7.12.15

FICCA soma com festivais descentralizados do país

O Festival Internacional de Cinema do Caeté abre nesta terça-feira, 8 de dezembro, às 19h, no campus da UFPA em Bragança. Seguindo uma tendência interessante que percebemos se instalar no país nestes últimos anos, possui características próprias e foge a formatos tradicionais. Até 11 de dezembro, suas ações incluem a exibição de curtas, médias e longa metragens, ocupando vários espaços na cidade e na praia de Ajuruteua, além de atividades em feira livre e numa comunidade quilombola, sempre abordando questões contemporâneas de interesse, impacto, reflexão e ação social e cultural.

Festivais de cinema são vitrines para a produção audiovisual brasileira. Novos realizadores ganham a chance de mostrar seus trabalhos, junto a obras de diretores consagrados, que geralmente lançam nestes espaços seus filmes, antes deles chegarem ao circuito comercial. 

Mais do que isso, mostras e festivais de cinema são espaços de vivência e de oportunidade para discutir questões ligadas à produção audiovisual e assuntos relevantes social e culturalmente no país e para as cidades em que são realizados.

Com sede numa cidade situada na zona do salgado paraense, a 200 quilômetros da capital, Belém, a ideia de realizá-lo se concretizou ano passado, mas é resultado de vários anos de ações no âmbito audiovisual e artísticas encampadas por Francisco Weyl, realizador bragantino, idealizador e coordenador do FICCA, junto com um coletivo de pessoas afins.

No FICCA, além de mostras competitivas e homenagens, há incentivo ao olhar crítico e estímulo à produção audiovisual de forma descentralizada, utilizando a tecnologia disponível na comunidade.

Abertura tem performance longa convidado e 
conferencia relâmpago


A programação desta terça-feira, 8, conta com a presença de autoridades, imprensa e público da cidade, além de convidados de Belém, Rio de janeiro e Cabo Verde. A abertura inicia às 19h, com o poeta Denis Girotto de Brito, o Mestre de Ceriônias. Haverá participação especial do escritor e roteirista Edson Coelho, que fará uma conferência relâmpago, e da atriz Rosilene Cordeiro, que apresentará uma performance. 

Também será exibido o longa metragem convidado “Órfãos do Eldorado”, do diretor carioca Guilherme Coelho, inspirado na obra homônima de Milton Hatoun que traz além de Dira Paes e Daniel Oliveria, no elenco, vários outros atroes paraenses, inclusive Adriano Barroso, que também está integrando o júri do festival, e ficará disponível para bater papo com o público interessado, após a exibição do longa. 

Durante o festival, estarão abertas na UFPA - Campus Bragança, as exposições de fotografias: “Artesãos das Águas”, do projeto Artesãos das águas: Programa de valorização dos mestres dos saberes da carpintaria naval na Amazônia, coordenado por Roberta Sá Leitão Barboza; e “Tributo à Cirene Guedes”, um fotovaral da fotógrafa bragantina Raimunda Weyl, em homenagem a poeta bragantina, Cirene Guedes.

Nos dias 9 e 10, paralelo às mostras, o FICCA promove visitas do júri e rede de apoio à Câmara Municipal de Bragança, ao Mirante da Vila Que Era, onde surge o primeiro núcleo urbano de Bragança, à Comunidade Quilombola do América, onde será realizada uma da de conversa, e à vila Bonifácio, na praia de Ajuruteua. NO dia 11, o encerramento inicia pela manhã, na feira ao ar livre da cidade, com direito à roda de carimbo, com participação dos percussionistas e artesãos Flávio Gama e Ronaldo Curuperé.

O encontro da arte popular com o cinema será diante da barraca do Paixão Santana e ao lado da Barraca da Bacana, que serve o almoço oficial do FICCA nesse dia. A cena acontece entre 10h e 14h. E à noite os tambores voltam a vibrar para o concerto do projeto #ACOISA, que encerra oficialmente o festival, na UFPa.

O que vamos ver no FICCA

Em primeiro lugar, filmes inéditos, produções recentes de 2014 e 2015, como os quatro longas de ficção que estão no páreo: “Teobaldo Morto, Romeu Exilado” (118 minutos/ Espírito Santo, 2014), de Rodrigo Oliveira; “Sinfonia da Necrópole”, de Juliana Rojas (85 minutos/São Paulo, 2014); “Invasores” (82 minutos/Distrito Federal, 2015), de Marcelo Toledo; e “Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois” (82 minutos/Ceará, 2015), de Petrus Cariry. 

A programação traz ainda vários curtas e médias metragens, documentários ou de ficção, entre eles dois filmes paraenses, os documentários “O Time da Croa” (Documentário / 26 minutos), de Jorane Castro, filmado em 2013, na praia de Ajuruteua, durante os preparativos para a Copa do Mundo.  E “Memórias do Cine Argus” (Documentário / 20 minutos), de  Edivaldo Moura. Finalizado entre 2014 e 2015, o documentário foi realizado a partir das pesquisas do diretor sobre o cinema de rua que marcou a história do município de Castanhal (PA).

No âmbito internacional, dois curtas de ficção estão na programação. "O lobisomem mora em Bragança", de 7 minutos, vindo de Portugal, e “Nada Além de Hoje", da diretora Gabby Egito, que no LABRFF (Los Angeles Brazilian Film Festival) de 2012, ganhou o prêmio de melhor curta por seu filme “Coisado” (Stuffed).

O filme é um drama psicológico que recria o último dia da vida da dona de casa Martha Michaels (a atriz alemã Ilka Urbach), por meio de flashbacks e depoimentos das pessoas que a conheciam, mesclando técnicas de ficção e documentário na narrativa.

Este ano os filmes foram inscritos 56 filmes dos quais 26 deles estão concorrendo a prêmios de Melhor Documentário, Melhor Longa-Metragem (acima de 60 minutos), Melhor Média-Metragem (entre 25 minutos e 60 minutos), Melhor Curta-Metragem (até 24 minutos), além dos prêmios Imagem-Tempo (categorias: cenografia, figurino, fotografia, maquiagem - independentemente de tema, tempo e/ou categoria), Imagem-Movimento (categorias: trilha sonora, montagem, roteiro, direção - independentemente de tema, tempo e/ou categoria) e Júri Popular.

Júri traz realizadores, jornalistas e produtores culturais

Sérgio Santeiro
Além de Adriano Barroso, o FICCA traz para o júri deste ano, o cineasta carioca Sérgio Santeiro, praticamente uma lenda viva do cinema brasileiro.

Militante da causa do cinema independente brasileiro, um dos fundadores da Associação Brasileira de Documentaristas, um dos presidentes da ABD Nacional (1997-99) e grande batalhador pela implantação da Lei do Curta nas décadas de 1970-80, como diretor e roteirista, realizou exclusivamente filmes de curta-metragem, em geral documentários marcados por um forte sentido de experimentação.

Carlos Sá Nogueira
Também faz parte do júri, Carlos Sá Nogueira Borges, jornalista político e cultural, cabo-verdeano.

Licenciado (2003) em Ciências da Comunicação, vertente Jornalismo pela Universidade da Beira Interior, em Portugal, também é Pós-graduado em “Direito Municipal, do ordenamento do território, do urbanismo e da construção”, pelo Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais – Cabo Verde.

“Sinto-me muito honrado por ter sido escolhido pelo jornal Tribuna do Salgado e pela Universidade Federal de Pará, para integrar a comissão dos jurados desse festival da sétima arte em Belém de Pará, no Brasil”, disse em entrevista ao Jornal Liberal, de cabo Verde.  O convite é fruto de parceria do jornal Tribuna do Salgado e da Universidade Federal do Pará, com o governo de Cabo Verde.

Além deles, também integram o júri, esta jornalista que aqui lhes escreve, a produtora cultural Adriana Trindade, com atuação em Bragança, o realizador San Marcelo, que preside o júri, junto com Francisco Weyl, da coordenação.

Fortalecendo a rede FICCA

Em 2014, o FICCA em sua primeira edição recebeu dezenas de inscrições, realizou oficinas e bate papos. Contou com apoio da prefeitura, de alguns empresários e muitos colaboradores.

Não houve, como este ano também não, captação de recursos. Significa dizer que está sendo realizado de forma independente e com muita vontade por parte de pessoas que acreditam no que fazem e acabam convencendo outros. Em seu segundo ano consecutivo, o festival ganhou novos apoios e reafirmou antigas parcerias.

Iniciativa do Jornal Tribuna do Salgado, firmou parceria com a Universidade Federal do Pará (campus Bragança), Projeto Aluno Repórter, Rede Cultura de Comunicação, Prefeitura municipal de Bragança, Semed e Academia de Letras do Brasil – Seccional Bragança, e também conta o apoio cultural da Câmara Municipal de Bragança, Hotel Alternativo, Hotel Aruans, Casarão, Hotel Palace, Hotel Solar do Caeté, Restaurantes Trópicos, Grafipel Magazine, EEEFM Rio Caeté Rio Caeté, EMEIF Domingos de Sousa Melo, EMEF Américo, Pinheiro de Brito, Conj. Res. João Mota II (Minha Casa Minha Vida), SESI-Bragança, Fila.Com,  Gráfica São João Batista, Restaurante São Benedito, Hamburgueria Grill Mix, Cleudir Costa Contabilidade, Sítio “#NÍGRIA.

“Tal qual os esmoleiros que constroem - sol à sol - a fé, e a festa do protetor-santo preto-Benedito, estas pessoas fazem a cena bragantina arder ainda mais no coração da cidade. Há que reconhecer esta resistência política, econômica, e cultural, ‪#‎CAETEUARA‬”, diz Francisco Weyl.

Não por acaso, este ano, além de premiar filmes, o festival também vai homenagear estes produtores e incentivadores da cultura de Bragança, pessoas físicas ou jurídicas, concedendo-lhes a Comenda Cultural da #REDEFICCA. As homenagens decorrem durante o anúncio dos vencedores do festival (11/12), quando serão conhecidos os filmes premiados nas suas respectivas categorias. 


PROGRAMAÇÃO

DIA 8/12 - TERÇA-FEIRA
19h às 22h > UFPA (ABERTURA)
Composição da Mesa
Apresentação da Comissão de Juris Oficial
Conferência-Relâmpago do escritor Edson Coelho de Oliveira
Perfomance da atriz Rosilene Cordeiro
Projeções de filme ÓRFÃOS DE ELDORADO (Guilherme Coelho)

DIA 9/12 – QUARTA-FEIRA

DIA 9/12, 9h às 12h  > Projeções de filmes para o Juri Popular
SALA DE VÍDEO DO SESI /BRAGANÇA (Documentários)
SALA DE VÍDEO DA ESCOLA RIO CAETÉ (Curtas-Metragens)
AUDITÓRIO DA UFPA – CAMPUS BRAGANÇA (Longas e Médias)

DIA 9/12, 9h às 11h > 
Visitas institucionais dos jurados (PREFEITURA/CÂMARA)

DIA 9/12, 12h às 15h > INTERVALO / Entrevistas dos jurados à comunicação social

DIA 9/12, 15h às 18h  > Projeções de filmes para o Juri Popular
SALA DE VÍDEO DO SESI /BRAGANÇA (Documentários)
SALA DE VÍDEO DA ESCOLA RIO CAETÉ (Curtas-Metragens)
AUDITÓRIO DA UFPA – CAMPUS BRAGANÇA (Longas e Médias)

DIA 9/12, CONJ.JOÃO MOTA II (MINHA CASA MINHA VIDA)
15h às 18h > RODAS DIALÓGICAS >
20h às 22h > PROJEÇÕES COMENTADAS:
O Que Fica (Ficção / 20 minutos / Daniella Saba / São Paulo, 2014)
Eu queria ser arrebatada, amordaçada e nas minhas costas, tatuada (Ficção / 17 minutos / Andy Malafaia / Rio de Janeiro, 2015)
Retrato de Dora (Documentário / 15 minutos / Bruna Callegari / São Paulo, 2014)
O Vôo (Documentário / 11 minutos / Manoela Ziggiatti / São Paulo, 2015)
Janaína Colorida Feito o Céu (Ficção / 15 minutos / Babi Baracho / Rio Grande do Norte, 2014)

DIA 10/12 - QUINTA-FEIRA

DIA 10/12, 9h às 12h  > Projeções de filmes para o Juri Popular 
Sala de vídeos SESI /Bragança (Curtas-Metragens)
Sala de vídeo Escola Rio Caeté (Documentários)
Auditório UFPA – Campus Bragança
(Curtas-Metragens e Documentários)

DIA 10/12, 9h às 11h > Visitas institucionais dos jurados 
(Mirante/Vila Que Era)

DIA 10/12, 12h às 15h > Intervalo / Entrevistas dos jurados à comunicação social

DIA 10/12, 15h às 18h  > Projeções de filmes para o Juri Popular
Sala de vídeos SESI /Bragança (Curtas-Metragens)
Sala de vídeo Escola Rio Caeté  (Documentários)
Auditório UFPA – Campus  Bragança
(Curtas-Metragens e Documentários)

DIA 10/12, Comunidade Quilombola do América
15h às 18h > Rodas dialógicas

DIA 10/12, Vila do Bonifácio (Ajuruteua)
20h às 22h > Projeções comentadas:
O forasteiro (Ficção / 25 minutos / Diogo Cronemberger – Minas Gerais, 2013)
O Time da Croa (Documentário / 26 minutos / Jorane Castro – Pará, 2013)
Mundo Novo (Documentário/ Ficção / 14 minutos / Anderson Legal / Rio Grande do Norte, 2014)
Três vezes Maria ( Ficção / 20 minutos / Márcia Lohss / Rio Grande do Norte, 2014)

DIA 11/12, SEXTA-FEIRA

9h > Visitas institucionais dos jurados  (Cachaçaria Caeté)
10h às 14h > 
Roda de Carimbó na Feira com o percussionista Flávio Gama e convidados  
Almoço (Barraca da Bacana) 

19h às 22h, UFPA (ENCERRAMENTO)
Rodas Dialógicas
Anúncios dos vencedores
Homenagens especiais
Sessão especial da Academia de Letras do Brasil – Seccional Bragança
Show do projeto #ACOISA 

Serviço
FICCA 2015 – Festival Internacional de Cinema do Caeté. Em Bragança (PA), de 8 a 11 de dezembro, com exibições e rodas dialógicas em vários espaços da cidade. Entrada franca.  Mais informações: 91 98134.7719 / 988212419 / 996422018.

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