Praticar o teatro como busca de si: eis um propósito que sempre mobilizou Alberto Silva Neto, como encenador e pesquisador. Em MOMO, o artista radicaliza e assume a cena para atuar sua própria trajetória de vida, com ênfase na relação com o pai, Eduardo.
A dramaturgia inclui três cartas trocadas na década de 1960 entre seu pai e seu avô Alberto, de quem herdou o nome, além do texto que escreveu por ocasião da morte de Eduardo, em abril de 2007. No final, Alberto apresenta sua “Carta para a vida”, escrita com as palavras de autores que o acompanham, como Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Max Martins, T.S. Eliot, Nietzsche e, principalmente, Antonin Artaud.
Nomeado com o apelido que designa o idiota — aquele cujas palavras não se compreende, mas são reveladoras de verdades inquietantes —, MOMO é caracterizado como ato poético porque jamais foi ensaiado ou construído como um espetáculo de teatro convencional.
Há, portanto, o convite para o encontro humano. “Meu desafio é por na mesa, sem disfarce, minha própria história de vida”, resume Alberto.
É nessa perspectiva que o artista convoca as palavras de Antonin Artaud. Esse ator e escritor francês considerado clinicamente louco, que viveu na primeira metade do Século XX, sempre acreditou no teatro como veículo para tocar verdadeiramente a existência humana. Na dramaturgia de MOMO, esse pensamento atravessa os relatos íntimos e pessoais do ator. Isso faz desta atuação de Alberto Silva Neto a busca por um ato visceral, quiçá capaz de acessar estados alargados de consciência.
Conheça o ator
É Doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com a tese MALOCORPO DO ATOR – Diálogos entre processos de atuação e saberes de povos ameríndios. Desde 2009, é professor e pesquisador na Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA), onde atualmente ministra disciplinas de teorias do teatro e atuação cênica, para o Curso de Licenciatura em Teatro. Também coordena, desde 2022, a pesquisa PACATU – Práticas para Autonomia Criadora do Atuante. Além do teatro, Alberto possui experiência no audiovisual desde 2002, com atuação em quatro filmes de longa metragem e três séries.
Serviço
MOMO, um ato poético criado por Alberto Silva Neto. Acompanhamento psicopoético de Wlad Lima (Clínicas do Sensível). Temporada de 12 a 14 de outubro, às 20h, na Casa dos Palhaços (Travessa Piedade, 533), ao preço único de R$ 20. Ingressos na bilheteria, uma hora antes de cada sessão. Duração média: 70 minutos.
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