13.10.23

Alberto Silva Neto volta aos palcos após 20 anos

"Momo" é um ato poético que revela a trajetória de vida do ator, numa criação cênica que aposta no relato pessoal como base dramatúrgica. A curta temporada vai de 12 a 14 de outubro, às 20h, na Casa dos Palhaços (Travessa Piedade, 533), ao preço único de R$ 20.

Praticar o teatro como busca de si: eis um propósito que sempre mobilizou Alberto Silva Neto, como encenador e pesquisador. Em MOMO, o artista radicaliza e assume a cena para atuar sua própria trajetória de vida, com ênfase na relação com o pai, Eduardo. 

A dramaturgia inclui três cartas trocadas na década de 1960 entre seu pai e seu avô Alberto, de quem herdou o nome, além do texto que escreveu por ocasião da morte de Eduardo, em abril de 2007. No final, Alberto apresenta sua “Carta para a vida”, escrita com as palavras de autores que o acompanham, como Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Max Martins, T.S. Eliot, Nietzsche e, principalmente, Antonin Artaud.

Nomeado com o apelido que designa o idiota — aquele cujas palavras não se compreende, mas são reveladoras de verdades inquietantes —, MOMO é caracterizado como ato poético porque jamais foi ensaiado ou construído como um espetáculo de teatro convencional. 

Pode ser lido como um acontecimento que se instaura entre o ator e as pessoas que testemunham sua confissão. Foi assim nos últimos três meses, durante sessões para convidados realizadas no Teatro do Desassossego, com acompanhamento psicopoético de Wlad Lima através das Clínicas do Sensível, que aproximam arte e estudos da psique.

Há, portanto, o convite para o encontro humano. “Meu desafio é por na mesa, sem disfarce, minha própria história de vida”, resume Alberto. 

É nessa perspectiva que o artista convoca as palavras de Antonin Artaud. Esse ator e escritor francês considerado clinicamente louco, que viveu na primeira metade do Século XX,  sempre acreditou no teatro como veículo para tocar verdadeiramente a existência humana. Na dramaturgia de MOMO, esse pensamento atravessa os relatos íntimos e pessoais do ator. Isso faz desta atuação de Alberto Silva Neto a busca por um ato visceral, quiçá capaz de acessar estados alargados de consciência.

Conheça o ator

Alberto Silva Neto começou no teatro em 1987, como ator. Teve passagem por importantes grupos do teatro paraense como Experiência, Palha e Cuíra. 

Em 1989, foi cofundador do Grupo USINA, no qual atuou o monólogo Primeiro Milagre do Menino Jesus (1993), A vida é sonho (1998) e o solo Drummond em cena (2002). Em 2004, assumiu a direção artística do grupo e, em duas décadas, exerceu as funções de dramaturgo, encenador e diretor nos espetáculos Tambor de Água (2004), Parésqui (2006), Solo de Marajó (2009), Eutanázio ou o princípio do mundo (2010) e Pachiculimba (2017). 

É Doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com a tese MALOCORPO DO ATOR – Diálogos entre processos de atuação e saberes de povos ameríndios. Desde 2009, é professor e pesquisador na Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA), onde atualmente ministra disciplinas de teorias do teatro e atuação cênica, para o Curso de Licenciatura em Teatro. Também coordena, desde 2022, a pesquisa PACATU – Práticas para Autonomia Criadora do Atuante. Além do teatro, Alberto possui experiência no audiovisual desde 2002, com atuação em quatro filmes de longa metragem e três séries.

Serviço

MOMO, um ato poético criado por Alberto Silva Neto. Acompanhamento psicopoético de Wlad Lima (Clínicas do Sensível). Temporada de 12 a 14 de outubro, às 20h, na Casa dos Palhaços (Travessa Piedade, 533), ao preço único de R$ 20. Ingressos na bilheteria, uma hora antes de cada sessão. Duração média: 70 minutos.


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