30.4.16

Woodstock gera Festival de rock autoral em Belém

Já disseram que toda unanimidade é burra. Opiniões contrárias são bem vindas, te permitem mudar de ideia ou quem sabe ter cada vez mais certeza do que pensa, ouvindo o outro. Opinião é atitude, a pegada do rock and roll. No Woodstock Old and New Festival, neste sábado, 30, vamos ter bons exemplos no palco que receberá 12 trabalhos autorais, cada um com sua história e luta por um espaço ao sol, trazendo diversas cores.  Chegou o dia!

A programação começa às 14h, quando abrem os portões da Insano Marina Club, com Espaço Mix, Food Trucks, Tatoo, ao vivo, Feira de vinil e muitas emoções, incluindo aí, os sets dos Djs Azul e Uirá, os shows Tributos e o anúncio da banda que vai gravar um EP pelo selo e editora Na Music. O público é quem decide, mas a votação on line feita na página do evento no Facebook já encerrou, agora será preciso ir para a plateia e votar presencialmente.

“A gente se inscreveu porque é cara de pau. Temos 14 anos de estrada, achamos que não íamos ser chamados, que não íamos entrar, mas foi uma boa surpresa e qualquer iniciativa que incentive as bandas autorais é bacana, é legal”, disse Renato Torres, da banda Clepsidra, na reunião que aconteceu no Espaço Mestre Laurentino na loja Na Figueredo, no último dia 26, quando foi feito o sorteio e organizada a ordem de apresentação das bandas.

“Só gostaria que o espaço das bandas autorias fosse maior ou igual, porque vivemos um império de bandas cover muito forte nesta cidade e todas as bandas autorais sabem do que estou falando, é muito difícil achar espaço, e reunir bandas que estão fazendo sua própria musica é louvável estamos juntos”, acrescentou o músico.

Não foi só Renato Torres que falou sobre o tempo de apresentação.  A organização do festival havia estabelecido 20 minutos de apresentação para as bandas autorais e 40 minutos para os Tributos convidados. 

Várias pessoas se manifestaram no facebook acerca da mesma questão, fazendo com que ao final, ficassem com 30 minutos de apresentação para A República Imperial, Álibi de Orfeu, Cactus ao Luar, Casa de Folha, Clepsidra, Dharma Burns, Dislexia, Groover, Sokera, The Steamy Frogs, Velhos Cabanos e Vinyl Laranja. E também os Tributos a Janis Joplin, Jimi Hendrix, Creedence, The Who e ainda o Tributo 3 em 1 de Os Mutantes, Novos Baianos e Secos e Molhados.

Daniel Dú Blues também esteve na reunião do sorteio para a ordem de apresentação das bandas. “Queria agradecer o convite, vou fazer o tributo a Jimi Hendrix, e gostaria dizer que no meu caso eu não faço cover. 

Este é um trabalho artístico muito intenso porque é um trabalho repleto de improvisação na parte da guitarra, então eu espero que a cada improviso meu, dentro da musica do Jimi, seja autoral, porque eu não estou ali só repetindo o trabalho do Jimi Hendrix, nota por nota, e sim criando música, ao vivo, então eu agradeço e parabenizo, vai ser show de bola, não vejo a hora”, contestou o guitarrista.

Entre surpresas, encontros, gritos e psicodelia

“Pra gente está sendo uma satisfação enorme participar do festival, compartilhando experiência que agente vem adquirindo ao longo do tempo, conhecer pessoas novas, escutar o som de todos. É muito satisfatório”, disse Ismael Rodrigues, percussionista do Casa de Folha.

“Jogar cada vez mais junto é o que a cena precisa”, opinou André Butter no grupo de whatsapp destinado a discussão das bandas autorais selecionadas com a organização do festival. 

“Esse trampo da produção é um papo bem denso e quase obrigatório ao artista, didático sabe. Acho que todo artista devia fazer esse corre uma vez na vida pra sacar toda essa engrenagem. É maluco! Depois a gente sente a gratificação em coisas mínimas. Acho foda rolar tanta gente tocando em um mesmo espaço, gente diferente, que a gente não saca e não conhece e perceber que somos parte disso.  É isso que se estende nesse Festival”, complementou o músico.

“Venho agradecer esse festival que vai reunir várias vertentes e ajudar na divulgação dos trabalhos, vai ser muito importante pra nós todos”, acredita o vocalista Bruno Barros, da banda Cactos ao Luar.

Rafael Mergulhão, guitarrista do Álibi de Orfeu, também disse que a banda se sentiu surpresa por ter passado no crivo do júri, uma vez que é uma banda com carreira que inclusive já ultrapassou as fronteiras do Estado. 

“Nos inscrevemos no último dia e a iniciativa é muito boa. São poucos os festivais que abrem pra banda autoral, e tem muita banda boa aqui, onde é complicada esta falta de espaço para se mostrar um trabalho”, comentou. “Também gostamos muito dessa ideia de fazer um tributo a Woodstock , um festival muito doido da história do rock”, finalizou. 

Na seleção das bandas The Steamy Frogs e Velhos Cabanos chamaram atenção. São duas bandas que vem de Icoaraci, Distrito de Belém já conhecido por ser um celeiro de artistas que, com pouca inserção na cena da capital, vivem uma atmosfera própria, realizando em seu local, mostras de músicas que nem imaginamos estar ocorrendo a pouquíssimos quilômetros de Belém.

“A gente faz um trabalho que tem um ano e junto com os Velhos Cabanos estamos representando Icoaraci, onde todo mundo lá está na luta, é um lugar complicado pra trabalhar com arte apesar de ter bastante artista. Nós estamos tentando movimentar uma cena parecida com esta, através de eventos”, disse Lucas Castanha, da The Steamy Frogs. 

“Quando soubemos do Woodstock ficamos maravilhados, pela oportunidade de mostrar nosso trabalho”, complementou. Enzo Marques, guitarrista da banda “Velhos Cabanos”, reafirmou o que Castanha disse. “Estamos muito contentes de chegar ao festival. Ficamos surpresos com a iniciativa e resolvemos nos inscrever, mas sem pretensão, já era legal poder mostrar nosso som na inscrição”, disse. 

“Desenvolvemos um trabalho em Icoaraci, um festival totalmente independente, fazemos os nossos corres, é tudo autoral, chamamos uma moçada que está a fim de participar e fazemos como podemos. 

E quando a gente vê um festival como o Woodstock apoiando esta cena autoral, dá pra perceber que as bandas estão emergindo e que a cena está efervescendo. Vi aqui banda que eu nunca tinha ouvido falar, apesar de vir acompanhado o trabalho de muitas das presentes. Reunir pessoas é muito bom. Somos gratos por poder participar e somar”, concluiu.

Matheus, o baixista da Sokera, disse que ficou absolutamente chocado quando viu a banda ser selecionada. “A gente se inscreveu num festival psicodélico e nós somos uma banda de hardcore, só grito. Não acreditamos, óbvio, mas ficamos muito felizes pela iniciativa de chamarem bandas mais novas. Ainda vamos completar dois anos e agora vamos tocar junto com bandas mais antigas. É um prazer dividir um palco com quem a gente nem conhecia também. A Steamy Frogs nunca tinha ouvido falar, nem da Velhos Cabanos. Isso é muito massa, da hora, iniciativa muito boa tem que fazer umas três vezes no ano”, comemorou e sugeriu.

Marcelo Kahwage e Antônio Bomber, da Dharma Burns, brincaram, ao se enquadrarem como Clepsidra e Álibi de Orfeu. 

“Somos mais uma banda da categoria Odl (risos), veteranas na cena de Belém e pra gente é sempre bom ver surgir festivais novos pra fomentar a cena. O espaço de um festival é importante para que as novas bandas apareçam, são elas que dão gás ao festival”, disse.

David, que faz a mídia social da Dislexia disse que embora tenha entrado  apouco tempo neste trabalho com a banda, está adorando a iniciativa. “É muito  legal mostrar o trabalho das bandas, tanto das mais conhecidas quanto das que estão chegando agora na cena”. 

Adriana Camarão, produtora de A República Imperial e da Groove disse que todos ficaram felizes em terem sido selecionados pelo festival. “Consideramos um evento importante que vai movimentar a economia criativa e no qual as bandas devem aproveitar a chance de mostrar o seu trabalho. É uma grande vitrine, desejo boa sorte a todas”, comentou.

Hiruki Kikuchi, o guitarrista da banda Groove concluiu a roda de falas durante a reunião. “Quando eu vi a Adriana postando sobre o evento, eu falei, caramba, que legal e eu sempre tive vontade de ir ao Woodstock”, disse gerando mais um lance de risadas descontraídas que na verdade, permearam o primeiro encontro com os representantes de cada banda. 

“Ainda mais que estamos entrando numa onda mais psicodélica e ai fui vendo outras bandas que eu não conhecia como a The Steamy Frogs. Cara o som deles é também psicoldélico e vai ser massa tocar lá”, disse o músico da banda que, na verdade, quase não entra no festival, mas acabou sendo fisgados de última hora pela desistência da banda The Baudelaires.  

Mais sobre as doze bandas selecionadas

Álibi de Orfeu - Karen, Sidney, Rafael, Sabá e Rui juntaram os trapos, abriram a mala e descobriram que havia um álibi para o ano de 2016 – músicas de ontem, de hoje e do amanhã. Trazendo um trabalho sólido dentro do cenário musical do Pará, a  Álibi de Orfeu, banda que surge no final dos anos 1980, com trajetória de projeção fora do Estado.

A República Imperial - Fazendo um som MPB-Latino Experimental, a banda foi formada em janeiro de 2013, mistura ritmos de países latino-americanos (que tem por base as línguas românticas derivadas do latim), num flerte conceitual com outras artes como o teatro, a literatura e o cinema sul americanos. 

Cactus ao Luar - Chacoalhar o corpo e a mente ao som dos batuques. É o que promete a banda Cactus ao Luar, formada por um grupo de amigos, entre eles um sul mato-grossense, além de outros cinco filhos da terra. A banda nasce do gosto pelo rito musical frenético dos tambores misturado ao peso swingado da guitarra destorcida, além do groove grave entonado pelo contrabaixo. Traz novas leituras dos ritmos regionais, contendo em seu repertório, carimbó, reggae, afoxé, entre outros. Formação: Bruno Barros (banjo e voz), Hugo Marola (baixo), Pepeco Josan (guitarra), Alê Nogueira e Clayderson Freire (percussão) e Ricardo Silva (bateria). 

Casa de Folha - A banda é de Belém e já tem cinco anos de estrada. A pluralidades que os unem está em “Bangalô” – EP Gravado no Guamundo Home Studio, com produção e direção musical de Renato Torres. Formado por Thais Ribeiro – vocal; Jassar Protázio – baixo; Ismael Rodrigues – Percussão e André Butter – violão, a banda ainda conta com os frequentes acompanhamentos de JP Cavalcante – percussões, e Daniel Serrão – sax e teclados. Gravar histórias. Contar versos. Folhear canções.

Clepsidra - Numa trajetória de 14 anos, Maurício Panzera (baixo e voz) e Renato Torres (guitarra e voz) formam a Clepsidra, um projeto imaginário, utópico, de uma banda que nunca termina, uma banda que é um duo, que pode ser uma orquestra, pode abrigar todo mundo, como um disco do Clube da Esquina. E pode ser apenas os dois, ocando violão à beira de um rio qualquer. Três discos lançados pelo selo Na Music (Bem Musical, 2004, Tempo Líquido, 2006, e Independente, 2015), e várias formações depois a banda volta aos palcos da cidade com o lançamento de Independente no final de 2015. 

Dharma Burns - A banda nasce em 2006, trazendo uma carreira de conquistas e participações em vários festivais. Composta por amigos que curtiam powerpop, rock dos anos 60 e 70, britpop e indie rock, lançou em 2007 o primeiro single “comfort me now” e depois o primeiro EP "Debut", produzido por Ivan Jangoux, nos estúdio da AM&T. 

O videoclipe da música "December Lights", produzido pela Digital Produções, veio da conquista do 2º lugar, no CCAA Fest 2011. 

Em 2015 a banda participou pela segunda vez do Festival Se Rasgum, e este ano de 2016 ela está no Woodstock Old and News, completando seus 10 anos com muitas novidades. Formação: Bruno Rafael (Guitarra), Marcelo Kahwage (voz e guitarra), Antonio Bomber (synth), André Monteiro (teclado), Bruno Oliveira (bateria), Fuad Farah (Baixo).

Dislexia - Punk, Hardcore e Reggae. Muita gente estranha essa combinação, mas a banda Dislexia desmistifica tudo quando nos diz que estes ritmos são uma maneira sonora de contestar o sistema e cantar (ou mesmo gritar) revoltas impostas contra a vontade das pessoas. 

Originária de Belém, a Dislexia surgiu ano passado, trazendo nos riffs do Punk Hardcore e na psicodelia melódica do Reggae, o retrato de uma sociedade em seus vários aspectos. Formada por Rafael Du Vale (vocal), Léo Gomes (Guitarra), Vitor Vieira (Guitarra), Raoni Joseph (Baixo) e Luyan Sales (bateria).

Groover - Surge em 2013 com a proposta de fazer um Rock and Roll descontraído, com muitos solos de guitarra, grooves e ritmos dançantes influenciados pelo Blues, Hard Rock e Heavy Metal. Atualmente formada por Albert Tex (Voz), Gil Luis (Bateria e Backing vocal), Hiruki Kikuchi (guitarra) e Roosevelt Santos (Baixo), a banda possui em seu histórico participações em diversos festivais e entrevistas em programas como o Balanço do Rock e Protótipo, na Rádio Cultura do Pará. Este ano, a banda lançou seu single (produzido, gravado, masterizado e mixado no Estúdio Livre) e webclip intitulado “Rock Party”. 

Sokera - Formada em 2014, traz proposta simples e direta de brutalizar, destruir e esbandalhar tudo, apontando os males da violência vazia e procurando canalizar isso de maneira positiva.

De influências Hardcore "Nova Iorquino" (Madball, Stick To Your Guns, Bane, Get The Shot) e de bandas melódicas, é formada por Zé Lucas no vocal, Paulo “Bigfoot” na guitarra, Felipe Martins na guitarra, Matheus Pinheiro, no baixo, e Alexandre Lima, na bateria. 

Em 2015 lançaram seu primeiro material, um EP com 6 músicas intitulado "Sokera", que conta com a participações dos vocais da Teach Peace (PA), Antes do Erro (PA) e Surra (SP)."

The Steamy Frogs - Vem de Icoaraci, Distrito de Belém, considerado um reduto de inovações e resistência na história do rock paraense. 

A banda surge na cena em 2015 com o intuito de produzir música sem rótulos, que possibilitem ao ouvinte sensações e sentimentos que guiem seu corpo a dançar ou em muitas horas, entrar num estado de introspecção. O som é "psicodélico" ou mesmo "progressivo". 

O objetivo é desenvolver musicalidades para alcançar os níveis mais simbólicos da música atual. Formada por Lucas Castanha (vocal e guitarra rítmica) Felipe Mendes (Teclados) Tiago Ribeiro (Contrabaixo e vocal de apoio) Alan Vitor Farias (Guitarra solo e vocal de apoio) e Lucas Armstrong (Bateria e vocal de apoio).

Velhos Cabanos - Surge em Icoaraci, de um projeto no qual mescla influências das primeiras waves Progressivas, Setentistas, trazendo presença marcante da sonoridade do Blues, centrando na cena neopsicodélica da cidade. 

As canções compostas por flutuações na linha de baixo e solos de guitarra, longos e encorpados, se aliam a estética que explora temas fantásticos e místicos, buscando reflexões introspectivas que dialoguem com questionamentos das relações humanas. 

É formada por Phellipe Fialho (Vocalista e guitarra solo), Matheus Leão ( Contrabaixo e vocal de apoio), Enzo Marques (Guitarra rítmica e vocal de apoio), Felipe Mendes (Teclados) e  Lucas Franco (Baterista).

Vinyl Laranja - Produz rock alternativo com identidade sonora e poderosa atitude Rock'n roll. 

Com 11 anos de carreira, formada por Andro Baudelaire, Bruno Folha, Saul Smith e Lucas VH, a banda paraense é embaixadora do projeto humanitário “Project Mios”, na cidade de Boston-MA.

Conta com 4 discos lançados pelo selo Na Music e dezenas festivais nacionais e internacionais.  Seu último trabalho, "Uncheagle past Fleeting future", teve produção iniciada por Andrew Hernandez e finalizada por Kevin Szymansky, (também produtor de discos do Queens of the Stone Age e Foo Fighters).

PROGRAMAÇÃO

16h40 – Clepsidra
17h20 - Steamy Frogs 
18h – Dislexia
18h40 - Velhos Cabanos
19h20 – Sokera
20h - Tributo Secos e Molhados/Os Mutantes/Novos Baianos
20h40 - República 
21h20 - Álibi de Orfeu
22h - Cactus ao Luar
22h40 - Casa de Folha 
23h20 - Tributo Janis Joplin
0h – Groover
0h40 - Vinyl Laranja
01h20 - Tributo a Creedence
2h - Dharma Burns
02h40 - Jimi Hendrix
03h20 - The Who

Serviço
Woodstock Old & New Festival. Dia 30 de abril, a partir das 14h - Insano Marina Club - Rua São Boaventura, 268, final da Tamandaré, Cidade Velha, Belém Pará. Os ingressos custam R$ 40,00 e R$ 20,00 (meia). Levando um quilo de alimento não perecível ou aparecendo caracterizado da época, paga-se apenas meia entrada. Apoio: TV Liberal, Funtelpa, Cabron, Studio G2 Comunicações, Keuffer, Amorosa Escola de Linguagens, Studio de Teatro Tiago de Pinho, Studio Charles Tattoo. Mais informações: 981042078/998247668.

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