16.2.15

Sammliz promete um rock 'distorcido' no disco solo

Foto: Neto Soares
Depois de cantigas de ninar, bandas de meninas, hardcore, punk e metal, passando pela experiência de barzinho, a ex-vocalista da banda Madame Saatan alça novo vôo. Ainda este ano, ela grava e lança o primeiro disco solo, no qual apresenta o seu rock and roll sob novas influências, com presença da música latina, trazendo muita guitarra e flertando também com timbres eletrônicos. É sobre este novíssimo trabalho, contemplado em 2014 pelo programa Natura Musical, que flui o bate papo a seguir com Sammliz.

Quando se fala em cena rock and roll paraense não tem como a gente não associar o nome desta moça que, de presença forte e esbanjando sensualidade no palco, já eletrizou inúmeras plateias com um metal pesado, mas que agora, vem reservando a beleza e o talento para algo diferente na carreira.  E para entender como isso foi acontecer, nossa conversa girou em torno de sua  trajetória, encerando com um ping pongue mais focado no disco, que ela diz ainda não ter nome. 

“No momento certo será soprado em meus ouvidos”, disfarça a cantora que divide a produção do trabalho com Leo Chermont (Stroboo) e João Lemos (Molho Negro). “Estamos trabalhando, ainda não há data de entrada no estúdio, mas provavelmente será neste primeiro semestre. As gravações serão todas feitas em Belém, com músicos daqui e de fora também”.

Madame Saatan, com a plateia vibrante
O novo momento que vive remete a sua trajetória. Cantar sempre fez parte da vida de Sammliz, que quando criança ouvia a mãe cantando para ela dormir.

Assim, aprendeu as canções que mais tarde cantou para ninar o irmão mais novo. Fora isso, o avô paterno era músico, que tocava clarinete em bandas e festas em Santarém, e o pai, o advogado Sant`Ana Pereira, compositor e músico. “Sempre estive embebida de música e sempre quis ser cantora”, diz.

No início dos anos 1990, ela concretizava o sonho, na banda Morgana, formada por meninas que tocavam hardcore e música punk. Sammliz também passou pela Barbarella e A Firma, bandas mais pops, que tocavam em bares de Belém. Na época, cantou MPB, Reggae, Dance. 

A partir de 2003, com a formação da banda Madame Saatan, que a cantora ganhou amadurecimento profissional, se mudou de cidade, foi morar em São Paulo, onde a carreira da banda deu uma guinada destacando-se na cena musical brasileira.

Madame Saatan (Foto: Gabriel Wickbold)
“Foi super importante, àquela altura do campeonato, ter saído de Belém na cara, na coragem e com alguma estratégia de trabalho. Um salto enorme foi dado em direção a um amadurecimento pessoal e artístico. Foram anos incríveis, de muito trabalho, dificuldades, desafios e conquistas. Seis anos dos melhores da minha vida. Sempre vou considerar São Paulo como meu outro lar”, diz a cantora.

Foi lá também que outra profissão se desenhou na vida de Sammliz. Paralelamente às atividades artísticas, ela se dedicava a estudar radialismo e locução e chegou a trabalhar, durante um ano, em uma grande FM paulista. Em Belém, ela acabou recebendo um convite para trabalhar na Rádio Cultura do Pará, onde apresenta o programa diário Conexão Cultura, fazendo entrevistas e dando dicas culturais.

Em 2012, após o acidente com o baixista Ícaro Suzuki, a Madame Saatan, que estava com todos os integrantes morando em Belém, não voltou mais à cena e, ano passado, anunciou formalmente que iria parar por tempo indeterminado. 

Deixou na despedida, porém, um EP dos 11 anos de missão, com quatro músicas, do tipo lado B, e um web clipe. Fora do grupo, Sammliz acabou mergulhando de cabeça nesse projeto, já antigo, de gravar um disco solo. 

“Acho que tudo tem sua hora. Há alguns anos atrás comecei a trabalhar internamente essa transição, com o processo de pré-produção do disco lentamente e definitivamente se instalando desde quando ainda morava em SP, com a banda. Quando voltei à Belém foi exatamente para começar esse ciclo novo”, diz.

Em fase de produção, o primeiro disco da cantora, que sairá pelo selo Natura Musical, dá um novo rumo na carreira de Sammliz. Que ninguém espere um disco com a cara do metal pesado que fazia antes, é o que ela, em outras palavras, diz no ping pong abaixo.

Foto: Taiana Lauin
Holofote Virtual: O que muda neste novo trabalho? 

Sammliz: Desde muito jovem estou na música e dentro dela me permito aventuras e experiências diversas. Sempre estive ligada ao rock, diz muito sobre mim, passei por várias bandas e em cada uma delas foram encarados desafios diferentes. O que muda agora é que quem conduz o rumo musical, e todas as escolhas envolvidas, sou apenas eu. O que é incrivelmente desafiador e libertador também.

Holofote Virtual: O projeto aprovado pelo Natura Musical indica um trabalho mais pop. Estás flertando com que ritmos e sonoridades?

Sammliz: Estou fazendo um disco de rock. Haverá obviamente muitas guitarras, ando pesquisando timbres, efeitos, me cercando de várias referências e testando bastante coisa. Esse disco certamente virá envolto em um véu mais pop, um pop escuridão, digamos assim. Há sinths, finalmente deixei vir a tona meu gosto pelos timbres eletrônicos, e a presença de influencias da música latina. Gosto de pensar que o pop que anda se entranhando nesse trabalho, entre riffs e o drama inserido nele, tem a ver com sensualidade e uma certa maldade.

Participação solo no Terruá Pará, em 2013
Holofote Virtual: O que você achou do teu disco, como você diz, de rock, ter sido selecionado pelo Natura Musical, programa que vem incentivando a nova cena paraense e focando em trabalhos que se utilizam de elementos das sonoridades regionais e latinos? 

Sammliz: Achei bem bacana o fato de terem selecionado meu projeto sabendo que não se tratava da nova música popular pop que tem sido feita aqui, e muito bem feita diga-se de passagem, principalmente pela nova geração.  O Brasil tem conhecido nossa fatia musical mais popular, e acho que o fato de terem olhado com carinho pro esboço que apresentei do que será meu trabalho, mostra que eles estão apostando em outras direções. 

Aliás, já mostraram essa intenção ano passado aprovando o disco do Strobo, que faz pop rock eletrônico e experimental. Acho que o rock feito no Estado é uma de nossas caras, uma das nossas grandes forças musicais e tem sido sempre assim. 

No Terruá, com João Lemos (Foto: Sidney Oliveira)
Madame Saatan difundiu bastante essa força por aí, tocando em festivais pelo Brasil, assim como outras bandas locais, de que também estiveram, e estão por aí, produzindo e fazendo shows na cidade e em outros Estados. Espero que esse trabalho encontre novos caminhos e abra mais espaço e olhares para essa outra cena aqui.

Holofote Virtual: E enquanto o disco não sai, há alguma chance de te ver e ouvir no palco?

Sammliz: Ando morrendo de saudade de fazer shows, mas por enquanto só em participação em shows de amigos e alguns eventos. Só volto aos palcos valendo mesmo com o disco e show novo montado.

Um comentário:

Danilo Belfort disse...

Caros amigos do Holofote Virtual!

Foi com muito prazer que eu e meu namorado Celso Madruga (o Celso Silva Ferreira da banda Alma da Noite, ex-Motel Barato) nos deliciamos com essa entrevista da poderosíssima Sammliz Samm.

Não é de hoje que apreciamos o trabalho dessa bela cantora, cujas canções desde o tempo do Madame Saatan vem esquentando os momentos mais quentes do meu relacionamento com Celso. E o mais legal: lemos recentemente que o disco solo de Sammliz terá pitadas de sexo, o que nos deixa ainda mais excitados à espera do lançamento do disco, pois não é porque somos assumidamente gays que deixaríamos de apreciar uma cantora bonita e sexy como Sammliz.

Escrevendo também para parabenizar vocês do Holofote Cultural pelo EXCELENTE TRABALHO desempenhado em prol da cultura!

Continuem sempre assim!
Abraços Fraternos,
Danilo Belfort e Celso Madruga