As cores e brincadeiras do mês juninos não serão as mesmas em 2020. A pandemia do novo coronavírus não permite aglomeração de pessoas. Uma tradição de mais de 30 anos, o Arrastão do Arraial do Pavulagem, por exemplo, não poderá sair das ruas, mas para quem é apaixonado pela manifestação, temos uma boa notícia. Estreia nesta segunda, 1º de junho, na Mostra Égua do Filme, iniciativa do Amazônia Doc – Festival Pan Amazônico do Cinema, o documentário “Boi Pavulagem É Boi do Mundo”. O lançamento, nacional, será em ambiente virtual, pelo site www.amazoniadoc.com.br
Tudo começou em 1986. O Arraial do Pavulagem que surge como um grupo de música regional, formado pelos músicos Ronaldo Silva, Júnior Soares e Rui Baldez, se expande no ano seguinte para um cortejo realizado aos domingos na praça da República. Carregava na época o boi Pavulagem do teu Coração. O cortejo cresceu, ganhou as ruas, virou um arrastão que, em 2003, também deu inicio ao Instituto Arraial do Pavulagem.
Anos depois, em 27 de junho de 2017, o brinquedo de rua foi consagrado Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do município de Belém, um reconhecimento justo pelo trabalho de difusão e fortalecimento da cultura brasileira praticada em nossa região. No documentário esta história é tecida pelas lembranças e vivências de Junior Soares e Ronaldo Silva, dois dos principais integrantes fundadores do Arraial.
Dirigido por Ursula Vidal e Homero Flávio, com realização da Abre-te Cérebro Produções, em coprodução da ZFilmes, a produção paraense chegou a ser exibida, em 2019, mas para um público restrito, que já conferiu as imagens que traduzem o universo encantado das tradições e da fé de Cachoeira do Arari e Bragança, nutrido ainda nas origens da cultura popular do Maranhão.
“Boi Pavulagem é Boi do Mundo” faz um mergulho lúdico e poético nos territórios de afeto e memória dos criadores do brinquedo, para contar a história de uma das maiores manifestações da cultura popular do Norte do Brasil. “É um passeio pelas memórias afetivas de 2 personagens, compostas de lugares, imagens, símbolos e fluxos contínuos. Tem o tempo do pensamento, das elaborações sobre as complementariedades que formaram o grupo”, diz Úrsula Vidal, jornalista, realizadora e atual Secretária de Cultura do Estado.
Ronaldo Silva e Junior Soares trazem a cor, a forma e os sons de seus territórios. Para Ursula Vidal, o documentário “é mais sobre esse tecido da memória do que sobre uma cronologia dos 30 anos do Arraial. Mas há muitos relatos também, muitos capítulos marcantes dessa história. A condução da narrativa tem essa intencionalidade contrastante, como é feito de contrastes o coração criativo do grupo”, complementa.
“Ronaldo e Júnior são a paixão da poética e a razão da métrica musical, mas há poesia em toda a composição imagética do documentário: seja nas águas do Arari, do Caeté, seja na beira do Guajará, ou ainda no rio de gente colorida e brincante que transborda nas ruas de Belém”, conclui Vidal.
A ideia de realizar um documentário sobre o Arraial do Pavulagem surge em 2015, a partir de um mini documentário feito com o músico Ronaldo Silva, com direção de Homero Flávio, convidado a fazer o trabalho para o projeto Sonora Pará da Cultura Rede de Comunicação.
Os recursos eram pequenos e foram investidos numa viagem com o músico até Cachoeira do Arari. “Ele não nasceu lá, mas todas as suas raízes de mestre da cultura popular foram tecidas na sua infância vivida no Marajó. O material ficou extenso e muita coisa que não entrou no mini documentário de 5 minutos, está agora presente neste documentário, que ficou com 57 minutos”, diz Homero Flávio.
Os diretores acompanharam os percursos de Ronaldo Silva e Júnior Soares no arrastões entre 2016 e 2017, resultando em um material emocionante e que vai muito além de uma história que agora já tem mais de 30 anos. “Estamos falando de um documento vivo em que mostramos a construção da cultura popular no Arraial do Pavulagem como uma ferramenta social e fundamental, hoje abraçada por uma fatia gigantesca da população, inclusive de fora do Pará”, diz o realizador.
Documentário ficará disponível até dia 30
Caso você perca ou queria ver várias vezes o filme, basta acessar a Mostra Égua do Filme, onde "Boi Pavulagem é Boi do Mundo" ficará disponível até dia 30 de junho. Lançada em abril, a mostra traz outras 42 produções paraenses que podem ser vistas a um clic no site do Amazônia Doc.
“É uma honra fazer a estreia nacional desse documentário na Mostra Égua do Filme, que desde que entrou no ar já teve acessos de mais de 10 países e mais de 10 mil visualizações. Estamos alcançando nosso objetivo que era de trazer a atenção do público para o cinema paraense”, comemora Zienhe Castro, diretora do Amazônia Doc.
Boi Pavulagem é Boi do Mundo
Produção e Realização
Abre-te Cérebro Produções
Coprodução
ZFilmes
Lei Tó Teixeira
Prefeitura de Belém
Patrocínio
Banco do Amazônia
Terra Plena
Ficha Técnica
Direção:
Homero Flávio
Ursula Vidal
Roteiro:
Zienhe Castro
Produção Executiva
Ursula Vidal
Direção de Fotografia
Homero Flávio
Lucas Escócio
Direção de Arte
Boris Knez
Direção de Produção
Homero Flávio
Produção
Lorenna Montenegro
Assistente de Produção
Luiza Chedieck
Câmeras
Homero Flávio
Lucas Escócio
Rodrigo Bitencourt
Marcelo Barbosa
Assistente de Câmera
Cláudio Castro
Operação de Drone
Júlio Cesar
Paulo Henrique Touro
Som Direto
Victor Kato
Microfonista
Junior Castro
Montagem
Zienhe Castro
Edição
Juca Culatra
Renan Castro
Pós Produção
Desenho de Som
Estúdio Apce
Assis Figueiredo
Colorização
Alt Produções
Neto Dias
Design e Motion Graphic
Andrei Miralha
Serviço
Estreia nacional on-line do documentário “Boi Pavulagem é Boi do Mundo”. Nesta segunda-feira, 1º de junho de 2020, às 18h, na Mostra Égua do Filme – site: www.amazoniadoc.com.br
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