Unindo suas influências locais com a música brasileira e do mundo, o músico, compositor e cantor, lança “Oura", nesta sexta, 19, às 11h, ao vivo, pela Rádio e TV Cultura, e no sábado, 20, no Espaço Cultural Apoena, às 22h. O trabalho teve início ainda em 2010, de forma independente, com apoio de amigos e familiares, além do selo Na Music, Rede Cultura de Comunicação e do edital do Programa Seiva, de projetos artísticos, da Fundação Cultural do Pará.
“Eu mandei fazer uma bandeira de ouro amarela/para hastear quando for mês de junho/verão”, diz a letra da toada de boi em homenagem a Mestre Cardoso e ao Arraial do Pavulagem. "Bandeira", que abre caminho, anuncia chegadas e abençoa partidas, na faixa de abertura de “Oura”, álbum de estreia de Allan Carvalho, é carregada de simbolismo. A canção dá título ao disco exalta as raízes musicais do artista e pede passagem à cultura popular para trilhar outra jornada.
“Eu quis iniciar com a tradição de uma toada de boi-bumbá apontando para o futuro, pela singeleza dos meninos. Por isso os trouxe para o CD, de cara, na primeira canção. É uma forma política de entoar uma sonoridade tradicional no meio de uma de tendências descartáveis no mercado”, explica o compositor paraense, que canta a faixa ao lado dos filhos Heitor, 13, e Hermeto, 5. O mais novo, ao tentar pronunciar a palavra ouro, acabou ajudando a cunhar o nome do álbum.
A toada prepara o ouvinte para um diálogo com a cidade e sua confusão de sons e olhares. No decorrer de nove composições, Allan faz sátiras das modas radiofônicas e televisas, alfineta a indústria de massa, posiciona-se contra as armadilhas do mercado e à intolerância do mundo.
Inspirando-se na poesia de ontem e de agora para absorver toda a forma de arte e apresentar sua própria versão, "Oura" é um disco que canta o amor. O cafona, o brega, o que dilacera e alucina. O clichê. O amor em todas as suas possibilidades.
“Tento encontrar, no meio das minhas produções com outros parceiros (do fazer tradicional), uma outra forma de olhar o meu lugar e seus fenômenos. Encontrei nesta forma mais solta de compor e olhar, me debruçando sobre o modo descartável das modas, porém necessários de investigar, uma saída, uma fresta... E não podia deixar de tirar uma onda com esse modelo massivo. Usei desses esquemas pra criar uma FM paralela em minha música, com letras leves, especialmente sobre o amor, com ritmos - inclusive ‘inventei’ uns- bem badalados deste circuito”, explica o artista.
Da canção de abertura, o trabalho segue com a brega-rock “Tá Russo”, que traz inserções de Menudos até Arrigo Barnabé. “Ela dá uma alfinetada na comunidade artística que se sujeita ao modismo, vendendo a aura ao capeta capital”, comenta o artista. Na sequência, a tango-bossa “Que Brega É Você?” narra o drama de uma personagem cafona às voltas ao ter de admitir que o amor é maior que seu status e intelecto.
No bilhete amoroso, com toque anos 80, “Corticoide”, declarações e entrega. Na balada “Sei Lá, Entende?”, o romance e o desespero para manter sempre pulsando o afeto estão presentes na carta de amor à mulher, Aninha Moraes.
O romance também marca “Vai”, balada com cara de trilha sonora de novela das sete. “Vem pra falar de um amor escondido, proposto a viver num paralelo mundo afora”, completa o músico. Em “Tudo”, o artista canta a devoção amorosa, capaz de tudo pelo outro. E, para falar novamente sobre amor, há “Tchê-Tchê-Tchê”, em uma levada reggae-axé music, o peso da oralidade na letra em citações musicais e poéticas, com inserção das vozes de Manuel Bandeira e Ronaldo Silva.
“Profissionais do meio artístico, produtores, familiares, amigos de longa data e os mais recentes, que contribuíam com seus trabalhos e recursos para que o CD nascesse. Amizade mesmo! Isso tornou o caminho mais tranquilo, embora duradouro”, comenta Allan. Com a amizade, ele encerra o disco com “Tá, meu bem?”, canção-bandeira em defesa dos amigos gays. um funk-sumba em homenagem a todas as formas de amor.
Serviço
Disco “Oura”, de Allan Carvalho. Lançamento, dia 19, às 11h, pela Rádio e TV Cultura, canal 2. No dia 20, de fevereiro, no Espaço Cultural Apoena (Av. Duque de Caxias n°450), a partir das 22h. Ingresso: R$ 10 + 1kg de alimento não perecível. Valor do disco: R$ 20,00.
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