15.5.14

Pauta Mínima abre com obra Sem Pé nem Cabeça

Fotos/acervo: Holofote Virtual
A produção mistura as linguagens do sapateado, circo, performance, multimídia e música. “Sem Pé nem Cabeça: Sapateando na Corda bamba” chega ao público, este ano, após ser contemplado, em 2013, pelo edital Papim da UFPA e Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz. A temporada no Teatro Cuíra, na 2ª temporada do projeto Pauta Mínima, vai desta quinta ao próximo domingo, sempre às 20h, com ingressos a R$ 10,00 (meia para estudantes).

A primeira coisa que se pensa, pelo título, é que se trata de uma grande confusão. “Sem Pé nem Cabeça” é uma expressão popular, que significa algo completamente sem sentido. Mas, embora misture linguagens, não é do que se trata, muito pelo contrário, o espetáculo é resultado de um projeto acadêmico intitulado Interfaces performáticas: ensino, pesquisa e criação artística, da professora Erika Gomes.

Da academia acabou se tornando um espetáculo levado ao palco ano passado e que agora volta à cena com o Pauta Mínima, projeto que selecionou 10 trabalhos de teatro, dança ou circo, para temporadas no Teatro Cuíra, até o final do ano.

O trabalho que abre a programação reúne cenas de dois universos artísticos, o do sapateado e o do circo, criadas sob o olhar da Linguagem da Performance.  “Sem Pé nem Cabeça” traz como proposta, a ruptura com o tradicional e com tudo aquilo que remete ao pré-estabelecido.  Subvertendo o espaço, o trabalho provoca a interação com o público, a improvisação, o inusitado, o risco, entre outras características inerentes a essa linguagem.

A estreia, no ano passado foi muito bem recebida pelo público. A diretora Érika Gomes diz que essa boa aceitação tem a ver com um segredo: saber trabalhar a interação destas linguagens, sem se perder em devaneios.

“Tive a preocupação em não cair na armadilha de fazer um espetáculo circense, onde o sapateado estivesse inserido, mas sim, um espetáculo que destacasse o sapateado, já que minha experiência estava mais voltada para essa área do que para as artes circenses, porém me encantava o fato de ter em cena o clown, por tudo àquilo que ele representa: a alegria, a ingenuidade, a verdade, enfim, tudo isso permeado pela Linguagem da Performance”, diz ela.

O processo criativo iniciou no final do mês de abril, no ano passado, e as primeiras ideias relacionadas ao espetáculo, foram construídas a partir de muito diálogo entre Rosângela e a professora Maria Ana Azevedo, que prestou consultoria para o espetáculo.

“Assistimos a vídeos e filmes de sapateado, entre eles Dança Paixão e Fama, o qual nos impulsionou para mergulharmos no universo da Linguagem da Performance. Buscamos também conhecer um pouco mais sobre o circo, principalmente sobre o clown. Para isso, tivemos algumas oficinas de clown com o Professor Cláudio Dídima e praticamos as técnicas de tecido aéreo e trapézio, ministradas pelo bolsista do projeto, Clediciano Cardoso, artista circense”, continua

O espetáculo também traz como traço marcante, a trilha sonora, presente, que dialoga profundamente com a performance, dando ênfase às cenas. 

“Optamos por utilizar a música ao vivo, a sonoplastia e o canto, executados pelos próprios intérpretes-criadores, em alguns momentos, e orientados pelos músicos Diego Vattos e João Urubu. Isso também nos possibilitou uma maior interação com o público, já que em alguns momentos, estes participam da composição musical também”, explica.

O figurino e a pesquisa fogem do óbvio. É uma fuga do tradicional. Os alunos do Curso Técnico de figurino da UFPA, coordenados pela professora Ézia Neves, assinaram o desenho, que foi executado pelo aluno Alex Wendel.

O elenco é composto por ex-alunos dos Cursos Técnico e Licenciatura em Dança da UFPA, alunos do Curso de Licenciatura em Teatro da UFPA, alunos do Curso Técnico em Música da UFPA, e pessoas da comunidade.

“A criação do espetáculo foi toda pautada na construção coletiva colaborativa, onde todos os envolvidos tiveram voz ativa durante o processo. O elenco, o iluminador (Breno Monteiro), o cenógrafo (Lauro Souza), os músicos, os diretores de vídeo (Pedro Tobias e Laíra), e os demais alunos envolvidos com a criação, tiveram liberdade total para propor ideias para o espetáculo”, informa.

Para Rosângela, o espetáculo proporciona uma visualidade e concepção ainda raras em Belém, em ações que envolvam a arte do sapateado.

“Acredito que o Sem Pé Nem Cabeça possa abrir espaço para outras criações que se voltem para esta área. É bom voltar à cena nesta nova temporada, ampliando as possibilidades criativas desse espetáculo e divulgando cada vez mais o sapateado em Belém e também em outras cidades do nosso estado”, conclui.

Serviços
"Sem Pé Nem Cabeça: Sapateando na Corda Bamba", de 15 a 18 de maio, às 20h, no Teatro Cuíra (Na rua 1º de Março, esquina da Riachuelo), dentro da programação da 2ª edição do Projeto Pauta Mínima.

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