O solo da coreógrafa grega que está em Belém, abre oficialmente a temporada de apresentações da segunda etapa do
projeto Conexão Dança Curimbó, da Cia de Investigação Cênica. Nesta sexta-feira,
24 de janeiro, às 20h, no Teatro Cláudio Barradas. Em seguida, o público também
já vai conhecer “Chromata tou Kosmou”, que continuará em cartaz até domingo,
26.
Nina Dipla chegou por aqui logo após as festas de final de
ano. Ministrou um workshop para intérpretes selecionados por meio de edital e
montou com o elenco da Cia de Investigação Cênica, a segunda coreografia do
projeto, que ganhou um nome grego: “Chromata Tou Kosmou”.
Uma vez aqui, o convite para que Nina apresentasse seu solo
foi inevitável. É a primeira vez dela no Brasil, aliás, ela esteve em apenas
três países da América Latina – Peru, Chile e Argentina – antes de chegar a
Belém. Vivendo em Paris, ela possui um currículo que inclui uma assistência de
direção de Pina Bausch, a bailarina e coreógrafa alemã, falecida em 2009, pouco
antes de Win Wenderes terminar as filmagens do documentário que estreou em 2011
no Brasil, imortalizando-a.
A troca de experiência entre interpretes e novos
aprendizados em técnicas e métodos para a dança na contemporaneidade é o
objetivo maior do projeto. Por isso ver
Nina de corpo e alma em cena é uma oportunidade única para quem for assisti-la.
O solo “Rosa”, que será apresentado de forma inédita e
única, em Belém, trabalha com a imagem para mascarar as aparências. O
espetáculo tem textos xamânicos que valorizam natureza e os processos de
transformação essenciais das profundezas da alma.
“A criação de Rosa 'nasceu do desejo de trabalhar em tudo o
"que não é" meu verdadeiro eu, e também sobre o que as regras que a
sociedade nos empurra para deixar-nos cada vez mais imersos nessas máscaras e
aparências, que por vezes, fugimos”, conta Nina.
Nina Dipla nasceu em Thessalonique, Grécia. Estudou na
Folkwang Hochschule in Essen, onde se formou em 1993. Tornou integrante da
Folkwang Tanz Studio (FTS) onde dançou, entre outros, A Sagração da Primavera,
de Pina Bausch. Desde 1999, a bailarina tem colaborado como intérprete para
diversos coreógrafos, compositores e cenógrafos. Foi também assistente do Tanz
Wuppertaler Theater (Pina Bausch) para a reprise de Tannhäuser.
Vivendo em Paris, ela se dedica ao ensino de dança
contemporânea, além de se apresentar com seu trabalho solo na França e no
exterior em países como Alemanha, Grécia, Eslovênia, Argentina, Itália, Chile,
Perú, Japão, Sérvia, Inglaterra, Chipre e Suíça.
Linguagem - O método de Nina Dipla é inspirado nos
ensinamentos do "Folkwang Hochschule, Pina Bausch", centra-se em
peso, a energia, a respiração e a qualidade do movimento. A dançarina
precisa projetar seu / sua "verdade" gasta, hic et nunc, para ouvir a
sua / seu corpo, para que ele / ela pode evitar imitando.
Em seus workshops ela enfoca a importância dos
detalhes, mas também na simplicidade da ação. Os alunos são convidados a
experimentar o seu espaço interno e externo através de sugestões que
incentivá-los a aprofundar a sua / seu vocabulário coreográfico.
Inicialmente, o corpo, totalmente relaxado, acorda. Em
seguida, o aluno passa pela mudança de espaço, de forma gradual, os níveis,
usando e estar ciente de suas / seus turnos de peso. Aos poucos, os
exercícios foram se transformam em dança.
“O que está sendo muito interessante neste projeto é que
tanto a Maya quanto a Nina perceberam muito rapidamente os corpos dos nossos
interpretes. Outra coisa é que neste workshop tivemos pessoas de Manaus e de
municípios, como Castanhal, Bragança e Paragominas”, diz Danilo Bracchi.
Em continuidade - “Curimbó” é o terceiro momento de um
projeto maior, o Conexão Dança, que iniciou em 2010 com a residência artística
do bailarino Jhullyam Breno. O jovem, vindo do município de Itaituba para
Belém, após um processo de seleção e audição, morou na capital paraense, onde
durante dez meses, passou por um processo de formação artística.
Jhullyam não só fez aulas de dança, mas também de teatro e
circo; participou dos processos de criação da Companhia de Investigação Cênica,
atuando em seus espetáculos e acompanhando a rotina de trabalho de uma Cia. de
dança profissional.
Na segunda etapa, em 2011, o Conexão Dança foi aprovado pelo
Edital de Residência em Artes Cênicas da Funarte, o que proporcionou a Danilo
Bracchi e Ícaro Gaya, da Cia de Investigação Cênica, viagens à Alemanha e
França, onde participaram de workshops de dança e foram feitos os contatos
iniciais com as coreógrafas Maya Carroll, israelense, e a grega Nina Dipla,
ambas radicadas em Paris, assim como Minako Seki, coreógrafa japonesa
radicada em Berlim.
“Fader”, de Maya Carroll, foi apresentada em novembro de
2013, no Teatro Waldemar Henrique. Foram duas noites em que o público lotou a
casa e admirou o trabalho. Em cena, performance, teatro, dança confundiam sons
de tambor com os produzidos pelos corpos dos artistas. Ao fragmentar o
movimento da dança do carimbo, Maya obteve formas e imagens que apresentou ao
público olhares amazônicos e estrangeiros.
Esta etapa do projeto foi contemplada com o Prêmio Funarte
Petrobrás de Dança Klauss Vianna 2012. Este ano, além de Nina Dipla, o
Conexão Dança Curimbó, terá ainda o olhar de Minako Seki, completando, assim,
uma trilogia.
Durante o período em que as coreógrafas estão em Belém, elas
passam por imersões no universo cultural da região, sendo levadas pela equipe
do projeto a conhecer a região do salgado e as origens do curimbó. O Conexão
Dança, porém, é um processo interminável, que projeta na troca de experiência,
a capacidade de criação e de aprimoramento artístico. “A terceira etapa está aguardando resultados de editais nos
quais a inscrevemos, e também estamos em busca de outros caminhos, por meio das
leis Rouanet e Semear”, finaliza Danilo Bracchi.
Patrocínio: Prêmio Funarte Petrobrás de Dança Klauss Vianna
2012. Apoio: ETDUFPA – Escola de Teatro e Dança da UFPA, Clínica Diogo
Bonifácio, Mapinguari Designer, ICA – Instituto da Ciência da Arte e Teatro
Universitário Cláudio Barradas – UFPA, MM Produções. Realização: Trama. Produção: Trama e Três – Cultura Produção
Comunicação. Mais informações: 8134.7719.
FICHA TÉCNICA
CRHOMATA TOU KOSMOU (Cores do Universo)
Coreografia: Nina Diplal
Tempo: 35min
- Elenco: Danilo Bracchi / Milton Aires / Icaro Gaya / Marluce Oliveira / Michele Campos / Andrea Torres / Patrick Mendes / Marina Trindade
- Direção Musical e Trilha original: Armando de Mendonça e Edson Santana
- Direção de Cena e Luz: Nando Lima
- Operação de Luz: Thiago Ferradaes
- Direção Figurino: Maurício Franco
- Direção Projeto: Danilo Bracchi
- Direção de Produção: Tainah Fagundes
- Vídeo e Fotos: Ana Lobato/ André Mardock / Marcelo Rodrigues
- Ensaísta Convidado: Jaqueline Vasconcelos
- Olhares: Alexandre Sequeira / Miguel Chikaoka / Edson Santana
- Assessoria de Imprensa: Luciana Medeiros
- Produção: A Trama e Três Cultura Produção Comunicação
ROSA
- Solo: Nina Dipla
- Coreografia / Interpetation: Nina Dipla
- Música: Roberto Alagna, David Darling
- Efeitos sonoros, sons da natureza: Carlos do Carmo
- Duração: 40 min
- Apoio: The Glass Menagerie, CND Lyon, Micadanses
- Residência de criação: Centro choregraphique Orleans Josef Nadj
- Foto: Aldo Begni
Serviço
Conexão Dança Curimbó. De 24 a 26 de janeiro, às 20h, no
Teatro Cláudio Barradas – Rua Jerônimo Pimentel, com Dom Romualdo de Seixas. No
dia 24, Nina Dipla abre a programação com a apresentação de seu solo “Rosa”. O
ingresso custa: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia). Nos dias 25 e 26 de
janeiro, o valor é de R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia).
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