17.6.24

Circulando Cinema abre sessão com público warao

Fotos: Cláudio Ferreira
A Associação Circular deu início ao Circulando Cinema, projeto selecionado no Edital de Cinema de Rua da Lei Paulo Gustavo/Secult-Pa, com o objetivo de levar exibição de filmes ao ar livre à população.

No último sábado (15), o projeto realizou sua intervenção na Praça da Bandeira, no bairro da Campina, com cerca de 180 pessoas participando da ação, sendo 40% delas idosos, jovens e crianças venezuelanas indígenas da etnia Warao, que habitam o centro histórico de Belém.

Antes da exibição dos cinco curtas programados, houve tempo para interagir, encontrar amigos e degustar aquela pipoca distribuída gratuitamente, assim como a comidinha do chef Rubão, um arroz com galinha dos deuses e das deusas. Um dos chefs de cozinha mais requisitados de Belém, ele fez questão de preparar, em seu restaurante, no bairro da Cidade Velha, e depois ir servir na praça. Teve Mingau da Dona Ray também, afinal, enquanto iguaria da época, também não poderia faltar.

A sessão abriu com “Contos Mirabolantes”, animação com direção de Petrônio Medeiros e Andrei Miralha. Andrei esteve presente e falou um pouco do filme aos presentes. Em apenas oito minutos, o filme consegue prender completamente a atenção das crianças e pessoas de todas as idades, trabalhando a técnica da contação de história, mas pelo olhar de uma criança.

Também foram exibidos Os Muitos Mundos de Piero Maria (Brasil-SP, 17 min), Escasso (Brasil-RJ, 16 min), Ciranda Feiticeira (PE, 8 min),  e Mutirão: O Filme (Brasil-SP, 10 min). A curadoria dos filmes é da jornalista e crítica de cinema Lorenna Montenegro.

Público prestigiando

Entre os representantes dos moradores do bairro da Campina, estava a ativista Joana Lima, presente com o MPE – Movimento Por Elas, iniciativa que estará presente em todas as sessões do projeto, recebendo doações de produtos de higiene pessoal e roupas, com a finalidade de gerar kits para mulheres em situação de rua em Belém, uma situação que tem se multiplicado nos últimos anos. Antiga moradora do bairro da Cremação, ela vive há 25 anos no bairro da Campina, onde é uma das pioneiras no incentivo e apoio aos Warao, desde que os primeiros chegaram ao centro histórico.

Também estiveram presentes artistas, produtores e empreendedores criativos como as atrizes Ester Sá e Anne Dias, os artistas visuais Camila Fialho, Miguel Chikaoka e Alexandre Sequeira, a empreendedora de moda sustentável Tainah Fagundes, da Da Tribu; além da artista visual Roberta Carvalho, da cantora Aíla e de Matheus Vieira, que produzem o Olympia Na Rua e foram lá prestigiar. Outra presença importante na praça foi a da galerista e produtora cultural Makiko Akao, uma das idealizadoras do projeto Circular Campina Cidade Velha, que inspira e se desdobra no Circulando Cinema, entre tantas outras.

Próximas sessões terão bate-papo

O Circulando Cinema segue sua jornada com mais duas sessões ao ar livre nos próximos sábados, tendo, antes de cada sessão, um super bate-papo sobre cinema, audiovisual e Amazônia. A programação inicia sempre às 18h, com tradução em LIBRAS.

Dia 22, às vésperas do Dia de São João, no Boulevard da Gastronomia, o bate-papo será sobre “Produção Audiovisual na Amazônia”, com o cineasta paraense premiado, Fernando Segtowick. Diretor do documentário “O Reflexo do Lago”, que estreou na Mostra Panorama do Festival de Berlim 2020, Fernando tem dirigido, desde 2000, curtas e séries de TV focados na Amazônia, incluindo “Matinta” (2010) e “Sabores da Floresta” (2020). Atualmente, ele coordena o MARAHU LAB e é mestrando em Artes pela Universidade Federal do Pará.

Já em 29 de junho, Dia de São Pedro, na Praça do Carmo, antes dos filmes, vamos bater um papo com a pesquisadora e professora-adjunta do curso de Bacharelado em Cinema e Audiovisual e do Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Pará (PPGArtes/UFPA), Cláudia Melo, sobre a importância do audiovisual para o patrimônio e na formação das memórias e identidades humanas.

Cláudia é Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Mestra em Ciências da Comunicação e especialista em Cinema pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos/RS). Atua nas áreas de Arte, Comunicação e Patrimônio, com ênfase em teoria e estética do Cinema e do Audiovisual, Culturas e Memórias, Gênero e Sexualidade.

Os curtas em cartaz no dia 22

Local: Boulevard da Gastronomia: 18h

Meu Nome é Maalum (Brasil – RJ, 7min39seg) – 2021 De Luísa Copetti – Animação – Classificação livre

Sinopse: Maalum é uma menina negra brasileira que nasce e cresce em um lar rodeado de amor e de referências afrocentradas.

Ciranda Feiticeira (PE, 8 min) – 2023 – De Tiago Delácio e Lula Gonzaga – Animação – Classificação livre

Sinopse: Janaína compartilha com a mãe o ritual da pesca na Ilha de Itamaracá. Enfrentam a dor e a beleza dos ciclos da vida com sonhos, poesia e música.

Benzedeira (Brasil-PA, 15 min) – 2021 – De Sann Marcelo e Pedro Olaia – Live Action – Classificação livre

Sinopse: Benzedeira Maria do Bairro escolheu o silêncio para dividir a sabedoria que lhe foi confiada. Esta ciência da natureza se esconde ao longe em uma ilha na comunidade do Tamatateua, interior do município de Bragança. Manoel Amorim, conhecido como Maria do Bairro, a bicha preta conhecedora de ervas e benzedor, se dedica à cura do corpo e da alma de quem a procura.

Garotos Ingleses (Brasil-BA, 15 min) – 2022 – De Marcus Curvelo – Documentário – Classificação livre

Sinopse: O Cemitério dos Ingleses, na Bahia, é reservado aos cidadãos de origem inglesa e seus descendentes. Dois baianos fazem exames de DNA em busca de uma possível ancestralidade que os qualifique ao espaço.

SolMataLua (Brasil-SC, 15 min) – 2022 – De Rodrigo Ribeiro-Andrade – Documentário – Classificação livre.

Sinopse: Em uma odisseia afro-diaspórica, divindades, paisagens, becos e vielas encontram-se nas encruzilhadas do tempo. Com uma constelação de vozes e presenças negras, SolMataLua percorre um vertiginoso itinerário entre territórios ancestrais e contemporâneos. Nessa jornada mística, devires sonoros e imagéticos celebram as poesias pretas que ancoram memórias e descobrem futuros.

“Cabana” (Brasil-PA, 14 min) – 2023 – De Adriana de Faria – Live Action – Classificação livre

Sinopse – Em meio à Floresta Amazônica, uma mulher recebe a visita indesejada de um guerrilheiro da Revolução Cabana.

Ficha Técnica – Circulando Cinema

Equipe

Adelaide Oliveira – Coordenação e Produção Executiva

Luci Azevedo – Coordenação de Produção

Luciana Medeiros – Coordenação de Comunicação

Nielson Bargas e Andrea Rezende – Produção

Juan Cabral e Vivian Araújo – Assistente de Produção

Márcio Alvarenga – Designer

Cláudio Ferreira – Fotógrafo e Coordenador Financeiro

Curadoria

Lorenna Montenegro 

Convidados

Felipe Cortez (Oficina Documentário e Memória)

Cláudia Melo (Bate Papo)

Fernando Segtowick (Bate Papo)

Projeção e Som

MM Produções

Serviço

Circulando Cinema. Realização da Associação Circular e Projeto Circular Campina Cidade Velha, com apoio do Edital de Cinema de Rua da Lei Paulo Gustavo/Secult-Pa. Início em  15 de junho, na Praça da Bandeira. Próximas sessões:  22 de junho, no Boulevard da Gastronomia, e no dia 29 de junho, na Praça do Carmo, sempre a partir das 18h. Entrada gratuita.

(Texto escrito e publicado originalmente no site projetocircular.org / do projeto Circular Campina Cidade Velha)

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