26.5.12

Filme de Antonioni na sessão do cineclube do IAP

Marco do cinema ‘psicologico’ e emocional, “A Aventura”, filme do italiano Antonioni, será exibido nesta segunda, 28, às 19h, no Cineclube Alexandrino Moreira do IAP. A ausência da comunicação, a apatia e o tédio perante a vida, são a força motriz desse filme que basicamente, trata do desaparecimento de uma jovem durante um passeio numa ilha do Mediterrâneo. 

Sua melhor amiga, interpretada por Monica Vitti, começa a procurar em outras ilhas, com a ajuda do namorado da desaparecida. Eles logo se envolvem - talvez por falta do que fazer -, e seus conflitos acabam sobrepujando a busca. Vitti, com toda sua beleza palacina, imprime uma presença perturbadora. 

E isso é reforçado pela aparente realidade na qual a história se passa, traçando um paralelo com o olhar subjetivo que é impresso no olhar de Vitti, transmitindo uma sensação de ‘vazio’ desolador. Para Antonioni, os relacionamentos afetivos entre casais parecem nunca encontrar uma saída satisfatória. Essa premissa seria muito perseguida por nomes como Richard Linklater, Adrian Lyne e, principalmente, por Wong Kar Wai, décadas depois.

O amor é idealizado e difícil de ser alcançado, mas isso não faz a personagem de Vitti, menos sedenta de experimentá-lo em “A Aventura, talvez o filme mais enigmático e ‘aberto’ da trilogia – completada por “A Noite” e “O Eclipse”, todos com ela. 

A apatia burguesa é sutilmente realçada nessa obra, quando um desaparecimento passa a não provocar muitas reações, até por que a mulher parece ter sido ‘engolida pela terra’. 

O drama humano dos casais é mais importante, já que eles têm dificuldade de reter a imagem da amiga sumida em suas mentes, inclusive pelo fato de, não se unirem para achar uma solução, mas o fato servir como um estopim para se distanciarem um dos outros e seu fecharem nos seus próprios devaneios. 

Antonioni buscou assim reforçar o comportamento de pessoas no pós-guerra, com a crescente interiorização dos sentimentos, procurando traduzir em linguagem cinematográfica o que parecia ser privilegio da literatura. O filme ganhou um Globo de Ouro, um prêmio especial do cinema inglês e pela musica de Giovanni Fusco, um do cinema italiano. 

A exibição, programada pela Associação de Criticos de Cinema do Pará, além de possibilitar a difusão de um grande filme, presta homenagem a outro mestre, Tonino Guerra, um dos responsáveis por revigorar o roteiro tradicional. Poeta e autor desse e de outros argumentosmaravilhosos como “Blow Up”, de Antonioni, e “Amacord”, de Felinni.

Serviço
Sessão ACCPA/IAP apresenta “A Aventura”, de Michelangelo Antonioni. Nesta segunda, dia 28, às 19h, no Cineclube Alexandrino Moreira (IAP - Praça Justo Chermont, 236, ao lado da Basílica de Nazaré). Entrada Franca. Inadequado para menores de 12 anos. Após o filme, debate entre o público e membros da Associação de Críticos de Cinema do Pará.

(com informações de Lorenna Montenegro, da assessoria de imprensa da ACCPA)

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