15.3.13

Nando Lima mosta + uma performance no Reator

Depois de apresentar “O Coração na curva de um rio”, performance que emocionou o público no último final de semana, Nando Lima abre novamente as portas do Estúdio Reator, nesta sexta, 15, e no sábado, 16, sempreàs 21h, para mostrar Incidental. Além desses dois trabalhos, o artista, que conversou com o Holofote Virtual, ainda pretende mostrar, este mês, um outro espetáculo.O ingresso custa R$ 10,00.

"Morgue Insano and Coll", "Incidental", "O Coração na Curva de um Rio".  O artista está mergulhado em trabalhos que se transformam em cada apresentação e, compondo um livro de imagens que em breve estará disponibilizado na internet, ele nos oferece em seu Estudio Reator, espaço de experiemntação, a oportunidade de também experimentar e viver momentos de fruição. 

Inpirado, nas três obras, Nando sai da superfície do teatro tradicional em busca de uma interação cada vez maior entre público. Não à toa, “Incidental” propõe ideias de encontros, ainda somados às novas tecnologias.

“A imagem, a criação de ambientes sinestésicos sempre esteve no que eu faço, e isso remonta aos anos 1980\90, quando fiz uma exposição individual chamada Tonalidade em que havia já essa tentativa. No REATOR isso tem sido possível e estou explorando várias questões que envolvem a mistura de sons, imagens, cheiros... o próximo trabalho já está em fase de estudo e mistura isso tudo ainda mais”, diz Nando.

Experimentando a performance como pesquisa, reflexão, espaço e tempo de expressão artística, Incidental estreou exatamente há um ano.

O espetáculo conta com a colaboração de Danilo Bracchi (coreógrafo e bailarino); Jeferson Cecim, bonequeiro e ator; Leo Bitar, sonoplasta e ator, que vem pesquisando e fazendo a trilha de vários trabalhos neste coletivo de artistas; e do fotógrafo e pesquisador Alexandre Sequeira.

Nando diz que “Incidental" é exatamente o que o nome diz. "Fragmentos que passam ‘quase’ despercebidos, uma dramaturgia da margem, sem conflitos, sem verdades, banalidades, como um reflexo da pessoa que passa por um espelho sem perceber que ele existia, uma imagem vista por outra pessoa que também não a guardará na memória, evanescente, assintomático, INCIDENTAL”, diz o artista. 

Embalado por uma trilha sonora que vai de Amy Winehouse a Gal Costa, passando por Fabio Cavalcante e Lou Reed, a performance traz no desenho sonoro, ruídos e até um poema (incidental) de Max Martins, “A Cabana”. Tudo isso aliado a vídeos, quase todos feitos com câmeras de celular.

Em entrevista ao Holofote Virtual, nando nos conta mais sobre esta trilogia, suas diferneças e convergências.

Holofote Virtual: Há muito tempo que você vem traçando este caminho. O Reator tem sido um espaço de experimentações. Você está fazendo um tipo de mostra reunindo teus trabalhos?

Nando Lima: Mais que fazer uma mostra somente, eu revitalizo os trabalhos todas as vezes que faço apresentações, pois todos são trabalhos em progresso, eles evoluem, minha atuação, se transforma, amadurece, e a atenção a novos detalhes, por serem trabalhos abertos eu descubro sempre alguma faceta ainda não explorada.

Holofote Virtual: O Coração... é resultado de uma bolsa de pesquisa. Estás satisfeito com o resultado, ainda tens muito material a ser inserido? 

Nando Lima: Eu ainda tenho muito material a ser processado, material teórico, contribuição de outros artistas como o Alexandre, o Marcelo, a Val, e também muitas imagens filmadas de arquivos, jornais, material captado por mim e pelo Leo Bitar. Na verdade, esse trabalho ainda renderá outros frutos, pretendo passar mais tempo debruçado sobre essas memórias dando a elas vários tratamentos. Estou fazendo, por exemplo, um livro de imagens que vou publicar no issuu no meu site http://issuu.com/mangifera 

Holofote Virtual: Incidental inspirou O Coração..? 

Nando Lima: Minhas performances são encadeadas, várias veias ligam um trabalho ao outro, seja objetos, os mesmos ou parecidos, sejam temas que uso e reuso, a recriação de imagens simbólicas e de significados. 

Estou sempre tentando uma abordagem espiralar, dar uma continuidade ao sentido, raspando, passando por perto. 

Não tenho preocupação alguma com o novo pelo novo, eu reutilizo as ideias, minhas e de outros, como um jogo de montar algumas peças padronizadas que já temos, porém criamos formas inéditas e por vezes surpreendentes.

Holofote Virtual: Por fim temos Morgue Insano.. que já tem alguns anos aí. Nesta performance você também lança mão da memória... E a cada apresentação, há um novo viés que vem à tona. O que teremos desta vez?

Nando Lima: O MORGUE INSANO and COOL trabalha em um acesso diferente, no "O coração na curva de um rio" fui a um poço de outros, tentei captar e observar a memória e os efeitos práticos, se é que se pode falar assim, que me causaram os fatos, ponto de partida da performance; a saber: a passagem de Mario de Andrade em 1927, e a de Clarice Lispector em 1944 em Belém, e o naufrágio do navio Presidente Vargas em 1972, construí um panorama com o efeito que esse material me causou, uma leitura imagética. 

Voltando ao MORGUE, essa performance é um passeio por imagens e situações recentes vividas por mim, recriadas, com uns toques de humor nonsense, e o uso de tecnologias atuais, MSN, Second Life, câmera em tempo real, e há durante a apresentação o improviso causado pelo contato com outro performer pela webcam. Em comum a técnica o uso de vídeos, imagens editadas e construídas por mim.

Serviço
Incidental. Performance de Nando Lima. Dias 15 e 16 de março, às 21h, no Estúdio Reator – Trav. 14 de Abril, 1053, entre Av. Magalhães Barata e Gov. José Malcher. Ingresso R$ 10,00. Informações: 8112-8497.

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