, a partir das  17h. 

O projeto aporta no Marajó, o maior arquipélago fluviomarinho do planeta e um dos cenários ecológicos do Brasil mais importantes. Salvaterra, que abrigou o início da colonização amazônica no Sec XVI, é uma de suas milhares de ilhas formadoras e espaço dos mais importantes para a cultura marajoara. 

Além dos artistas residentes, Lúcia Gomes, Galvanda Galvão e Werne Souza, participarão da nova exposição, agora na Taberna Marajó, os artistas locais Jônunes, Lupa Jacob, Pompeu, Belmiro Gama e Ettiene Angelim. O espaço é cultural, residencial e ainda uma hospedaria que se abre à arte.

“A nossa proposta é abrigar apresentações, oficinas, rodas de conversas e outras iniciativas que envolvam o saber e o fazer tradicional, promovendo a troca de conhecimentos e o fortalecimento dos laços entre as pessoas”, diz a comunicadora e proprietária da Taberna Marajó, Ettiene Angelim, que além de expor a série de fotografias "Paisagens humanas", irá conduzir a roda de conversa.

A Taberna Marajó dialoga com iniciativas alinhadas com os valores da sustentabilidade, da inclusão e da diversidade. De acordo com Ettiene Angelim, o desejo é participar dos diálogos e iniciativas que celebram o patrimônio cultural, com objetivo de trazer reconhecimento como local de referência para essas iniciativas. 

“Queremos nos alinhar com os princípios da preservação e valorização desse patrimônio na comunidade, inspirando novas gerações a celebrar a riqueza da nossa herança cultural”, complementa a moradora da Taberna.

 Artistas do arquipélago ganham destaque na mostra

Ronaldo Pompeu
Uma das características do projeto é trazer esse destaque aos artistas locais. “É interessante a diversidade da produção de cada artista, alguns ficam na tênue fronteira da arte única e do artesanato, mas o que é importante é estimular a experimentação nessa vivência", diz Werne Souza, idealizador e coordenador do projeto.

Assim, vão participar da exposição o casal de artistas que gerencia um outro espaço na ilha, o Ateliê Caroço Arte, que fica na Vila de Joanes. Jonise Nunes é arte educadora,  artesã e artista visual do espaço Caroço. Ela atua na concepção e criação de peças artísticas. Já Lupa Jacob é desenhista, pintor, designer gráfico, artesão e artista visual. Atua na concepção e criação de peças artísticas

Eles produzem peças artísticas a partir de pedaços de madeiras de embarcações, resíduos de canoas, remos e embarcações coletadas nas praias da Vila e  que vêm carregadas de histórias e energias das marés, rios, furos e igarapés. 

Entre os demais participantes da exposição, está Belmiro Gama, artista plástico de Salvaterra (natural de Ananindeua), com muitas obras (óleo sobre madeira, afrescos, esculturas com material reciclado..). A maior parte de sua obra retrata a natureza, lendas e modos de vida do Marajó. 

E por fim, destaque ainda para Ronaldo Pompeu, que  transforma Latão e Madeira em Histórias.  Nascido em Belém, mas há mais de 15 anos morando em Salvaterra, ele  encontrou na arte do entalhe uma forma de expressar sua conexão com a natureza, a cultura afro-indígena e a própria alma da ilha. 

Utilizando materiais como latão e madeira reciclada, ele dá vida a animais, figuras humanas e outros elementos que povoam seu universo criativo. Cada peça é um convite para mergulhar em um mar de significados, onde a tradição se entrelaça com a modernidade e a paixão pela arte se manifesta em cada detalhe.

O artista revela que sua jornada no entalhe começou como uma forma de terapia, a partir de um curso realizado na Fundação Curro Velho no final dos anos 90. Desde então, a arte se tornou sua companheira inseparável, um refúgio onde ele encontra paz, inspiração e a oportunidade de compartilhar sua visão do mundo. Sua paixão pela arte e sua conexão com a cultura local incluem Pompeu no cenário artístico de Salvaterra como um exemplo inspirador para todos que apreciam a beleza da arte feita à mão.

Entenda o Arte de Casa em Casa

Jonice e Lupa (Caroço)
Trata-se de um projeto itinerante, idealizado pelo artista visual Werne Souza, do espaço Na Casa do Artista, e que visa conectar espaços residenciais e alternativos que possuem em suas dependências galerias de arte. Iniciou em março, com exposições no Apeú, em Castanhal, ocupando a galeria da Estação Ery Holanda e o Ponto de Cultura e Memória - Estação Apehu História, Humor e Arte. Também esteve em Quatipuru, adentrando na Galeria Direitos Humanos. 

Em abril, desbravou o Museu Interativo e Atelier Expressart e agora segue para a Taberna Marajó. Diversos artistas participam. Há os residentes e também os convidados a cada nova parada. O público pode acompanhar as novidades pelo perfil @arte_decasaemcasa, no Instagram. O projeto segue até maio com ações em Marabá e finalizando na Vila Sorriso, seu ponto de partida e chegada.

“Esse projeto está revelando uma situação muito interessante e rica para as artes visuais nossa. Além de fazer a interação entre os espaços, fazer conexão entre os artistas, do Artista com sua comunidade, dos espaços com sua comunidade, eu tenho percebido um laboratório de produção e processos de criação, que passa pelo atelier coletivo, mas também pelo acolhimento e reconhecimento que os artistas têm, principalmente os locais. Mas isso é assunto mais pra frente, pois ainda está amadurecendo na minha cabeça”, finaliza Werne Souza.

Como chegar a Salvaterra

De lancha, são 2horas, sainda do Terminal Hidroviário de Belém até o Camará. De balsa, saindo de Icoracai, são 3 horas de travessia, para chegar. Chegando ao Porto Camará, pegue uma van (R$ 15) ou táxi (R$ 100) para chegar então à Salvaterra. As empresas Ferreira Navegação e Banav se alternam nas viagens de lancha saindo do Terminal Hidroviário de Belém, pela manhã e pela tarde. Aqui estão contatos das duas empresas para que possam ligar e reservar as passagens.

Salmista: 91 8407-7200

Banav/ Box Belém: 91 3269-4494

Belém/Camará (Salvaterra)

Serviço

Abertura da Exposição: “Memórias Entrelaçadas: a Trama Cultural de Salvaterra”. Neste sábado, 20, a partir das 16h, com Roda de conversa: ”Memórias Entrelaçadas: a Trama Cultural de Salvaterra”, às 17h. A mostra ficará aberta de 21 a 30 de abril, sempre de segunda a sábado, das 09h às 12h/15h às 18h. Endereço: Rodovia PA 154, Arena Cimarron, próximo a 13º rua – Marabá – Salvaterra/PA.

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