Evna Moura |
Transbordando em cores, luzes, sons que vertem das imagens trançadas, tecidas e vividas, nove artistas visuais paraenses interpretam poemas de Adélia Prado e acabam dando vazão às suas verdades criativas, na mostra “Nós. Inteiras?”, que inaugura nesta terça-feira, 5, no Espaço Cultural Banco da Amazônia.
Licenças poéticas paridas por Ana Catarina, Elza Lima, Evna Moura, Fatinha Silva, Luciana Magno, Marise Maués, Paula Giordano, Tília Koudela e Ursula Bahia em fotos e vídeo. Compondo um tributo à poetisa e filósofa mineira Adélia Prado, a mostra provoca um (re) fundamento do valor histórico da mulher na arte, como aponta a fotógrafa Ana Catarina: “Com a licença poética da Adélia desdobramos a sua matéria – poesia - nas esquinas, águas, pedras, chão a transbordar do peito. São mulheres vistas, sentidas por todas nós e nós mesmas”.
Ela acredita que mobilizar as melhores energias na construção dessa mostra é uma maneira de reconhecer a existência de um tempo e lugar hostis para muitas, mas que não se bastam quando as próprias mulheres se excedem e reivindicam, com a vontade de alegria da poeta, um lugar na história da arte. Essa reivindicação é feita tendo como aparato muitas vezes o próprio corpo, evidenciado em trabalhos como o de Marise Maués que dialoga na mostra com as outras abordagens desse cosmos feminino. “É um corpo que sofre os impactos do dia a dia, que luta para conquistar o devido respeito”, descreve.
Para Ana Catarina a mostra traz em si uma diversidade que enriquece na contemplação dos múltiplos olhares, configurando uma oportunidade ímpar de crescimento. Tília Koudela acrescenta que a mostra a levou a reconstruir o olhar sobre o universo feminino, refletir e fortalecer a luta pelo reconhecimento do valor de todas as mulheres.
Lume-fêmea
Elza Lima |
Poemas da antologia “Com Licença Poética” – publicada em 2003 - inundam a exposição, com curadoria e edição de Fatinha Silva, Marise Maués e Paula Giordano.
A potência da obra de Adélia o lume-fêmea que ilumina e inspira as 21 imagens fotográficas e um vídeo expostos pelo espaço, trazendo a água que pulsa pelas veias, pela carne e espírito diáfano dos retratos de Evna Moura e Elza Lima.
Tília Koudela e Ursula Bahia registram como à risca, na pele, se traçam as marcas da região e a ancestralidade das amazônidas enquanto que o luminoso contorno das formas femininas revela-se perante Fatinha Silva, Marise Maués e Paula Giordano. Um caminho cheio de flores e espinhos é trilhado por Ana Catarina sem esmorecer, com a força e a alegria da mãe natureza. Por fim, com punhos em riste, para lutar sempre, a mulher que funda reinos, em Luciana Magno.
Ana Catarina |
Assim as artistas vão se identificando com as mulheres retratadas nos poemas. “Não tenho mais tempo algum, ser feliz me consome!", escreveria Adélia Prado. E completa: “Que a poesia use de todos os meios de transporte para visitar os homens.” Ou no caso, todas as pessoas que assim permitirem ser visitadas pela sensibilidade da poeta e das nove fotógrafas paraenses.
Serviço
Mostra fotográfica “Nós. Inteiras?”. No Espaço Cultural Banco da Amazônia (Av. Presidente Vargas, 800 – Campina). Abertura nesta terça-feira, 5, às 18h30. Entrada Franca. Visitação: 06/02 a 05/04/2019 - Seg a Sex, das 09 às 17h. Agendamento de Escolas: (91) 99116-4988.
(Texto: Assessoria de imprensa)
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