Nesta última terça, 5, o Centro de Estudos de Cinema retomou sua programação, no Cine Alexandrino Moreira, na Casa das Artes (FCP), tendo em foco, as discussões do filósofo Gilles Deleuze a partir da palestra “Ideia e Ato de Criação no Cinema na Concepção de Gilles Deleuze. A ideia é contribuir com a formação cinematográfica, relacionando-a a outras artes, como a filosofia, psicologia. Marco Antonio Moreira, um dos coordenadores do CEC conversou com o blog e falou mais sobre as intenções desta retomada e também sobre a atual produção de cinema em Belém.
O CEC não está estreando neste cenário. É uma ideia dos anos 1960 que em muito contribuiu para a cultura de cinema na capital paraense, onde na época era muito difícil a chegada de grandes filmes. Tudo iniciou com os professores Benedito Nunes, Maria Sylvia Nunes e Francisco Paulo Mendes, que viabilizavam a exibição de filmes que raramente chegavam ao nosso circuito. Com essa ação, o espectador paraense pôde assistir filmes importantes do cinema.
"A ideia de retomar o Centro nasceu de minha pesquisa de mestrado para que a cultura cinematográfica volte a ser debatida com mais intensidade” , explica o crítico de cinema, que junto a seu pai Alexandrino Moreira, foi um dos grandes exibidores do cinema de arte em Belém, à época do complexo Cinearte, que reunia três cinemas de rua que fizeram história em Belém do Pará.
A partir desta ideia, ele diz que o CEC terá ações mensais na Casa das Artes com palestras, mesas-redondas, cursos, oficinas e debates. Para este ano, ele diz que já estão programadas ações culturais com diversos convidados que direta ou indiretamente possam colaborar com a cultura cinematográfica.
“Estou na coordenação-geral do centro, junto com os críticos Pedro Veriano, Luzia Alvares e Arnaldo Prado Junior. E também estou convidando pessoas da área acadêmica para colaborar e já temos vários nomes confirmados como os professores Ernani Chaves, Joel Cardoso, Bene Martins, Michel Pinho, Alberto Amaral, Francisco Cardoso, Célia Jacob, José Edison Ferreira entre outros”, comemora.
Uma parceria com o curso de cinema da Universidade Federal do Pará também já está sendo elaborada e, segundo Marco Antonio, todos os professores do curso já aceitaram o convite de participar do centro.
Além desta formação mais intelecutal, Belém também vem ganhando profissionais do mercado. O momento é interessante para a produção audiovisual, apesar da bagunça que se encontra o país. Editais como o PRODAV/FSA que, ainda que foque conteúdos para a televisão, ao regionalizar suas chamadas públicas, promovem o fomento da produção na Região Norte, onde ainda há muito poucos incentivos locais. Seis projetos de séries estão em execução atualmente. Marco Antonio acredita que de alguma forma o CEC também se conecta com este novo cenário em configuração.
“A intenção é colaborar com o debate sobre a cultura cinematográfica e no futuro, possivelmente, poder contribuir em outras áreas. A produção local melhorou, mas ainda temos uma longa jornada para chegar no nível de geração de produções como no cinema pernambucano, por exemplo” , comenta. “Novos talentos estão surgindo enquanto veteranos produzem cada vez mais e melhor. Mas ainda temos muito que fazer, produzir, construir para termos um mercado forte e importante”, define.
A preocupação maior do CEC, porém, não é a mão de obra propriamente dita, mas aguçar a capacidade de pensar o cinema enquanto linguagem, para que assim se contribua com o desenvolvimento da cultura cinematográfica em Belém. “Precisamos de mais cinéfilos, ou seja, pessoas que estudem cinema, para que se perceba a magnitude e importância desta arte” , conclui.
Outras informações: FCP/CEC
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