18.11.19

Cláudio Barros: leitura dramática de Plínio Marcos

Claudio Barros faz leitura dramática do conto “Inútil canto e inútil pranto pelos anjos caídos”, de Plínio Marcos. O texto trata da perda dos fundamentos dos índios brasileiros e faz parte de uma pequena coleção de contos com o mesmo título, escritos pelo autor. Anote aí na agenda, a leitura será na próxima segunda, 25, às 19h, no Teatro Waldemar Henrique. Entrada franca

Plínio Marcos (1935-1999) já foi traduzido, publicado e encenado em francês, espanhol, inglês e alemão; estudado em teses de sociolinguística, semiologia, psicologia, religião, dramaturgia e filosofia, em universidades do Brasil e do exterior. Recebeu os principais prêmios nacionais em todas as atividades que abraçou em teatro, cinema, televisão e literatura, como ator, diretor, escritor e dramaturgo.

Em "Inútil canto e inútil pranto pelos anjos caídos" ele traz a história de um velho índio que começa a perceber a degeneração total de sua raça. Este é o ponto de partida do texto que, mesmo sendo escrito há mais de 40 anos, em plena ditadura militar, continua assustadoramente atual. A narrativa brinca com a repetição, quase mantrica, de palavras e frases. Esse jogo possibilita que a história ganhe um caráter rítmico, musical, ritualístico. 

Em 2018, Claudio, leu a versão original do conto de Plínio Marcos, pela primeira vez. Nunca mais tirou da cabeça. De lá pra cá, perseguiu um caminho solitário, sem saber exatamente onde iria chegar. Pensou em convidar alguém pra dirigir, mas logo abandonou a idéia e continuou só, lendo e se auto dirigindo. Experiência nova. Ensaiou sozinho, sempre em voz alta, até construir uma disciplina diária de treinos vocais com as palavras escritas no conto. 

“Depois que li esse texto, fiquei me sentindo na obrigação de dividir, com o máximo de pessoas, as mensagens contidas nele. A verdade sobre a secular destruição dos fundamentos indígenas, é cruelmente exposta na palavra, quase musica, do texto. Quero isso pra mim! Quero falar esse texto às pessoas”. 

Os ensaios iniciaram em agosto. Dois meses depois, o ator e educador Claudio Melo, assumiu a pesquisa musical do projeto. Norteado pela simplicidade do ato proposto, criou um desenho sonoro apoiado em minis instrumentos de percussão, manipulados pelo ator-leitor. Simples e profundo, como o homem que vive na floresta, como a floresta.

Sobre o ator e o autor

Cláudio Barros iniciou sua carreira em 1976, com 12 anos de idade, no Grupo de Teatro do SESC. Em Belém, integrou elencos de vários importantes grupos da cidade. 

Pelo Grupo Experiência, onde trabalhou durante 10 anos, conquistou os prêmios de melhor ator e melhor diretor, em festivais nacionais de teatro, com os espetáculos Don Xicote Mula Manca, dirigido por Geraldo Sales e A Terra é Azul, dirigido por ele mesmo e por Edgar Castro. Cláudio atuou também no Grupo Cena Aberta e é fundador do Grupo Cuíra, onde trabalhou como ator, diretor e administrador durante 26 anos. Em 2020, ele completará 44 anos de carreira.

Plínio Marcos nasceu em São Paulo, na cidade de Santos em 1935. Adolescente de família modesta e sem gostar de estudar, trabalhou como funileiro, tentou a carreira de jogador de futebol, serviu a aeronáutica, mas foi o Circo que despertou sua vocação. Mais tarde atuou no rádio e fez um meteórico sucesso na televisão. Na década de 1950, por influência da escritora e jornalista Pagu, começou a se envolver com o teatro. Nessa mesma época, escreveu sua primeira peça teatral Barrela, que permaneceria proibida durante 21 anos após a primeira apresentação. Nos anos 60 produziu textos para televisão, onde também trabalhou como técnico, foi roteirista e encenou espetáculos que foram censurados logo após a primeira apresentação.

Como ator apareceu em seriados da TV Tupi, de São Paulo e da telenovela Beto Rockfeller, vivendo o cômico motorista Vitório. O personagem foi parar no cinema e também na telenovela de 1973, A Volta de Beto Rockfeller. Durante o movimento do Cinema Nacional, o diretor Braz Chediak adaptou duas de suas peças A Navalha na carne (1969) e Dois Perdidos numa Noite Suja (1970). Na década de 1980, apesar da censura, Plínio Marcos permaneceu extremamente produtivo como jornalista e dramaturgo. Depois do fim da censura, Plínio continuou a escrever romances e peças de teatro, tanto adulto como infantil. Tornou-se palestrante, chegando a fazer 150 palestras-shows por ano.

Serviço
Leitura Dramática - Inútil Canto e inútil pranto pelos anjos caídos, com Cláudio Barros, direção de Cláudio Melo. No 25 de novembro, no Teatro Waldemar Henrique, as 19h00 - Av. Presidente Vargas – Praça da República. Entrada Franca.

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