Pois é, em setembro não teve e muita gente reclamou, mas neste domingo, 29, a 9ª edição do Circular Campina Cidade Velha, recebe novamente o projeto Roteiros Geo-Turísticos da UFPA, em sua programação. E com novidade. Vai percorrer as ruas em que estão as principais obras de um certo arquiteto italiano que se apaixonou pela Amazônia. A saída para o roteiro "O arquiteto Antonio Landi e a Belém do século XVIII" será às 8h, da Casa das Onze Janelas, onde já haverá muito o que falar da paisagem arquitetônica idealizada e construída por ele na capital paraense.
Os 400 anos de Belém estão na ordem do dia e na pauta da cidade. Por isso, a ideia de circular pelo Centro Histórico de Belém deveria soar, no mínimo, necessária a todos nós, afinal não há como proteger e exigir atenção para algo que não conhecemos. E por incrível que pareça, tem muita gente que mora em Belém, mas não conhece direito ou nunca circulou ali pelos bairros da Campina, Cidade Velha e Reduto, três áreas chaves do surgimento da capital paraense.
Nas últimas edições do Circular Campina Cidade Velha, vimos algumas pessoas encantadas com a Igreja do Carmo, que não sabiam onde ficava o Fórum Landi e nunca, nunca na vida tinham ido à Praça do Carmo. Mercado do Sal? O que é isso? Quanto espanto e emoção ao decobrir uma cidade (velha). Assim fica mais fácil de entender porque precisamos preservar suas praças, prédios e sua história, e de nos apropriar desse espaço urbano histórico e patrimonial, além de residencial.
A prof. Goretti Tavares, que coordena que coordena o GGEOTUR - Grupo de Pesquisa em Geografia do Turismo da UFPA, responsável pela elaboração dos Roteiros Geo-Turísticos, conversou com o blog, ela comentou acerca dessa descoberta a ser feita pelas pessoas, e contou mais detalhes sobre o projeto que tem conquistado o coração dos paraenses e atraído de forma diferenciada também o turista.
“Infelizmente o belemense não conhece sua cidade. Este é um dos objetivos do projeto, fazer os moradores conhecerem, amarem e se apropriarem da cidade. Ter o sentimento de pertencimento do espaço urbano. Nesse sentido, ele pode defender, pensar e propor para uma cidade melhor, defender a preservação de sua memória e patrimônio. Mas também entender que a questão do debate do patrimônio, deve ser integrada a outras questões da cidade, como lixo, saneamento, circulação, violência, desigualdade social. Enfim, pensar a cidade e o centro histórico de forma ampla e não desarticulada da realidade sócio econômica”, diz Goretti Tavares.
Secretariado da prefeitura é convidado a participar
Os roteiros criam laços, causam emoção. “Não é um ‘fast tour’. É um percurso demorado, em que contextualizamos e sentimos a cidade em suas mais variadas dimensões, pessoas, prédios, ruas, cheiros, sabores, conhecimento científico, saberes locais, tradicionais, imagens e etc”, ressalta Goretti. Mas só participando pra ver e convites pra isso não faltam. Na semana passada, a professora esteve presente na reunião do projeto Circular Campina Cidade Velha com a prefeitura, e nem secretários que integram o comitê gestor “Cuida Belém”, escaparam.
“Sim, convidei o secretariado. Será uma forma ótima para eles identificarem os problemas do centro histórico, de ouvir as pessoas participantes, de sentir a cidade da perspectiva da rua”, diz Goretti. “Essa ideia surgiu de nossa reunião, quando levantávamos o que o Centro Histórico precisa de mais atuação da Prefeitura”, continua, afirmando que seria muito bom para os secretários participarem diretamente do evento. “Ou pelo menos mandar representantes para levantar o que o Centro Histórico precisa, assim como teriam a oportunidade sentir a cidade de perto”, acredita.
Esta é uma especificidade do projeto. Ao contextualizar a dimensão geográfica, histórica e cultural da cidade, vai abordando a importância de seu patrimônio material e imaterial da cidade. O Geo-Turistico foge aos padrões dos passeios que reúnem apenas turistas. "Pela nossa estatística, 95% das pessoas que já participaram dos nossos roteiros são moradores da idade de Belém”, diz Goretti Tavares. No entanto, é também uma oportunidade única para quem está só de passagem por aqui.
História com sete roteiros de sucesso
Goretti Tavares entrou como aluna do curso de Geografia na UFPA, no ano de 1985 e, como docente da Faculdade de Geografia, no ano de 1991.
São 30 anos de formação, pesquisa, ensino e projetos desenvolvidos na área da Geografia. Além de projeto de pesquisa sobre as políticas de patrimônio no Estado do Pará, ela participa como pesquisadora em outros projetos que envolvam a pesquisa da Geografia da Amazônia e Geografia do Pará.
O projeto Roteiros Geo-Turístico surgiu em janeiro de 2011, a partir de debates desenvolvidos dentro do grupo de pesquisa da Faculdade de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPA. O projeto de extensão é gratuito, não é comercializado. Desde que foi implantado já arrastou pelas ruas de Belém quase cinco mil pessoas, a maioria moradores da cidade ou paraenses a passeio pela capital. É um sucesso. A fórmula? “Seriedade e compromisso é o principal. A equipe estuda o roteiro e o apresenta ao público que frequenta a circulação”, simplifica Goretti.
O projeto possui hoje sete roteiros prontos para serem executados: Bairro da Cidade Velha (2011), Ver o Peso ao Porto de Belém (2011), Bélle Èpoque (2012), Interior do Bairro da Campina (2012), Bairro do Reduto (agosto de 2013), Estrada de Nazaré (2014) e O arquiteto Antonio Landi e a Belém do século XVIII (2015). A divulgação é feita principalmente pelas redes sociais, como facebook, pelo telefone via whatsapp e pelo famoso e infalível "boca a boca".
Novo trajeto traz arquitetura de Landi em Belém do Pará
Para montar cada percurso é necessário pesquisa. Os alunos e integrantes do projeto vão atrás de livros, textos, dissertações, teses, documentos, fotografias, entrevistas e a todas as fontes possíveis, disponíveis e necessárias para trazer coisas que nem sempre estão na superfície do monumento.
A partir disso é montado um texto guia com os resumos dos pontos selecionados para cada roteiro. Antes de divulgar ao público, são realizados roteiros testes, que servem como treinamento para os monitores, “que são alunos do ensino médio, da graduação em Geografia e Turismo e outras áreas afins e do mestrado em Geografia da UFPA”, explica a professora.
O mais novo roteiro do GGEOTUR-UFPa vai passar pelas obras que foram projetadas pelo arquiteto Antonio Landi ou que lhes são atribuídas. “Antonio Landi vem para Belém no século XVIII na comissão demarcadora enviada pelo Marques de Pombal, e aqui vai construir diversas obras ligadas ao Estado, a Igreja e Civis e que permanecem na cidade”, explica Gotetti.
O percurso será a pé pelas ruas, com paradas a frente dos seguintes locais: Casa das Onze Janelas - Catedral da Sé - Casa Rosada - Igreja do Carmo - Fórum Landi - Igreja de São João - Palácio dos Governadores - Igreja das Mercês - Capela Pombo - Igreja Nossa Senhora do Rosário - Igreja de Santana.
O último roteiro geo-turístico de 2015
O roteiro deste domingo, 29, será o último de 2015. “O próximo será o roteiro da Cidade Velha em 17 de janeiro de 2016. Vamos comemorar cinco anos do projeto, 400 anos da cidade de Belém e também a 10ª edição do projeto Circular. No final deste roteiro lançaremos um vídeo documentário sobre o projeto”, revela.
Então quem quiser viver esta emoção, não pode faltar no domingo, 29 ao passeio geo-turístico, mas o Circular Campina Cidade Velha também vai contar com programações em diversos espaços, um passeio fotográfico com o historiador Michel Pinho e outro ciclistico com o pessoal do Pedal Corujão, com o Bike Roteiro, que também sairá cedo, mas ali da Rua Calos Gomes. Vai ter também foto varal nas ruas da Cidade Velha e enfim, muita coisa, #vemcircularbelem.
Anote
- Para saber mais sobre o Circular campina Cidade Velha, acesse a programação no site: www.projetocircular.com.br.
- Quem quiser saber mais e se inscrever para participar do Roteiro Geo-Turistico deste domingo, pode entrar em contato pelo email: roteirosgeoturisticos@gmail.com
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