O disco é uma jóia e merece todas as comemorações. Quarto álbum de Rita Lee, “Fruto Proibido” é o segundo lançado com a Tutti Frutti, banda em que ela se ancorou depois da saída dos Mutantes (1972), dando início a construção da carreira solo que bem conhecemos a partir dos anos 1980. Lançado em 1975, recheado de grandes sucessos, a obra ganha homenagens na festa da Black Soul Samba, nesta sexta-feira, 13, no Tábuas de Maré.
E a homenagem não poderia estar meis bem recomendada. Ficará por conta da performance de Gláfira, que já possui, digamos, certa intimidade e prática com o repertório setentista da roqueira Rita Lee. No início dos anos 2000, a paraense abalava nos bares mandando Mutantes na veia.
“Super me identifico com a Rita, gosto de como ela aborda determinados temas. Quando eu canto, eu quero passar não só emoção pra pessoas, mas também ‘palavras’, mensagens, e ai entra a revolução que ela causa. Mutantes e Tutti Frutti me fazem entender bem mais o rock'n roll”, disse ela, hoje pela manhã, ao Holofote Virtual.
Acompanhada pelos músicos Guibson Landi, na guitarra; Ivan Vanzar, na bateria e Nando Costa no baixo, Gláfira reconstitui a banda original formada, em 1973, pelo guitarrista Luis Sérgio Carlini que logo chamou atenção de Rita, na primeira vez em que ela o viu tocar com sua banda em boate inferninho da capital paulista. Na época chamada “Coqueiro Verde”, tinha ainda Lee Marcucci, o baixista, e Emilson Colantonio, o baterista.
Rita Lee, que não curtia nem este e nem o segundo nome da banda (Lisergia), levou a questão aos músicos. E como não agradar a moça, que só lhes rendi sucessos? Assim, ao fazer um show intitulado Tutti Fruti, em 1975, ela rebatizou a banda. Naquele mesmo ano, a perfomance de Tutti Frutti e Rita Lee foi destaque do Hollywood Rock, edição não oficial, realizada em Botafogo no Rio de Janeiro, organizado por Nelson Mota, reuinindo ainda Celly Campelo, Erasmo Carlos, Raul Seixas, Os Mutantes, entre outros. Podemos ver tudo isso e a Tutti Frutti, registrado no documentário Ritmo Alucinante, recomendo.
Pode ser um aquecimento pro show Fruto Proibido desta noite, com Gláfira, onde não vão faltar, no repertório, sucessos como "Ovelha Negra", "Luz del Fuego", "Agora só falta você", "Esse tal de roque Enrow", "Cartão Postal", "FrutoProibido" e "Dançar pra não dançar", entre outras. É o que os fãs esperam.
Participações especiais pra esquentar o clima
No show haverá participações especiais da cantora Joelma Klaudia e dos instrumentistas Quiuri Soares, Bianca Menezes, Sandro Gaia e Charles Andi, além de Hugo Marola, marido de Gláfira, tocando com a cantora pela primeira vez. E até nisso, a vida imita arte. Roberto Carvalho, que entrou na Tutti Frutti já na reta final, tirando de cena o guitarrista que tanto chamou atenção de Rita Lee, também era marido da cantora.
“Eu não entendia muito a presença do Roberto de Carvalho nas capas dos disco, mas agora casadinha com uma pessoa que vem pra multiplicar em nossas vidas, entendo a importância dele na vida e na carreira da Rita. O Hugo é do rock'n roll, curte e me apresenta muito som maneiro. Sempre estamos em casa tocando violão, compondo e ouvindo música juntos. Ai quando pintou o show, pensei: Por que não”, diz Gláfira, que um dia também largou sua banda pra seguir carreira solo, outra mera coincidência.
Ensaio fotográfico: Homero Fortunato |
Hugo vai tocar na mesma música que Joelma Klaudia, o que também não é mero acaso. “Ela quem nos apresentou em Altamira (PA). É a culpada de estarmos juntos hoje. Então os tenho agora lado a lado nesse momento de festa e alegria no palco. Vai ser massa”, já comemora a cantora.
Gláfira cai como luva quando o negócio é cantar Rita Lee. Lembro a ela que o universo de Rita Lee é vasto e mesmo tão repleto de sucessos sempre pode haver pérolas a serem cantadas num repertório. Pergunto se ela não gostaria de montar outros repertórios inspirando-se na nossa roqueira mais antiga do Brasil, buscando isso, mas ela pondera e responde com razão. “Sempre procuro o ‘lado B’ dos artistas, mas a Rita é mída, tudo que toca vira hit. Aí, sempre que vamos selecionar um repertório das dela fica parecendo que são as "10 mais".
Depois do cover segue mergulho em disco novo
Paralelamente ao show Fruto Proibido, que vem sendo ensaiado há mais ou menos um mês para esta apresentação, Gláfira está compondo para o seu próximo disco, o “Mar de Odoyá”, que segundo ela tem como “pegada” abordar temas do universo feminino.
“Tô com força total no novo trabalho, compondo muito (tô até impressionada comigo), pegando referencias de sonoridade, chamando algumas pessoas pra perto, como o Beto Villares e músicos compositores de Belém. Começo a gravar já no primeiro semestre de 2016. Fiz um vídeoclipe da música homonina ao disco, que vai ser lançado antes do álbum sair, muita coisa pra contar”, diz Gláfira.
E será que não rola uma palhinha Balck? “Pro show de homenagem ao Fruto Proibido não cabe colocar nada autoral”, me desaponta. Então vamos ter que esperar pelo lançamento ou quem sabe já numa próxima entrevista pra saber mais sobre este seu “Mar de Odoyá”, que seja assim.
Além do show de Gláfira cantando "Fruto Proíbido", a noite começa e encerra com a discotecagem dos DJs do Coletivo BSS: Uirá Seidl, Homero da Cuíca e Kauê Almeida. O cenário especial pra esta noite é assinado pelo parceiro e artista plástico Aldo Paz e projeções de Diogo Vianna e Kauê Lima. Haverá ainda feirinha de moda com "Meninazinha Ateliê".
Serviço
Homenagem aos 40 anos do álbum Fruto Proíbido de Rita Lee e Banda Tutti Fruti - Com Gláfira e banda. Sexta-feira, 13 de novembro de 2015 - a partir das 21h. No Tábuas de Maré - Rua São Boa Ventura, 156, Cidade Velha, próximo a Avenida Tamandaré - Cidade Velha. Informações: (91) 98915 0504.
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