10.8.23

Somos Guardiões ganha sessão especial em Belém

A estreia no Brasil será em outubro no Festival do Rio, mas em Belém, houve uma espécie de avant premiere, para uma plateia seleta que lotou o Teatro Gasômetro, na última segunda-feira (7). A sessão que contou com a presença da secretária de estado Puyr Tembé e a ministra dos povos indígenas, Sonia Guajajara.

Na semana da Cúpula da Amazônia, em Belém do Pará, quando todas as atenções estão voltadas para a Amazônia, a sessão realizada naquela noite, após o encerramento do Fórum Internacional de Cultura, Sustentabilidade e Cidadania Climática, teve como intenção sensibilizar pessoas influentes e interessadas a reverter a situação que os povos indígenas.  

"Queremos mostrar o filme em lugares onde estejam as pessoas que tenham oportunidade de tomar decisões e proteger a Amazônia. Aqui há muitos convidados e vários políticos do Brasil que podem contribuir positivamente. O filme quer tocar o coração do mundo, não temos tempo, precisamos todos nos tornar também guardiões da floresta”, me disse Chelsea Greene, diretora do filme. 

Celebração com brado de "Nunca mais um Brasil sem nós!" 

"Somos Guardiões", documenta líder e ativista indígena Puyr Tembé, atualmente Secretária de Estado dos Povos Indígenas, e o guardião florestal Marçal Guajajara, seu marido, na luta para proteger seus territórios do desmatamento. Fala sobre a luta e desafios enfrentados pelos povos indígenas com invasores, madeireiros e garimpeiros, e suas conexões com o mercado internacional para a extração ilegal de madeira. 

A primeira cena corta a alma. Uma árvore avaliada em mais de 500 anos tombando após o golpe fatal de uma motosserra. Os homens que as executam, literalmente, por sua vez, dizem fazer isso pela sobrevivência. “É um filme de perspectivas”, diz Chelsea Greene. Ela e Rob Grobman são cineastas ambientais americanos e diretores do filme, que conta com produção de Fisher Stevens. 

“Cada personagem tem um ponto de vista, um lado a ser mostrado. Tem um que é um madeireiro ilegal. Tem também um proprietário privado que comprou terras na década de 70 para fazer um hotel ecológico, com objetivo de manter protegida a floresta no entorno, mas que nos últimos 20 anos viu tudo ser invadido. Mais recentemente, ele descobriu que havia uma vila dentro de sua área”, continua a diretora.

O filme também discute a corrupção que ocorre em diversos meios, incluive o político, em todas as esferas, da municipal até a federal. Retrata a situação da floresta e a ausência de poliíticas ambientais no período político com Bolsonaro e chega até a vitória de Lula para presidente da República. “Agora vamos ver o que vai acontecer, porque ainda há muita coisa a ser feita. A situação é muito grave”, comenta Chelsea.  

Tudo que vemos e ouvimos na projeção, no indigna, pois nos coloca de frente com imagens devastadoras, mas também traz esperança, porque estamos aqui hoje tentando reverter a lógica econômica capitalista. 

A Ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara e a Secretária Puyr Tembé fizeram falas sobre o quanto é necessária a presença dos povos indígenas na floresta, a protegendo e usufruindo de seus direitos, mas também em Brasília, garantindo esses direitos e a frente das decisões políticas, que colocam em jogo suas vidas, tradições e direitos. E encerraram com o brado de "Nunca mais um Brasil sem Nós", muito canto e dança. 

Festivais - O filme já passou pelo Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, Festival de Cinema da Human Rights Watch e pelo HotDocs, entre junho e maio. Será exibido no Montreal First Peoples Festival no próximo dia 13 de agosto, mas em Belém, um grupo seleto assistiu em primeira mão a produção.

Para saber mais sobre a Campanha Somos Todos Guardiões (mais que um filme, um movimento) acesse: www.weareguardians.com

Fotos: @holofote_virtual

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