13.5.17

Cláudio Cardoso: o cordel na Feira Pan Amazônica

O VII Encontro de Cordelista da Amazônia será realizado dentro da XXI Feira Pan Amazônica do Livro, que abre dia 27 de maio, no Hangar. A programação completa da feira será divulgada na próxima semana e poderá ser acessada pelo site do evento, mas o editor e escritor, cordelista, Cláudio Cardoso, que já vem divulgando o encontro pelas redes sociais, nos deu mais detalhes e em entrevista ao blog, bateu um papo sobre o movimento literário paraense.

Cláudio Cardoso de Andrade Costa é de Belém. Poeta, escritor e compositor, publicou seu primeiro livro de forma artesanal, aproveitando suas habilidades de artista gráfico. Incentivou outros escritores a buscarem iniciativas mais independentes para divulgar suas obras.

O autor já participou nas antologias “Poesias reunidas pelos mortais da vida”, organizada pelo Clube do Escritor Paraense, “Poesia do Brasil” – Volume 6 e “Poeta, Mostra a tua Cara”, volume 5, publicadas pelo Congresso Brasileiro de Poesia. Publicou  “Simbiose” (poemas e pensamentos), “Filha do Oriente”, e “Sina Nordestina”.

Mais recentemente, dentro de sua trajetória, se envolveu com a literatura de cordel, como escritor e declamador. “Já publiquei, somente este ano, oito livretos dos mais variados assuntos, sempre primando pelo humor e pela crítica social”. Ele é um dos coordenadores do Estande do Escritor Paraense dentro da Pan Amazônica e o encontro que reunirá vários cordelistas, no dia 3 de junho, no Hangar.

Está confirmada a presença do cantor, compositor e também cordelista, Moraes Moreira, que virá à feira como convidado do "Conversa de poesia", e Dr. Lourival de Andrade Junior, da UFRN (Caicó-RN), que abre o encontro com uma palestra. Também será lançada no encontro a coletânea Cordelistas Contemporâneos 2017, com obras de mais de 52 cordelistas do Brasil, sendo seis deles, paraenses.

Mestre da literatura de cordel pernambucano Chico Pedrosa também estará presente, e ministrará uma oficina de produção de cordel. Cláudio divulgou um video falando um pouco mais sobre o poeta. Ele e Pedrosa participarão de uma apresentação junto aos meninos Kalil e Kauê Casseb e os músicos Val Fonseca e Vinicius Leite.

Literatura nordestina na Amazônia

Este ano, o Encontro de Cordelistas da Amazônia está mais do que contextualizado dentro da Pan Amazônica, que além de trazer como tema central a poesia, está homenageado, Mário Faustino, nordestino de nascimento mas que se tornou um grande paraense por adotar Belém, como morada e onde iniciou sua carreira literária.

Cláudio Cardoso ressalta que a cultura típica daquela região aflorou por aqui com a vinda de trabalhadores nordestinos para a Amazônia. “O cordel é velho conhecido da região norte, chegou aqui em três momentos, ou das grandes migrações, provocadas pelo ciclo da borracha, abertura da Transamazônica e da Serra Pelada, com a vinda dos nordestinos, fugidos da seca, pobreza e viam na Amazônia a grande oportunidade de mudar de vida”.

O escritor reconhece que o Cordel é um legado deixado porestes nordestinos, por aqui, sendo assimilado e fazendo surgir autores amazônicos, o que não passou despercebido pelo grande historiador paraense Vicente Sales. 

“Ele foi um dos grandes colecionadores de Cordel, com uma biblioteca de folhetos invejável, material este que está conservado no Museu da UFPA, como a grande maioria de folhetos lançados pela editora Guajarina, que havia em Belém e foi uma das maiores do Brasil”, diz Cláudio.

Integrante do movimento de escritores paraense, realiza e se faz presente em diversas atividades e ações voltadas à difusão e troca de saberes a partir da literatura paraense, junto a Antônio Juraci Siqueira, Raimundo Sodré, Heliana Barriga, Alfredo Garcia, Michel Sarmento, Maciste Costa, Walcyr Monteiro, Flor de Maria e Ed Pessoato, entre tantos outros que costumam se reunir aos domingos, na banca do Escritor Paraense, na Praça da República.

Na entrevista a seguir, falamos mais sobre o movimento literário, das iniciativas que existem como espaço à literatura local, como feiras, salões, entre outras ações que existem atualmente nesta área de produção, pesquisa e criação, que estejam estimulando um mercado editorial paraense.

Em busca de espaço e independência literária 

Holofote Virtual: Estamos a poucos dias da feira do livro, uma das iniciativas que abrem espaço para o autor local, mas quais têm sido os caminhos tomados para produzir e publicar autores paraenses?

Cláudio Cardoso: Junto com outros editores, uns até independentes, a peso de acreditar, é que se vem mantendo, mas com muito custo, a literatura ainda ativa. 

A Feira do Livro é um importante termômetro para se mensurar este movimento. Observo que a cena atual ainda desperta nas pessoas interesse  na publicação de obras de todos os gêneros. À despeito das dificuldades de publicação, as novas tecnologias permitem que se publique com pouco custo e há os sites de patrocínios coletivos, como novos canais e possibilidades.
  
Holofote Virtual: Existe a Banca do Escritor Paraense na Praça da República, funcionando aos domingos. Além da exposição e venda de livros, vocês realizam alguma outra atividade nestas domingueiras?

Cláudio Cardoso: A banca, segundo o cronista Raimundo Sodré, é nosso posto avançado, fora do evento literário anual da Pan-Amazônica e salões de livros. É uma forma de ter o livro, o escritor e muitos contatos todos os domingos na democrática Praça da República. Alguns lançamentos já aconteceram naquele espaço de um metro quadrado, que já existe há quatro anos e se tornou ponto de encontro de quem se interessa pela literatura Paraoara. 

Este ano vamos homenagear a banca dentro do Estande do Escritor Paraense, que inclusive influenciou outros escritores a realizar este tipo de encontro em outras localidades como o Airton Souza, em Marabá, e o Gilvan Pinto, em Monte Alegre.

Holofote Virtual: Quais encontros, feiras e outros eventos temos de literatura paraense no estado, não só em Belém?

Cláudio Cardoso: Além da Pan-Amazônica, há outras iniciativas de escritores como a FLIPA - Feira Literária do Pará, organizada em parceria com uma livraria local; o projeto A Noite é Uma Palavra, que acontece uma vez a cada dois meses, do CENTUR, e agora com novo formato, em bairros da cidade; o Salão do livro de Santarém e as feiras e semanas literárias em escolas, onde sempre participamos, como escritores convidados.

Holofote Virtual: Vocês estão com algum novo projeto? 

Cláudio Cardoso: Com relação ao Cordel, nosso objetivo é que este gênero literário seja reconhecido como disciplina escolar, como importante instrumento de apoio pedagógico, formador  de novos escritores e leitores. Futuramente esperamos realizar a I Feira de Cordel da Amazônia, com programação própria e calendário anual para sua realização.

Nenhum comentário: