6.2.17

Exposição no Rio traz obra em cor de Robert Capa

Pablo Picasso com  o seu filho Claude (Vallauris, France)
Ícone da fotografia mundial, o fotógrafo húngaro Robert Capa, ganhou fama com seus registros de guerra em preto em branco, mas na exposição que abre nesta segunda-feira, 6, no Rio de Janeiro, uma faceta menos conhecida do fotógrafo vem à tona, e é tão fascinante quanto. A exposição “Capa em Cores” ficará aberta à visitação até  9 de abril, no Oi Futuro Flamengo. 

É uma retrospectiva inédita das imagens coloridas do profissional que a partir de 1941, passa a usar regularmente filme colorido, mas que ao longo dos anos, essa obra ficou praticamente esquecida. Isso, até agora.

O acervo de 140 fotografias em cor, feitas com filmes Kodachrome e Ektachrome promete lhe apresentar em cor ao público que o consagra e às novas gerações de amantes da fotografia. A ostra inclui retratos de grandes nomes da arte como Humphrey Bogart, Hemingway, Ingmar Bergman e Roberto Rossellini, imagens de praias e resorts, e até fotografia de moda em Roma e Paris – que prometem surpreender os admiradores de Capa. 

Espectadores no hipódromo de Longchamp, Paris.
Entre as imagens mais marcantes, destaca-se a espontânea foto de Picasso brincando com o seu filho pequeno no mar. Um raro registro. 

Na exposição, fica evidente a capacidade do fotógrafo se reinventar profissionalmente. Neste lado de seu trabalho, que contrasta com o percurso feito no registro de guerra, Capa aplica o que aprendeu com as experiências anteriores. A capacidade técnica e a sua preocupação em retratar as emoções humanas, que revelou nas imagens captadas nos conflitos, contribuíram para reafirmar o seu talento e olhar particular também na fotografia colorida.

O interesse pelas imagens com cor começou em 1938. Enquanto cobria a Guerra Sino-japonesa, escreveu a um amigo de sua agência em Nova York solicitando 12 rolos de filme Kodachrome e instruções sobre como usá-los. Da primeira experiência com filme colorido, apenas quatro impressões foram publicadas. Mas o entusiasmo de Capa com a cor havia nascido.

Truman Capote e Jennifer Jones no set de Beat the Devil, 
Ravello, Itália
"Começar a utilizar filme colorido demandou uma nova disciplina, mas também criou novas oportunidades. O trabalho em cores era uma tentativa importante de manter a agência Magnum (fundada por ele) no mercado, já que as revistas queriam mais cores no período pós-guerra". 

E completa, “(as fotos em cores) fez com que ele permanecesse relevante para os editores”, diz Cynthia Young, curadora da exposição.

Além das imagens, a mostra apresenta objetos e registros pessoais como cartas, revistas que publicaram as suas fotos e até o áudio de uma entrevista – a única gravação existente da voz dele. 

Entre as cartas, várias correspondências com a equipe da agência Magnum sobre as suas coberturas fotográficas; com o irmão, que o ajudava a vender as fotos, e, em especial, uma carta para a mãe contando sobre a vida em Londres, que revela o lado bem-humorado e divertido do fotógrafo.

“Capa em Cores” foi organizado pelo International Center of Photography e se tornou possível graças ao Comitê de Exposições do ICP e graças ao Departamento de Assuntos Culturais da Cidade de Nova Iorque em parceria com sua Câmara Municipal. Inaugurada em janeiro de 2014, em NY, a exposição já seguiu para Budapeste, Tours, Lille e Madrid, chegando agora ao Rio de Janeiro com patrocínio da Oi e apoio cultural do Oi Futuro.

Fotógrafo partiu enquanto exercia a profissão

A mostra traz um outro olhar do fotógrafo, uma vez que seu maior reconhecimento venha da fotografia em preto e branco. 

“Capa é considerado um mestre da fotografia de guerra em preto e branco, o homem que documentou alguns dos principais eventos políticos da Europa Ocidental em meados do século XX. Nenhuma das retrospectivas póstumas de seu trabalho incluía fotos coloridas, com raras exceções”, relata Cynthia.

Suas lendárias imagens em preto e branco e suas coberturas de momentos dramáticos, como o desembarque aliado na Normandia, em junho de 1944 e a cobertura da Guerra Civil Espanhola, em 1936, são exemplos. Depois fotografou a resistência chinesa à invasão japonesa (1938); Itália, Inglaterra, França e Alemanha na Segunda Guerra Mundial (1941-1945); a Guerra da Independência de Israel (1948). Fundador da Agência Magnum, ironicamente, Capa morreu no ofício, fotografando a Guerra da Indochina, ao pisar acidentalmente em uma mina terrestre, em 25 de maio de 1954.

Capa em Cores
De 7 de fevereiro a 9 de abril. Oi Futuro Flamengo - Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo - RJ. Visitação de terça a domingo de 11h às 20h. Informações (21) 3131-3060. Entrada gratuita.

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