Djamila Ribeiro, feminista, pesquisadora e mestre em Filosofia Política |
A cantora e compositora Aíla, idealizadora do projeto ao lado da artista visual Roberta Carvalho, explica que o M.A.N.A. é uma iniciativa de afirmação artística das mulheres, uma resposta à lógica da produção cultural que as mantém à margem, não apenas da programação dos eventos, mas também de sua concepção.
“Na verdade, entendemos que essa lógica ainda não nos coloca nos lugares que merecemos ocupar. Queremos que a nossa arte ecoe, que a arte de todas as mulheres ecoe e esse festival é a forma que encontramos de fomentar isso”.
Voltadas exclusivamente ao público feminino, a série de oficinas começa com Renée Chalu, sócia da Se Rasgum Produções, responsável pela realização do Festival Se Rasgum e pelo Festival Sonido – Música Instrumental e Experimental. Ela ministra o workshop “Editais e Leis de incentivo: como impulsionar sua carreira com eles?” (vagas esgotadas), no dia 1º de junho.
A oficina vai abordar formas de estruturar projetos culturais para participar de editais e leis de incentivo, que podem viabilizar e impulsionar a carreira de mulheres artistas no Pará, um estado rico em talentos, mas que enfrenta grandes desafios em relação à produção cultural.
DJ TatáOgan |
No dia 2 de junho, o Slam das Minas, a primeira batalha de poesia falada/performada com participação exclusiva de mulheres do Brasil, compartilha a experiência do coletivo na oficina “Poesia é resistência”. O “slam” é uma batalha de poesias e, em sua maioria, tem eventos idealizados e ocupados por homens.
Para questionar esta lógica e promover a presença de mulheres nas competições, surgem todo o país movimentos como o Slam das Minas SP, que vem a Belém com seu time completo: Mel Duarte, Carolina Peixoto, Pamella Soares e Luz Ribeiro, que este ano foi finalista do Campeonato Mundial de Slam, realizado em Paris, na França.
A DJ TataOgan comanda o workshop “É com elas! Produção de beats e discotecagem”, que vai abordar conceitos e contextos da discotecagem, técnicas para seleção de músicas e como utilizar os programas disponíveis na internet para a produção de beats. TataOgan é percussionista e produtora musical, e dá destaque para a discotecagem da música afro brasileira, nordestina, Africana, Latina, MPB contemporânea e o underground eletrônico europeu.
Fomentar e fortalecer o protagonismo feminino
Slam das Minas SP |
Um dos destaques do evento é Djamila Ribeiro, filósofa e feminista negra de voz potente, que vem ao festival para falar sobre a intersecção do feminismo com as artes. Outro destaque é a oficina com o Slam das Minas SP, que traz à Belém Luz Ribeiro, primeira mulher a vencer o SLAM BR, e representante do país na Copa Mundial de Poesia, na França. Mel Duarte, Carolina Peixoto e Pamella Soares se juntam a ela para trocar com as rappers iniciantes e slammers paraenses sua experiência bem sucedida na organização do Slam das Minas em São Paulo.
A programação ainda contempla uma mostra audiovisual no Cine Líbero Luxardo, com curadoria da cineasta Jorane Castro, painéis que vão debater o empreendedorismo das mulheres nas artes, a relação das marcas com a música, as mulheres na guitarrada, o assédio sofrido por elas na produção cultural, entre outros temas.
Uma grande festa encerra o Festival, que levará ao palco, as performances das cantoras paraenses Sammliz e Aíla, além de convidadas especiais, e um encontro emblemático entre o Slam Dandaras do Norte e Slam das Minas SP. A DJ TataOgan vai comandar a pista durante os intervalos.
Serviço
Festival M.A.N.A. De 29 de maio a 3 de junho. Inscrições online para oficinas gratuitas (http://goo.gl/pblswP). Confira a programação completa do festival no Facebook do evento (Festival MANA). O evento tem patrocínio da Vivo, via Lei de Incentivo à Cultura Semear, Fundação Cultural do Pará e Governo do Estado do Pará.
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