3.7.18

Mostra Wim Wenders no histórico Cinema Olympia

Neste mês de julho, o Cinema Olympia traz pequena mostra do genial Wim Wenderes, um dos mais importantes cineastas do Novo Cinema Alemão. De 5 a 15 de julho, com  entrada gratuita. Apoio: Instituto Goethe e Casa dos Estudos Germânicos.

Além de ser uma ótima pedida para quem estuda cinema ou simplesmente aprecia filmes de arte, é também oportunidade de ver seis dos grandes filmes de Wim Wenders num telão. Aliás você deve ficar de olho nas sessões do cinema mais antigo do país em funcionamento ininterrupto. Vira e mexe tem coisas muitos boas em cartaz, com programação de Marco Antonio Moreira, da Associação de Críticos de Cinema do Pará - ACCPA.

Nos anos 1980 e 1990, por interesse próprio, em estudar e fazer cinema, me impus o doce prazer de conhecer os clássicos do cinema europeu. A maioria eu assisti ainda em VHS, com locações homéricas na FOX Vídeo nos finais de semana, mas havia também como acessá-los nas ilustres sessões de arte do Cine Líbero Luxardo e das salas do Cinearte. Assim devorei coisas que me nutrem até os dias de hoje, vendo Ingmar Bergnam, Alfred Hitchcok, François Truffaut, Vittorio De Sica, Federico Fellini, Luchino Visconti, Mario Monicelli, Michelangelo Antonioni, Rainer Werner Fassbinder, Werner Herzog e outros.

O Estado das Coisas, A Letra Escarlate, 
Paris Texas, Quarto 666, Um Filme para  
Nick e No Decurso do Tempo.
Daí que indico veementemente essa mostra que traz seis dos grandes filmes de Wim Wenders. Desde 1996, presidente da Academia de Cinema Europeu em Berlim, é também dramaturgo, fotógrafo e produtor do cinema alemão. Uma de suas características mais marcantes é a maneira como ele soube misturar ficção com documentário, dois estilos narrativos que sem traquejo pode se tornar um desastre para qualquer diretor, mas não Wenders, que sensível e versátil sempre soube dominar as diversas possibilidades de se contar uma história. Outra característica marcante é sua destreza e cuidado na escolha da trilha sonora de seus filmes, um elemento de suma importância em cada roteiro.

A mostra do Cinema Olympia antecipa de certa forma uma homenagem ao cineasta que completa, no dia 14 de agosto, 73 anos. Valeria outra semana dedicada a ele no mês de seu aniversário, trazendo alguns de seus filmes mais recentes, como “Pina” (2011), “O Sal da terra” (2014), "Submersão" (2017), “O Hotel de Um Milhão de Dólares” (2000), “Buena Vista Social Clube” (1999) e quem sabe, com ajuda da Casa de Estudos Germânicos até mesmo o novíssimo "Papa Francisco: Um homem de palavra", que estreou este ano em Cannes.Veja também dele, entre outros mais antigos, os obrigatórios "Asas do Desejo", "Alice nas Cidades", "O amigo americano".


PROGRAMAÇÃO

MOSTRA WIM WENDERS

Dias 05 e 13/07 – 18h30 - “O Estado das Coisas” (1982)
Uma equipe grava filme de ficção científica em Portugal sobre sobreviventes em uma Terra pós-apocalipse. O dinheiro acaba, o produtor desaparece e a equipe vai ficando impaciente e entediada, esboçando reações cada vez mais sentimentais. O Estado das Coisas é um filme central na obra de Wim Wenders. Uma obra que fixa um momento decisivo na sua carreira e reavalia o seu particular ‘estado das coisas’, permitindo uma profunda reflexão sobre o cinema em geral e a sua carreira em particular. 

Dias 07 e 15/07 – 16h30 - "A Letra Escarlate” (1973)
A história de Hester, que vive um amor adúltero com o reverendo Dimmesdale e assim é obrigada a usar na roupa a letra A na cor escarlate. Intolerância e paixão num dos mais belos clássicos da literatura mundial.

Dia 08/07 – 16h - "Paris Texas" (1984) 
Wim Wenders, cineasta europeu atraído pela cultura americana, ele próprio um misto dessas referências, convocou dois imaginários opostos para o mais amado dos seus filmes. Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes de 1984, Paris, Texas é um dos mais deslumbrantes ensaios cinematográficos de que o espectador pode usufruir. Não obstante uma fotografia primorosa, é a simplicidade detalhada da obra que nos permite absorver todo um enredo de emoções, tão humanas quanto a própria realidade. Embalado pelo som da humilde, mas profunda banda sonora de Ry Cooder, o filme desenrola-se de forma igualmente despretensiosa ao longo da jornada de Travis (Harry Dean Stanton).

Dia 10/07 - 18h30 - "Quarto 666" (1982)
Durante o Festival de Cinema de Cannes de 1982, o diretor Wim Wenders reúne quatro renomados diretores de cinema em um quarto de hotel, liga uma câmera e pergunta a cada um deles individualmente qual é a sua visão sobre o futuro do cinema.

Dia 12/07 – 18h30 - "Um Filme para Nick" (1980)
Em Um Filme Para Nick, de 1980, ele faz uma bela homenagem a um de seus diretores favoritos, o americano Nicholas Ray, falecido em junho de 1979. Wenders foi até Nova York e acompanhou o amigo durante seus últimos dias de vida. Depois de um certo ponto, é impossível dizer de quem é o filme. A interação entre Wenders e Ray é das mais perfeitas e fica claro que estamos diante de duas forças criativas sem igual. Um dos temas que norteia o filme é a morte do cinema. Isso em uma análise mais metafórica, pois, na verdade, vemos a morte de um cineasta e, com ela, a morte de uma arte. Um Filme Para Nick, assim como Pina, que Wenders veio a fazer décadas depois em homenagem à coreógrafa Pina Bausch, é Cinema, com “C” maiúsculo. Inspirado, visceral, contestador e inesquecível.

Dia 14/07 – 16h - "No Decurso do Tempo” (1976)
"No Decurso do Tempo" faz parte da Trilogia da Estrada, junto com "Alice nas Cidades" e "Movimento em Falso". Acompanhamos a amizade que nasce entre Bruno (Rüdiger Vogler) e Robert (Hanns Zischler). O primeiro conserta projetores de cinema e o segundo acabou de se separar da esposa. Os dois decidem viajar juntos. No caminho, Wenders apresenta personagens e situações que de tão simples e  espontâneas parecem reais. Wenders consegue aqui, ao mesmo tempo, evocar a força de uma amizade e ainda fazer uma belíssima declaração de amor ao Cinema. 

(O Cinema Olympia fica na Praça da República - Av. Presidente Vargas - Belém do Pará, ao lado das Lojas Americanas).

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