6.4.16

Cinema de Fronteira e bate papo na Casa das Artes

O 2º Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira - FIA CINEFRONT, aporta na Casa das Artes no próximo sábado, 9 de abril. Em parceria com a Fundação Cultural do Estado do Pará, a programação traz duas sessões de filmes seguidas de debate com realizadores, no próximo, a partir das 17h.

Organizado pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – UNIFESSPA, em parceria com movimentos sociais e com a Secretaria Municipal de Cultura de Marabá, o festival oferta sessões gratuitas de cinema com caráter de mostra e debate de obras cinematográficas que abordam a realidade de regiões consideradas periféricas, fronteiras, como no caso da Amazônia. 

Na primeira sessão vamos ver “Osvaldão” [80min. 2015], longa-metragem brasileiro produzido por Renata Petta e dirigido por Vandré Fernandes, Ana Petta, Fabio Bardella e André Michiles. O filme traz a história de Osvaldo Orlando da Costa, um dos principais comandantes da Guerrilha do Araguaia, movimento de resistência à ditadura militar entre fins da década de 1960 e meados de 1970. Temido pelos militares e querido pelos nativos, seu nome virou lenda na região. Por sua habilidade, moradores contam mitos: dizem que Osvaldão desviava de bala e se transformava em pedra e cupinzeiro.

O filme foi lançado na Mostra de Cinema de São Paulo de 2014, após um processo de dois anos de pesquisa, filmagem, montagem, finalização e gravações nos estados do Rio de Janeiro, Pará, Tocantins e Minas Gerais, e abre a programação do Festival em Belém e Marabá. Os diretores foram recebidos por familiares em Passa Quatro (MG), sua cidade natal, e por amigos na capital fluminense, onde estudou. 

Depoimentos de militantes, mateiros e militares contam sobre o seu ingresso, trajetória e liderança na guerrilha. O filme traz ainda raras e exclusivas imagens de Osvaldão em Praga, antiga Tchecoslováquia, durante uma excursão de estudantes, antes de ele se tornar um guerrilheiro. Após a exibição do documentário, às 17h, o debate será com Evandro Medeiros (idealizador do Cinefront) e com Paulo Fonteles. 

Homenagem ao documentarista e indigenista Vicent Carelli

Diretor bate papo com o público após as exibições
Também serão exibidos mais três curtas, a partir das 19h: "Ninguém come carvão",  e Qual é o jeito Zé [1992, 15 min], além de  "Krohokrenhum, eu não posso morrer de graça" e em seguida haverá debate com Vincent Carelli, diretor homenageado da segunda edição do FIA CINEFRONT. 

Indigenista, documentarista, diretor de filmes e fundador do Vídeo nas Aldeias, é autor de uma vasta obra que constitui um importante registro histórico sobre a Amazônia. Carelli esteve na região pela primeira vez em 1969, em uma visita aos Xikrin do Catete. Foi uma viagem transformadora. Em seguida, entrou na Funai por concurso público de indigenista. 

Em meio a ditadura a violência do desenvolvimento contra os povos indígenas, Carelli deixou o estado para unir-se às resistências e lutas do movimento indígena e indigenista. Como fotógrafo, realizou uma das primeiras grandes cobertura jornalística sobre a guerrilha: junto dos jornalistas Palmério Dória, Sérgio Buarque e Jaime Sautchuk, revelaram na revista História Imediata o que a ditadura queria esconder: o massacre do Araguaia.

Foi Carelli quem encontrou a primeira fotografia que se tornou pública de Osvaldão, o líder mais conhecido do movimento guerrilheiro, nos arquivos do Clube de Regatas do Botafogo. Nos anos 1980, Carelli passou a acompanhar os “Gavião” e a luta do cacique Krohokrenhum para a defesa do território. Registrou a disputa e a negociação do conflito entre indígenas e camponeses na Terra Indígena Mãe Maria, e a resolução do conflito a partir da sofisticada diplomacia de Krôhôkrenhum e outras lideranças indígenas, como o cacique Paiaré, juntamente com o sindicalista Almir Ferreira Barros, do sindicato de São João do Araguaia.

Serviço
2º Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira - FIA CINEFRONT. Neste sábado, 9 de abril, com sessões e debates às 17h e 19h. Na Casa das Artes (ex-IAP), na Praça Justo Chermont, s/n, ao lado da Basílica de Nazaré.

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