Fotos de Jonatha Cruz |
A Cia. Sansacroma sai do Capão
Redondo e vai a cinco regiões de São Paulo, com 16 apresentações em bairros paulistanos: Lapa, Cidade Tiradentes, Grajaú,
Perus, Heliópolis e na região central da cidade, no Edifício Copan. Dias 28, 29 e 30 de janeiro, às 20h, são no Tendal da
Lapa (Rua Constança, 72 – Lapa). Entrada franca.
Em um primeiro momento, o olhar
sobre o apartheid “gentil” existente no Brasil, quando negros operários são
tratados com sub-cidadãos e os espaços físicos geram separações. No segundo, a
dança e o texto mostram quando a consciência desta separação torna-se
indignação e é transformada em materialidade poética, explorando questões como
herança cultural e identidade do brasileiro.
Com direção artística de Gal Martins (Prêmio Denilto Gomes 2013 na categoria
Difusão da Dança, concedido pela Cooperativa Paulista de Dança), direção
coreográfica de Yaskara Manzini, e trilha sonora composta pelo multi instrumentista
Cláudio Miranda, da banda Poesia Samba Soul e os músicos Zinho Trindade e MC
Gaspar, “Outras portas, outras pontes” abarca dois momentos: uma caminhada
cênica no entorno do Tendal da Lapa com termino nas dependências do Tendal.
“A ideia é que seja uma singela
homenagem crítica do Capão Redondo ao bairro da Lapa, onde essas realidades se
cruzam em suas especificidades, como suas ancestralidades se completam e se
contemplam”, explica Gal Martins .
“A Lapa para nós é uma cidade a
parte da cidade de São Paulo, assim como o edifício Copan que também foi
escolhido para essa circulação, a Lapa tem uma característica provinciana, que
muito nos chama a atenção.
A escolha se deu por esse principio tradicionalismo,
identidade e diversidade cultural marcante. Acreditamos que o diálogo entre as
características da ancestralidade apresentada no espetáculo proporcionará um
diálogo e uma mistura interessante que nos leva para um lugar especial, poético
eu diria”, complementa a diretora.
Itinerância e trajetória dramatúrgica
- O espetáculo, antes estava concentrado nas
ruas do Capão Redondo, extremo sul da cidade.
Tornou-se itinerante pela própria
essência da peça, onde seu processo criativo abrange desde o resgate da
ancestralidade africano-nordestina até o olhar sensível sobre as questões
político-estéticas que permeiam a cultura periférica, dialogando diretamente
com a pesquisa estética atual que a Cia vem desenvolvendo a cerca de dois anos
que Gal Martins nomeia de: “Dança da
Indignação”.
Nesse processo, as indignações
identificadas partiram principalmente dos espaços urbanos e comuns aos próprios
bailarinos, moradores de regiões periféricas da cidade, lugares onde emergem
causas e bandeiras sociais, políticas e poéticas. Segundo Martins, é na rua que
essas indignações brotam, e onde as pessoas têm a possibilidade de gritar e expurgá-las.
A itinerância do espetáculo surge
da necessidade de traçar uma trajetória dramaturgia da história do bairro do
Capão Redondo, mas principalmente como essa história dissipa e dialoga com a
questão do apartheid social, fazendo assim uma relação com o apartheid da
Africa do Sul, local e situação de onde surge a lenda do pássaro que dá nome a
Cia – Sansakroma - , uma espécie de gavião que protegia as crianças sul
africanas nos massacres provocados pelo Apartheid.
Parkour - Os bailarinos da Cia. Sansacroma participam
de uma preparação corporal com técnicas de Parkour, uma atividade cujo
princípio é mover-se de um ponto a outro o mais rápido e eficientemente
possível, usando principalmente as habilidades do corpo humano.
Criado para ajudar a superar
obstáculos de qualquer natureza no ambiente circundante — desde galhos e pedras
até grades e paredes de concreto. O objetivo é explorar a arquitetura dos
lugares com mais possibilidades cênicas e coreográficas onde o espetáculo estiver,
já que na primeira parte do espetáculo o elenco realiza uma caminhada cênica
nas ruas, sempre acompanhada pelo público.
Ficha Técnica
Direção Artística e Concepção: Gal Martins Direção Coreográfica: Yáskara Manzini Interpretes
Criadores: Rafael Edgar, Tamires Ballarini, Thaís Antunes, Renato Alves,
Bárbara Santos, Alex Guimarães e Thiago Silva Participação Especial: Luamim
Martins Preparação Corporal: Bruno Peixoto, Edson Fernandes, Robson Lourenço,
Valéria Mattos e Yáskara Manzini Ensaiador: Thiago Silva Trilha Sonora: Cláudio
Miranda, Zinho Trindade e Mc Gaspar Projeto de Luz: Alex Guimarães Operação de
Luz e Som: Bruno Feliciano Figurino e Adereços: Mariana Farcetta Direção de
Produção: Selene Marinho Produção:
Radar Cultural Coordenação do Projeto de AproximAção com o Público: Valéria
Ribeiro Estagiária:: Tamisa Betina
Serviço
Espetáculo: “Outras portas,
outras pontes”. Dias: 28, 29 e 30 de
janeiro de 2014 (terça a quinta-feira 20h). Entrada franca – Público máximo: 50
pessoas – senhas distribuídas com antecedência de 30 minutos na porta do Tendal
da Lapa. Em caso de chuva não haverá espetáculo. Local: Tendal da Lapa – Rua
Constança, 72 – Lapa (próximo a rua Guaicurus). Duração: 90 minutos. Classificação
etária: 14 anos.
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