28.6.24

Arte de Casa em Casa traz territórios a Icoaraci

Depois de percorrer 04 municípios paraenses – Apeú-Castanhal, Quatipuru, Salvaterra, Marabá - e 01 Distrito de Belém – Mosqueiro -, o Arte de Casa em Casa, projeto selecionado pelo Edital de Artes Visuais da Lei Paulo Gustavo - Secult-Pa, chega agora ao berço de sua origem, o espaço cultural Na Casa do Artista, em mais um distrito da capital paraense, Icoaraci, onde a programação de encerramento do projeto ocorrerá neste sábado, 29 de junho, a partir das 18h, com entrada gratuita.

A programação de abertura, neste sábado, 29 de junho, inicia às 18h, com a roda de conversa “Arte e Território”. Em seguida haverá vernissage da exposição NACASA, que traz ao público, trabalhos de artistas de Icoaraci e convidados das cidades pelas quais o projeto passou, além da apresentação do Cordão de Bicho Oncinha e venda de maniçoba, mingau de milho e caruru para celebrar o Dia de São Pedro, com arte e cultura popular.

O público vai conferir as obras dos artistas de Icoaraci. Participam os fotógrafos Carlos Henrique Gonçalves, Simone Machado e Mateus Machado, além do mestre ceramista Levy Cardoso. E também terá oportunidade de ver de perto, alguns dos trabalhos expostos nas exposições montadas em outros municípios.

Werne Souza na curadoria com Levy Cardoso,
mestre ceramista de Icoaraci
Estarão presentes as obras de Marcone Moreira e Armando Queiroz, que participaram da exposição “Ponto a Ponto”, no Pontal Instituto Cultural, espaço de referência das artes em Marabá; e de Ettiene Angelim, gestora da Taberna Marajó, que recebeu o projeto em Salvaterra e que também expôs suas fotografias na mostra “Este é Meu Lugar”.

Deste mesma mostra de Salvaterra, em Icoaraci, haverá obras dos artistas marajoaras Pompeu e Belmiro Gama. E ainda, trabalhos de Gilmar Lopes, artista que reside em Castanhal e de Margareth Gondim, que além de expor, assina também as montagens das exposições realizadas ao longo do percurso do projeto.

Os Desafios de viver de arte na periferia da Amazônia

O curador com Simone Machado, do registro
audiovisual do projeto e expositora em Icoaraci.
Realizar encontros de arte com exposições visuais e rodas de conversa sobre temas culturais, sociais e políticos é sempre um desafio, especialmente na periferia do mundo, como no Distrito de Icoaraci, na Amazônia. O idealizador e coordenador do projeto, Werne Souza, diz que o Espaço Cultural Na Casa do Artista, localizado nesse território, enfrenta essas dificuldades há 12 anos, promovendo eventos que trazem aprendizado e experiências valiosas. 

Portanto, de acordo com ele, expandir essas atividades para além da Casa e conectar-se com outros espaços que enfrentam desafios semelhantes não é apenas um ato de solidariedade, mas uma estratégia para criar uma rede cultural ativa e visível. E o projeto Arte de Casa em Casa mirou justamente tornar esses espaços mais visíveis e ativos, realizando exposições e rodas de conversas em locais diversos, enfrentando o medo inicial e ganhando confiança com o engajamento de artistas e públicos locais.

Obra do artista Belmiro Gama, na Taberna 
Marajó em Salvaterra. 
“O mais enriquecedor foi encontrar outros espaços de arte durante essas viagens e conhecer coordenadores talentosos e engajados. Esses encontros reforçam a necessidade de fortalecer e apoiar essas iniciativas. O projeto também promoveu a colaboração entre artistas renomados e novos talentos, proporcionando encontros raros e enriquecedores”, comenta Werne Souza, idealizador e coordenador do projeto.

Exposições como "Em Composição" com Rosângela Brito e Lu Vila em Mosqueiro, e "Ponto a Ponto" com Armando Queiroz e obras de Tereza Bandeira, entre tantos outros artistas, em Marabá, 10 ao todo, exemplificam o sucesso do projeto em criar pontes entre artistas e comunidades.  Além disso, a exposição "Casa às Escuras" com o artista cego Gilmar Lopes em Vila do Apeú, sob curadoria de Luis Fernando Carvalho, destacou também o compromisso com a acessibilidade e inclusão. 

Cássia Costa, em Quatipuru - trabalho com restos
de madeira trazidas pelo rio
Descobrir artistas talentosos como Cássia Costa em Quatipuru e Belmiro Gama em Salvaterra, além de promover exposições em Icoaraci com Marcone Moreira, valoriza os artistas periféricos e enriquece o projeto. Ao todo foram 24 artistas envolvidos, além de espaços que acabaram sendo mapeados durante a estadia do projeto nas cidades. Foi o caso do Monóluco da Vovó, em Quatipuru, e o Acalanto, em Marabá.

“Foram diversos territórios e estilos envolvidos, assim como o apoio de pessoas fundamentais na produção e comunicação foi crucial para o sucesso do projeto. Esperamos que esta iniciativa fortaleça o Espaço Na Casa do Artista como parte de um circuito independente de artes, promovendo a formação de público, espaços culturais e o comércio de arte. Trocar experiências com outros espaços é vital para fortalecer a produção, promoção e divulgação da arte, especialmente nas periferias, fora dos circuitos tradicionais dos centros urbanos”, conclui Werne.

Uma retrospectiva de percurso 

ACasaÀsEscuras, curadoria colaborativa com Luiz
Fernando Carvalho, na Vila Apeú - Castanhal
Ao todo foram 06 exposições realizadas, com curadoria de Werne Souza, idealizador do Arte de Casa em Casa, uma feita de forma compartilhada com Luiz Fernando Carvalho, em Castanhal, 24 artistas conectados, 90 pessoas envolvidas em rodas de conversa e 50 horas de estrada. O Projeto Arte de Casa em Casa dá início a sua execução em fevereiro deste ano, com a realização de uma oficina virtual de acessibilidade atitudinal que obteve cerca de 30 pessoas inscritas. 

Em março, veio a itinerância, que parte de Icoaraci em direção ao nordeste paraense. Primeiro chegando a Apeú, em Castanhal, e ainda em março, a Quatipuru. Em abril, o projeto chegou a Mosqueiro e Salvaterra e, em maio, a Marabá. Em junho, o ponto de chegada é o ponto de partida e vice versa.

“Além da interação e inclusão, o projeto teve como objetivo fundamental o fortalecimento de espaços culturais que surgiram a partir da iniciativa de artistas e produtores culturais buscando proporcionar o acesso à arte e desenvolvimento da própria produção, seja na perspectiva de venda, seja para expressar sua a arte e formação de público”, diz Auda Piani, coordenadora de produção do projeto, também gestora do espaço Na Casa do Artista.

As exposições realizadas e espaços ocupados

Apeú-Castanhal – Foi a primeira parada do projeto e que acabou se desdobrando em duas exposições intituladas CasaÀsEscuras, uma individual do artista Gilmar Lopes, no Ponto de Cultura e Memória Estação Apehu História, Humor e Arte, e CasasÀsAcesas, coletiva de Werne Souza, Galvanda Galvão e Lúcia Gomes, na Galeria Ery Holanda. A exposição permaneceu aberta para visitação por um período de 15 dias e a temática para roda de conversa e exposição foi Acessibilidade.

Quatipurú – A exposição “Arte e Democracia”, com mesma temática em sua roda de conversa, foi aberta na Galeria Direitos Humanos, casa da artista Lúcia Gomes que expôs, ao lado Simone Machado, Galvanda Galvão e Cássia Costa. A exposição permaneceu por mais de 30 dias no espaço.

Roda de Conversa c/ Rosângela Brito em Mosqueiro
Mosqueiro - Ao visitar o espaço para conhecer antes de incluir no roteiro, o Curador Werne Souza percebeu a rica produção e tradição em pintura da família Vila, o que definiu o tema e a convidada especial, a professora Rosangela Brito, uma referência nessa técnica. Com título "Em Composição", o Curador priorizou obras de pintura, apesar de incluir outras técnicas. A exposição contou com a participação de 08 Artistas.

Salvaterra - Diversidade e Identidade definiram a ação no Marajó, o que se refletiu nas obras apresentadas e no título da exposição: "Este é o meu lugar", com a participação dos artistas locais Ettiene Angelim, Belmiro Gama, Pompeu, e os artistas Galvanda, Lúcia e Werne Souza. A roda de conversa teve a participação de referências como Mestre Damasceno e contou com 25 pessoas em média. A exposição permaneceu por 20 dias no espaço, administrado por Ettiene Angelim.

10 artistas na exposição do Pontal Instituto
Cultural em Marabá
Marabá - Foi um dos locais com maior participação de artistas pelo próprio histórico do espaço, o Pontal Instituto Cultural, e a referência de artistas que despontaram a partir do movimento artístico estabelecido na cidade. Participaram 10 artistas da exposição que trouxe como título “Ponto a Ponto”. A roda de conversa teve a participação de 20 pessoas e o tema escolhido foi um relato sobre o espaço cultural Na Casa do Artista, visto como um espaço que reverberou  sua experiência e fez trocas com espaços congêneres. 

Artistas envolvidos no projeto: Ettiene Angelim, Pompeu, Belmiro Gama, Armando Queiroz, Marcone Moreira, Rosangela Brito, Gilmar Lopes, Lúcia Gomes, Galvanda Galvão, Cássia Costa, Margareth Gondim, Lu Vila, Marcos Vila, Rolando Vila, Vila Filho, Leo Vila, Antônio Botelho, Domingos Nunes, Jonas Barros, Rildo Brasil, Lucas Wilm, Tereza Bandeira, Simone Machado, Werne Souza. 

PROGRAMAÇÃO

18h – Roda de Conversa “Arte e Território” – Auda Piani, Levy Cardoso e Erasmo Borges 

20h - Vernissage da exposição NACASA

20h30 - Apresentação do Cordão de Bicho Oncinha 

Obs: Venda de maniçoba, mingau de milho e caruru para celebrar o Dia de São Pedro

Ficha Técnica

Werne Souza – Idealizador, curador e coordenador

Auda Piani – Coordenação de Produção

Margareth Gondim - Produção e montagem das exportações

Simone Machado - Registros videográficos e fotográficos 

Luciana Medeiros  - Comunicação

Agradecimentos -  Deyse Botelho, Amanda Gondim e Camila Fialho.

Serviço

Arte de Casa em Casa – Projeto selecionado pelo Edital de Artes Visuais da Lei Paulo Gustavo - Secult-Pa - Abertura da exposição “NaCasa”, no Espaço Cultural Na Casa do Artista - Rua Padre Júlio Maria,163 – Cruzeiro Distrito de Icoaraci.

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