“O Conto das Duas Ilhas” ganhou brilho especial no Teatro Roc Roc, atelier do grupo, situado na periferia da cidade. Em janeiro, a própria comunidade foi convidada a participar da construção do espetáculo que pôde aplaudir, finalmente, no último dia 3 de fevereiro. Novas apresentações em Belém, Outeiro e Cotijuba estão programadas.
Por Yorranna Oliveira
Por Yorranna Oliveira
Especial para o Holofote Virtual
O movimento na rua antecipava o clima de espetáculo. Haveria uma programação nova naquele 3 de fevereiro. Lorrany estava preparada bem antes das 18h. Olhava para o outro lado da rua como quem aguarda o sinal para entrada. Ela conhece todas as rotinas de tempos de cena aberta no teatro. É experiência de quem cresceu vendo as apresentações do também jovem Projeto Camapu no palco do Teatro Roc Roc, no Jardim Sideral. Quando percebe uma nova movimentação, já pergunta: “Vai ter espetáculo?”.
As crianças das redondezas, veteranas de sessões no Teatrinho Roc Roc, já conhecem, passeiam o dia todo pela frente do teatro, ansiosas para o começo. As novatas também se arrumam, porque sabem internamente que ir ao teatro tem algo de mágico e especial. Todas querem conferir o que as portas de madeira da casa 82 guardam. Quando as cortinas se abrem, elas percebem como tudo pode ser feito de imaginação e sonho, especialmente para elas.
Na estreia de “O Conto das Duas Ilhas” não foi diferente. Plateia de criança, de jovem, de adulto. Os pequenos no chão, em tapetes enfileirados para recebê-los. Quanto mais perto do palco, maior a proximidade com a cena. Nos pequenos bancos, os pais, responsáveis e acompanhantes mais velhos. Lorrany, criança de poucas palavras e gestos contidos, observa a tudo. Tem olhar, como o de Marília, a jovem personagem da peça que logo mais será encenada. Olhar de espera e curiosidade. Um, dois toques de campainha. Sussurra para a mãe: “Falta só uma, já vai começar!”, diz.
As crianças das redondezas, veteranas de sessões no Teatrinho Roc Roc, já conhecem, passeiam o dia todo pela frente do teatro, ansiosas para o começo. As novatas também se arrumam, porque sabem internamente que ir ao teatro tem algo de mágico e especial. Todas querem conferir o que as portas de madeira da casa 82 guardam. Quando as cortinas se abrem, elas percebem como tudo pode ser feito de imaginação e sonho, especialmente para elas.
Na estreia de “O Conto das Duas Ilhas” não foi diferente. Plateia de criança, de jovem, de adulto. Os pequenos no chão, em tapetes enfileirados para recebê-los. Quanto mais perto do palco, maior a proximidade com a cena. Nos pequenos bancos, os pais, responsáveis e acompanhantes mais velhos. Lorrany, criança de poucas palavras e gestos contidos, observa a tudo. Tem olhar, como o de Marília, a jovem personagem da peça que logo mais será encenada. Olhar de espera e curiosidade. Um, dois toques de campainha. Sussurra para a mãe: “Falta só uma, já vai começar!”, diz.
Lorrany pronuncia palavras que se incorporam à rotina. Nomes que parecem banais para quem convive com o mundo das artes, mas no Jardim Sideral ganham ainda mais significado. Sessão, espetáculo, peça, teatro. Arte. Palavras de sonho que batalham para serem mais presentes que a violência de frases inteiras estampadas nos jornais. O Jardim Sideral ainda floresce nas páginas policiais, mas há uma semente cultivada para ganhar outras editorais: camapu para virar palavra, frase, parágrafo, narrativa inteira sobre cultura, lazer, paz.
Espetáculo premiado une animação cênica e audiovisual
“O Conto das Duas Ilhas” ganhou o Prêmio Funarte de Teatro Myrim Muniz 2015 ao propor fazer um espetáculo sobre aventura e esperança, unindo manipulação de marionetes e animação em stop motion. Entre os objetivos, além da realização do espetáculo, o fortalecimento da relação com a comunidade.
O Projeto Camapu abriu as portas do ateliê desde outubro de 2016 para moradores e artistas interessados em participar da montagem e acompanhar cada detalhe. Na estreia, os moradores eram os convidados especiais. Veio criança, veio jovem, veio adulto. Amigos, parceiros, toda gente do Jardim.
Antes da cortina se abrir, San Rodrigues, marionetista do Projeto Camapu, sai dos bastidores, vestido em seu personagem de contos e fantasia. Traz uma caixa mágica, que promete apaziguar temores e fazer amizade. “Quem tem medo de marionete aqui?” , ele pergunta em tom de delicadeza. Mostra a caixa e anuncia os poderes mágicos que ela detém. De lá, retira o Pequeno Pessoa, marionete que encanta nos primeiros contatos. E se aproxima da criançada que quer pegar, ver de perto. Os olhos brilham. Só há crianças agora, porque até as adormecidas despertaram.
Os mais novos na casa são informados sobre as campainhas. Quando a última ecoar, o espetáculo inicia. San volta para as sombras. Momentos depois o último som. As vozes silenciam aos poucos. As cortinas se abrem. A jornada entra o Movimento e a Vida vai começar. No palco, quem surge é Carapirá, o contador de histórias. O arauto dessa trama de aventura e fantasia. Ele narra a história do começo dos tempos, no planeta Orezonti e suas duas ilhas, onde depositou a Vida e o Movimento, e sobre como o avançar dos dias faz uma esquecer da outra, até todos conheceram a existência de apenas uma: Antrofazia.
É a ilha tomada pelo azul profundo do oceano. Mar em que repousa a lembrança de uma partida, quando o jovem capitão Horácio se lança para desbravar o desconhecido, porque não acreditava que o mundo se resumia à Antrofazia. Como poderia? Ele constrói criaturas velejantes e vai buscar a completude para o vazio mais íntimo.
Deixa para trás a semente de uma esperança, que alimenta o coração de Marília, a jovem com o olhar voltado para o azul profundo com a certeza do retorno de Horácio. Em sua espera, Marília constrói um velejante para resgatar o capitão e ali deposita a semente que espalhará a liberdade e a vida.
Em cena, jogos de luz, sombras. Manipulação de marionetes. Animação em stop motion. Sensibilidade e delicadeza. A trilha sonora que ajuda a contar e cantar o enredo. “O primeiro veleiro que virou história/De partidas, esperas, mar e ilha/Descansa agora no azul profundo/Do grande mar em torno de Marília”.
É o elemento último para envolver a plateia. E pouco a pouco, Horácio e Marília tocam em algo muito interno, emocionam. Ao final, a semente já virou partilha. Afeto semeado e colhido em olhos curiosos, sorriso de cumplicidade e choro de adulto – curiosamente os que mais transbordam. Às crianças, cabe o encanto, a curiosidade, o sonho, a alegria. A semente de camapu já brotou ali, porque germina em todos os lugares só à espera de um chamado.
Para ver “O Conto das Duas Ilhas”
Deixa para trás a semente de uma esperança, que alimenta o coração de Marília, a jovem com o olhar voltado para o azul profundo com a certeza do retorno de Horácio. Em sua espera, Marília constrói um velejante para resgatar o capitão e ali deposita a semente que espalhará a liberdade e a vida.
Em cena, jogos de luz, sombras. Manipulação de marionetes. Animação em stop motion. Sensibilidade e delicadeza. A trilha sonora que ajuda a contar e cantar o enredo. “O primeiro veleiro que virou história/De partidas, esperas, mar e ilha/Descansa agora no azul profundo/Do grande mar em torno de Marília”.
É o elemento último para envolver a plateia. E pouco a pouco, Horácio e Marília tocam em algo muito interno, emocionam. Ao final, a semente já virou partilha. Afeto semeado e colhido em olhos curiosos, sorriso de cumplicidade e choro de adulto – curiosamente os que mais transbordam. Às crianças, cabe o encanto, a curiosidade, o sonho, a alegria. A semente de camapu já brotou ali, porque germina em todos os lugares só à espera de um chamado.
Para ver “O Conto das Duas Ilhas”
A estreia foi apenas o começo. O Projeto Camapu recebe gratuitamente escolas municipais de educação de terça a quinta nesta e na próxima semana. Nos dias 11 e 12 de fevereiro, faz duas apresentações na Casa dos Palhaços (Rua Piedade, 533, esquina com a Tiradentes). Dia 11, às 19h; Dia 12, às 11h. Ingressos: R$ 10 reais.
No dia 21, “O Conto das Duas Ilhas” será apresentado na Escola Bosque de Outeiro. E, no dia 23, na Ilha de Cotijuba, encerrando a primeira temporada da turnê. (Informações: 98114-7149)
No dia 21, “O Conto das Duas Ilhas” será apresentado na Escola Bosque de Outeiro. E, no dia 23, na Ilha de Cotijuba, encerrando a primeira temporada da turnê. (Informações: 98114-7149)
Ficha técnica do espetáculo
- Dramaturgia: San Rodrigues
- Marionetistas: San Rodrigues e Nina Brito
- Construção de Marionetes: San Rodrigues
- Cenografia: Nina Brito
- Iluminação Cênica: Marckson de Moraes
- Trilha Sonora Original: Renato Torres (Gravada, mixada e masterizada por Renato Torres no Guamundo Home Studio, Belém-PA)
- Canções: Marília, Além e O Primeiro Veleiro (San Rodrigues)
- Vozes dos Marionetes: Renato Torres (Carapirá), San Rodrigues (Horácio) e Nina Brito(Marília)
- Assistente de Atelier: Glaucia de Jesus
- Adereços de cena (Sol e Lua): Luciana do Carmo
- Confecção de Figurino: Anne Moraes
- Equipe de Captura e Animação (Stop Motion): San Rodrigues, Nina Brito, Marckson de Moraes e Gabriel Angelo
- Registro e Edição de Vídeos e Imagens: Alexandre Yuri
- Assessoria de Imprensa: Yorranna Oliveira
- Produção Executiva: Patrícia Ventura
Nenhum comentário:
Postar um comentário