1.2.17

Doc traz registros da tradição do samba de cacete

“Samba de Cacete – Alvorada Quilombola” mostra tradicional música e dança criadas por comunidades quilombolas no Baixo Amazonas, no Pará. Com direção de André dos Santos e Artur Arias Dutra, estreia quinta-feira (2), em Oeiras do Pará, e no sábado (4), no Sesc Boulevard, em Belém.

A caminho da pesada labuta, movimentos corporais e batuques do tambor aliviavam a lida cotidiana dos negros na Amazônia. É o Samba de Cacete, manifestação tradicional de quilombos, que nasceu na região do Baixo Amazonas, como forma de cantar as dores da escravidão no momento que os negros iam para a roça. O cineasta André dos Santos, em uma pesquisa de arqueologia, conheceu a tradição e decidiu filmar a comunidade quilombola chamada de Igarapé Preto, no município de Oeiras do Pará, projeto que realizou com o diretor Arthur Árias.

Realizado com recursos da SAV-MinC, por meio do Edital Curta Afirmativo 2014: Protagonismo de Cineastas Afro-Brasileiros na Produção Audiovisual Nacional, o audiovisual da Lamparina Filmes apresenta desde o afiar das enxadas até o suave cantar de homens e mulheres negras. 

O Samba do Cacete tem esse nome devido aos instrumentos utilizados para tocar os tambores, dois paus – chamados de cacetes. A dança assemelha-se ao carimbó, porém com passos volteados e mais suaves. Atualmente, com a presença de tecnologias de comunicação e com o fim dos mutirões, o samba pode ser visto apenas em ocasiões festivas ou a convite, sem data específica para acontecer.

“O que me chamou atenção no Samba de Cacete é que se trata de uma tradição afro-brasileira, trazida pelos escravos, e me preocupava também porque é algo que está muito na oralidade, não tem muita coisa escrita sobre o assunto. E para a salvaguarda, para ficar registrado para as próximas gerações, decidimos realizar o documentário. É uma manifestação única com elementos daquela região que pouca gente conhece, o grande público merece conhecer. Outra coisa interessante é que apesar de ser samba, que é bem brasileiro, outros são reconhecidos como patrimônio, samba do Rio de Janeiro, do Recôncavo Baiano, e o Samba de Cacete, não”, comenta o diretor André dos Santos.

Os mestres Domingos Machados e Leôncio Machado contam que era uma festa de fugitivos que entravam nas matas. “Eles trabalhavam muito e para aliviar, inventaram essas danças. O Samba não gosta de força, não. É controle. Se você bater muito exagerado, incha sua mão mesmo. Mas depois que começa a enxergar um pouquinho de estrela na vista, não tem mais negócio de dor na mão, não tem mais e isso é direto”, revelam, sobre suas experiências ancestrais.  

Lamparina Filmes - Os diretores do documentário, André dos Santos e Artur Arias Dutra são sócios na Lamparina Filmes, produtora audiovisual paraense que tem se dedicado ao cinema documental e ficcional. 

Os diretores têm buscado documentar manifestações culturais que necessitam de registro urgente, por correrem o risco de desaparecer juntamente com os mestres mais antigos. No ano passado lançaram o filme Mestres Praianos do Carimbó de Maiandeua e recentemente filmaram o Marambiré, dança da comunidade quilombola do Pacoval, atualmente em fase de edição.

Serviço
Lançamento do documentário “Samba de Cacete – Alvorada Quilombola”, ocorrerá na próxima quinta-feira (2), às 19h, na Comunidade do Igarapé Preto, e no sábado (4), às 17h, no Sesc Boulevard, em Belém. A entrada é gratuita. Informações: (91) 99191 1299 / (91) 98369 1887.

Contatos
Site e Fanpage da produtora Lamparina Filmes
http://www.lamparinafilmes.com.br/
https://www.facebook.com/lamparinafilms/
Telefones: (91) 99191 1299/ (91) 98369 1887

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