28.6.24

Circulando Cinema se despede na Praça do Carmo

Sessão realizada no Boulevard da Gastronomia
Fotos: Cláudio Ferreira
Neste sábado, dia 29 de junho, o Circulando Cinema, da Associação Circular,  encerra ao ar livre na Praça do Carmo, a partir das 18h, com bate papo, exibição de cinco curtas-metragens inéditos e duas reexibições de curtas paraenses, além de pipoca, mingau e outras surpresas.

Esta última sessão cumpre as metas estabelecidas no projeto selecionado pelo edital de Cinema de Rua da Lei Paulo Gustavo, Secult-PA, e marca um momento de celebração do acesso ampliado ao cinema, proporcionado por políticas públicas. As sessões anteriores, realizadas nos dias 15 e 22 de junho, na Praça da Bandeira e no Boulevard da Gastronomia, respectivamente, atraíram em média 100 pessoas, número mínimo aguardado para o dia 29. 

"O Circulando foi um formato novo, com receptividade ótima. Abraçar obras audiovisuais que também tratam da relação com a cidade, a memória e patrimônio material e imaterial foi muito interessante. Finalizar na praça do Carmo, espaço que a Associação Circular conhece tão bem, é celebrar com a comunidade da Cidade Velha, que sempre esteve pertinho e segue sonhando junto.", diz Adelaide Oliveira, Presidente da Associação Circular e coordenadora do projeto.

Entre os desafios da produção na rua, o calor e o sol quente, além do tempo instável, com ameaça de chuvas, foram alguns dos maiores fatores. Foi necessário muito planejamento e ajustes no decorrer da produção. Outra questão foi a relação com a população que já ocupam estes espaços, do jeito deles. 

MPE recebe produtos de higiene pessoal - Kits
para mulheres em situação de rua.
"Houve estranheza por parte das pessoas que já ocupam a rua. Quando chegamos para montar as estruturas de telão, tendas projetor, fomos pegos de surpresa porque a praça estava completamente ocupada por carros. E aí tivemos que acionar a Semob para fazer a retirada dos carros. É claro que os flanelinhas não gostaram. É necessário que se conquiste a confiança de quem já está há mais tempo no território", diz Luci Azevedo, coordenadora do produção do projeto.

As sessões incluem distribuição gratuita de pipoca e mingau, além da venda de comidas típicas paraenses preparadas pelo chef Rubão, da Cidade Velha. O trabalho desenvolvido pelo Movimento Mulheres Por Elas também é destacado, com voluntárias recebendo materiais de higiene pessoal para serem distribuídos a mulheres em situação de rua em Belém.

Bate papo - Os eventos, ao ar livre incluem debates com os realizadores e o que encerra a temporada neste sábado, 29, traz Cláudia Melo, que irá conversar com o público sobre "A importância do audiovisual para o patrimônio e na formação das memórias e identidades humanas". Pesquisadora e professora-adjunta do curso de Bacharelado em Cinema e Audiovisual e do Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Pará (PPGArtes/UFPA), Cláudia atua nas áreas da Arte, Comunicação e Patrimônio, com ênfase em teoria e estética do Cinema e do Audiovisual, Culturas e Memórias, Gênero e Sexualidade. 

7 curtas que prometem emocionar na noite de despedida

Cada narrativa, única em seu contexto e abordagem, convida o espectador a mergulhar em um mosaico de emoções e a refletir sobre as relações humanas. 15 curtas dentre os quais o cinema paraense se destacou nas linguagens da animação e documentário, refletindo a riqueza cultural local. Nesta sessão de despedida, além dos curtas inéditos também serão reexibidos os documentários "Cabana", de Adriana de Farias, e "Benzedeira", de San Marcelo, ambos realizados no Pará. 

A sessão abre com uma animação cativante,  "Aurora - A Rua Que Queria Ser Rio" (SP, 10 min, 2021), dirigida por Radhi Meron. Em um dia de chuva, Aurora reflete sobre sua existência e se questiona sobre seu futuro, em
um filme que mescla lirismo e uma crítica sutil às transformações urbanas.

Já O Barco e o Rio  (Brasil-AM, 17 min, 2020), de Bernardo Ale Abinader, uma live action, conhecemos a vida de Vera, uma mulher religiosa que cuida de uma embarcação no porto de Manaus. A narrativa explora com sensibilidade as divergências familiares e a luta pela manutenção das tradições em um cenário de mudança constante.

Em Big Bang (Brasil-MG/França, 14 min, 2022), de Carlos Segundo, também live action, traz a história de Chico, um homem com nanismo que enfrenta a exclusão social e o abandono familiar. O filme é uma poderosa metáfora sobre resistência e vingança, revelando como a força interior pode superar as adversidades mais severas.

Hospital de Brinquedos (CE, 13 min, 2022), dirigido por Georgina de Castro, é um documentário tocante sobre  Bia, que, após a avó Dona Maria sofrer um AVC, precisa lidar com a ausência da figura materna. Em meio às bonecas que compartilham sua solidão, Bia descobre uma nova forma de viver, em um relato íntimo e comovente.

Fechando os curtas inéditos desta edição, será exibido Bença (PR, 15 min, 2023), de Mano Cappu, drama ficção que captura a tensão emocional de Antônio, que, durante uma visita à prisão, vê seu mundo desabar ao encontrar seu filho Rodrigo saindo de uma cela. O filme aborda de maneira profunda e empática os laços familiares e a redenção, destacando a sacralidade das visitas na prisão.

Encerrando a noite, serão exibidos mais dois curtas paraenses que estiveram na sessão anterior. "Benzedeira" (PA, 15min, 2021), de Sann Marcelo e Pedro Olaia, nos apresenta a fascinante figura de Maria do Bairro, uma benzedeira e conhecedora de ervas que escolheu o silêncio como forma de dividir sua sabedoria. E por fim, "Cabana" PA, 14min, (2023), de Adriana de Faria, que nos leva ao coração da Floresta Amazônica. Live action, o filme apresenta a história tensa e intrigante de uma mulher que recebe a visita inesperada de um guerrilheiro da Revolução Cabana.

Serviço

Circulando Cinema na Praça do Carmo - R. Siqueira Mendes s/n. Neste sábado, 29 de junho, Dia de São Pedro, a partir das 18h. Gratuito. Projeto selecionado pelo edital de Cinema de rua da Lei Paulo Gustavo.

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