Lançada em parceria com o Instituto de Artes do Pará, na semana passada, a coleção Iconoclássicos, do Itaú Cultural, exibe nesta quinta-feira, 21, “Evoé! Retrato de um Antropófago”, de Tadeu Jungle e Elaine Cesar. No Dia Universal do Teatro, a escolha é uma celebração. O longa metragem homenageia o diretor e criador José Celso Martinez. A exibição acontece simultâneamente em Belém, Castanhal, Marabá, Santarém, Óbidos, Ponta de Pedras, a partir das 19h. Entrada franca.
Os depoimentos são recentes, mas as imagens, históricas. Revelam ao público momentos marcantes da
carreira do diretor, ator e dramaturgo Zé Celso, do Teatro Oficina, tendo, como base, quatro viagens chaves de sua trajetória: pelo Sertão da
Bahia, Praia de Cururipe, em Alagoas (onde o Bispo Sardinha foi
devorado), Epidaurus e Atenas, na Grécia, e o apartamento de São Paulo.
O documentário, como ele é singular, polêmico e excêntric. Não poderia didático. Procura acompanhar sua
fala intensa sobre os mitos que norteiam sua vida: o deus Dionísio, o
filósofo alemão F. Nietzsche e o dramaturgo paulista Oswald de Andrade.
No próximo dia 30 de março, Zé Celso completará 76 anos. Ao longo da trajetória, encenou espetáculos
considerados antológicos, como O Rei da Vela, de Oswald de Andrade −
montagem que se tornou um emblema do tropicalismo, em 1967. Tornou-se conhecido pelo posicionamento fundamentalmente crítico, polêmico e inovador que imprimiu em seus espetáculos.
Diretor, autor e ator. Inquieto e irreverente, José Celso Martinez Corrêa − ou simplesmente Zé Celso − é líder do Teatro Oficina, uma das companhias mais conectadas com o seu tempo.
Nos anos 1970, vivenciou todas as experiências da contracultura, transformando-se em líder de uma comunidade teatral e das montagens de suas criações coletivas. Ressurgiu nos anos 1990, numa nova organização da companhia, propondo uma interação constante entre vida e teatro.
Algumas das mais importantes encenações desse período − Hamlet, de Shakespeare (1993), As Bacantes, de Eurípedes (1996), e Cacilda! (autoria do diretor, 1998) −, propõem a desestruturação e reescritura dos textos originais, em prol da incorporação de material autobiográfico dos integrantes ou do próprio Oficina, num movimento autofágico de ir e voltar às próprias origens.
Em 2002, Zé deu início à realização de sonho antigo: a montagem na íntegra da obra Os Sertões, de Euclides da Cunha, pelo Teatro Oficina.
Evoé! Mostra exatamente essa trajetória de Zé Celso e suas incursões pela vida dentro e através do teatro. O documentário, lançado em 2011, tem um olhar particular e multifacetado de uma das maiores personalidades das artes do Brasil de todos os tempos.
Belém: na oficina de ator, antes das estreias Dionisíacas |
Não está no documentário, mas tem muito registro. Em 2010, ele rodou o país com suas montagens Dionisíacas e também chegou em Belém,
no mês de agosto, deixando marcas profundas, provavelmente irreversívei, na formação de vários estudantes da Escola de
Teatro e Dança da UFPA. Elaine Cesar, uma das diretoras deste doc, também esteve por aqui e tivemos o prazer de conhecê-la.
Era dela a direção-geral do vídeo da turnê Dionisíacas e das oficinas para as transmissões que eram feitas durante as apresentações. Dentro do Teatro Oficina, Elaine também dirigiu projetos de captação das peças para DVD, além de assinar o projeto videográfico da peça Os Bandidos Em publicidade, esteve na direção de mais de 200 filmes contratada por produtoras como Academia de Filmes, 5.6 e Conspiração Filmes.
Além disso, foi curadora e responsável pelo projeto da exposição sobre o diretor José Celso Martinez Corrêa dentro do espaço Ocupação do Itaú Cultural. Assina a direção de vários documentários independentes como o que está produzindo atualmente sobre alienação parental.
Já, Tadeu Jungle, é um artista multimeios. Transita
entre a videoarte, a poesia visual, a fotografia, a TV e o cinema.
Apresentou e dirigiu programas de TV, entre eles o emblemático Fábrica
do Som.
É sócio da produtora de cinema paulista Academia de Filmes e da
Margarida Filmes, em que dirige filmes, programas de TV, documentários e
publicidade. Em 2001, dirigiu quatro DVDs de peças do Teatro Oficina e
lançou seu primeiro longa-metragem de ficção, Amanhã Nunca Mais.
O longa “Evoé! Retrato de um Antropófago” tem 104 minutos de duração e em cada local de exibição pelo estado, será sucedido por um bate papo com o público presente. Por conter cenas de nudez, o filme é impróprio para menos de 16 anos. Ainda existe isso...
Serviço
Saiba onde ver. Belém: Teatrinho do IAP – Praça Justo Chermont, ao lado da Basílica Santuário de Nazaré. Castanhal: Funcast – Fundação Cultural de Castanhal – Rua Senador Antônio Lemos, 749.
Marabá – Cineteatro Marrocos – Travessa Lauro Sodré, 228, Núcleo de Marabá Pioneira.
Óbidos – Rua Idelfonso Guimarães – Secretaria Municipal de Turismo.
Santarém – Mascote, Avenida Tapajós, Orla de Santarém
Ponta de Pedras – Centro Cultura Bertino Bulhosa, Rua 15 de novembro. Nesta quinta, 21, às 19h. Entrada franca.
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