O Seminário vai receber os arte educadores e produtores dos materiais educativos, e pretende reunir representantes de entidades e profissionais que compõem o Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente do Município de Igarapé-Miri, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Empresários da Cadeia Produtiva do Açaí.
A programação conta com a mesa de abertura com autoridades além de um bate-papo com o público de como potencializar o uso dos materiais educativos no enfrentamento ao Trabalho Infantil. Haverá ainda a premiação dos alunos que participaram da seletiva do projeto “MPT na escola” e apresentações artísticas de Teatro e Teatro de Bonecos da Rádio Margarida.
As problemáticas do trabalho infantil na cultura do açaí são abordadas em materiais educativos audiovisuais, refletindo uma realidade enfrentada no município. Ao todo são 5 radionovelas, com temáticas do trabalho infantil em toda a cadeia produtiva do açaí, com objetivo de apoiar professores em sala de aula e os profissionais que atuam com crianças e adolescentes em secretarias públicas diversas, na sensibilização e informação da população e principalmente as famílias dessas crianças sobre danos e riscos do trabalho infantil.
“Nosso principal objetivo é sensibilizar e alertar para as consequências desse trabalho infantil. São várias situações, desde a subida com a peçonha até a própria venda. Nos vídeos educativos incluímos informações dos acidentes que tem chegado aos hospitais e também é interessante trabalhar tanto as radionovelas, quanto os vídeos nos próprios hospitais, para que eles façam a notificação dos casos que chegam”, diz Eugênia Melo, da Rádio Margarida.
Ela informa que muitas das vezes, as crianças e adolescentes quando se ferem mãos, quebram pé, a questão é tratada e notificada como acidente doméstico. "O certo é acidente no trabalho, já que nem acidente de trabalho é, uma vez que adolescentes de até 14 não devem trabalhar", afirma.
A Rádio Margarida já produz há algumas décadas esse materiais audiovisuais educativos, num trabalho instrumental que realiza com propriedade, falando de maneira adequada, com um linguajar simples objetivo para que a mensagem chegue corretamente e de forma delicada às pessoas.
“Incluímos elementos culturais de cada região em que estamos tratando e também temos cuidados em relação aos temas que estão sendo abordados, exercitando aquilo que diz respeito ao nosso método de educação, que é a comunicação, o sentimento e ação transformadora”, diz Osmar Pancera, fundador da Rádio Margarida.
Os materiais audiovisuais e sonoros produzidos pela Radio Margarida abordam o assunto do trabalho infantil e adolescente na colheita do açaí por meio de temáticas como cultura, questões socioeconômicas, a educação no contexto de colheita do açaí, além dos enfrentamento e a complexidade que envolve o Trabalho Infantil. Após o lançamento, o novo acervo estará disponíveis, no site da Ong e do MPT, para que as pessoas possam acessar de forma gratuita.
O trabalho infantil na cultura do açaí
O fruto tradicional da cultura alimentar paraense chega a movimentar cerca de R$ 1,57 bilhão da economia local (IBGE-2020). Além dos adultos, porém, crianças e adolescentes também acabam se envolvendo nesta cadeia produtiva, provocando a evasão escolar e problemas de saúde. Os dados levaram a ONG Rádio Margarida a desenvolver no município, o projeto de Conscientização do Trabalho Infantil e Adolescente na Colheita do Açaí.
O projeto de Conscientização do Trabalho Infantil e Adolescente na Colheita do Açaí, realizado em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT-PA) e com apoio da Secretaria Municipal de Educação de Igarapé-Mirim, possibilitou a produção de uma série de vídeos (docuficção) e radionovelas, que abordam as problemáticas envolvendo o trabalho infantil, com objetivo de conscientizar e trazer informações à população miriense sobre os prejuízos causados no pleno desenvolvimento de jovens e adolescentes que trabalham na cadeia produtiva da colheita do fruto.
Essas crianças e adolescentes são do gênero masculino, que geralmente trabalham como peconheiros, que são aqueles que sobem diariamente nas palmeiras com a “peconha” (espécie de corda feita a partir de folhas do açaizeiro ou de sacas plásticas). Por serem crianças tem o corpo pequeno e mais leve, no momento de “apanhar” o açaí pode-se evitar a quebra das árvores, por isso, também que esses jovens são utilizados para a atividade.
Além da “peconha”, os instrumentos utilizados para o trabalho são os paneiros, rasas, facas e “terçados” (facões) e botas para se proteger de animais peçonhentos que vivem nas áreas de várzea. A utilização de armas brancas também proporciona um risco para aquela criança/adolescente durante a colheita. Muitas delas sofrem acidentes quando se desequilibram e caem durante a realização do trabalho.
Serviço
Lançamento dos Materiais Educativos da Rádio Margarida, no Seminário de Prevenção e Combate ao Trabalho Infantil. Dia 17 de agosto de 2023, às 9h, no auditório da Escola Municipal Eurídice Marques – Igarapé-Miri.
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