Isabela do lago abre nesta sexta-feira, 19, a exposição “Terra
sobre Fogo – ventanias que teus olhos não viram”, sua primeira individual, na Galeria
Theodor Braga – Subsolo Centur. Projeto premiado no edital Pauta Livre 2017, a
mostra poderá ser visitada até 14 de junho, com visitação de segunda a sexta,
sempre das 9h às 18h. Entrada Franca.
A exposição conta com uma variação de suportes entre
pintura, instalação e vídeo, contendo ao todo 11 obras nascidas da fala, a
oralidade, a escuta de pessoas idosas, registrando essas pessoas em retratos e
na memória dos relatos de momentos importantes de suas vidas, vivências de
lutas e de tréguas, memórias políticas, experiências de fé, amores, dores,
fatalidades e outras situações, onde tudo o que resta de documentação é uma
imagem, um som, um símbolo.
A artista que completa 20 anos de trajetória artística, diz
que buscou imagens que fazem parte de suas memórias afetivas e outros caminhos
que apontam futuras armas de luta, “nesta terra onde a violência incendeia as
ruas e apaga os corações, andei muito em busca de caminhos onde pudesse
transmutar o tempo perdido em tempo redescoberto”, explica.
Terra sobre fogo antes de ser uma afirmação é um caminho de busca poética de uma visão muito íntima sobre a memória de diversas pessoas idosas com quem a artista conviveu, e ainda convive, aliadas à construção de pensamento da cultura tradicional de matriz africana, onde terra, fogo e vento transcendem dimensões temporais e espaciais nos acontecimentos.
“São fragmentos de lembrança e algumas poucas palavras onde a fala ecoa a historicidade e sacralidade dos anciãos e anciãs que vem sendo desqualificadas pela juventude, gerando incompletudes de memória e prejuízos para a preservação de muitos saberes ancestrais que ainda caminham por cima da folha, por baixo da folha, em qualquer lugar”, ressalta Isabela.
“Como diz o ditado popular, “palavras o vento leva”, é a essas palavras sopradas para longe que quero oferecer alguma vida, e buscar as ventanias que teus olhos não viram que falam as imagens produzidas para essa mostra, mas assim como o vento pode levar a memória para lugares distantes, o fogo pode queimar os corações e a terra pode acolher e germinar as cinzas, incorporando nessas memórias novas paisagens, retratos, objetos, instalações, cânticos e sabores dotados de poética e sentimento”, finaliza.
Poesia, memória e resistência
Isabela do Lago nasceu em 03 de maio de 1977, é Artista Visual e realiza ações urbanas, fotografia e pintura, também professora de arte formada pela Universidade Federal do Pará em 2003, é ativista atuante de diversos coletivos de arte e cineclubismo. Em sua trajetória, está a Antimoda - Ação urbana de 2006, com desfile de indumentária produzida com detritos urbanos. No mesmo ano ela recebeu Menção honrosa com instalação urbana no “Corta! - Festival Internacional de curta metragens do Porto”- Portugal.
A moça também trabalhou como Arte terapeuta no Centro de Referência Maria do Pará – Secretaria de Justiça do Estado do Pará atuando no combate e prevenção da violência contra a Mulher e, em 2009 apresentou Amor Venéris - ou um colar de brilhantes para uma pobre donzela
Fez co-produção de performance e vídeodança apresentada no projeto Casa de Caboco de intervenções artísticas para o Fórum Social Mundial 2009. Neste período até 2010, foi coordenadora do Projeto Resitência Marajoara, premiado pelo Edital de Interações Estéticas Funarte. Em 2012 realizou o projeto “Mulheres Líquidas – Exposição Coletiva de Mulheres Artistas Amazônidas”, também na Galeria Theodoro Braga- Belém Pará.
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