O ator vai encenar de sua casa, em São Paulo, “O Carrinho de Mão”, uma das três histórias de Luigi Pirandello (1867-1936), reunidas no espetáculo “A Poltrona Escura”. A live será transmitida às 21h30, simultaneamente pelo canal de YouTube e Instagram do Sesc Ao Vivo, dentro do #EmCasaComSesc.
O blog bateu um papo com Cacá Carvalho, que hoje vai pisar num palco, considerado o novo normal também para as artes cênicas. Experiência nova para o ator paraense, que há décadas ganhou o mundo, conquistando um reconhecimento merecido por suas inúmeras atuações na televisão, no cinema, mas principalmente no teatro, onde reside sua veia de maior identidade artística, também como diretor.
“A Poltrona Escura”, à exemplo, concedeu a Cacá Carvalho o Prêmio Shell de Melhor Ator. O espetáculo também foi considerado, em 2004, um dos cinco melhores espetáculos do ano pela Associação Paulista de Críticos de Artes. Apresentado em diversas cidades do país e da Itália. Em Belém, foi visto em 2010, no Teatro Cláudio Barradas e há seis anos saiu de cartaz. Retomá-lo agora, é um desafio para o ator.
“Quando você resgata um espetáculo que há tanto tempo não apresenta, você precisa de tempo e condições. E quando você precisa apresentar ele, não na integridade, mas uma parte dele, o desafio é maior ainda. Como que eu faço pra chegar neste trecho, eu vinha de onde", se pergunta. "Além do mais é um outro contexto, sem o ambiente dele, sem a luz e sem o figurino, que ficam guardados em um galpão, e eu não tenho saído de casa tenho hoje 67 anos de idade”, disse o ator ao Holofote Virtual.
O Carrinho de Mão”, de Pirandello, tem direção de Roberto Bacci, com dramaturgia de Stefano Geraci. Estreou em Pontedera, na Itália, em 1998. No ano seguinte chegou aos palcos do país, no SESC Belenzinho. Em cena, uma advogado confessa um prazer secreto que pratica como vingança dessa vida de trabalho e trabalho. "Grotesco, cômico, patético e poético", define Cacá.
Reflexões sobre o novo momento que vivemos
Reflexões sobre o novo momento que vivemos
Um dos criadores da Casa Laboratório, um projeto de cultura que há seis anos deixou de existir fisicamente, Cacá vê com perplexidade atual conjuntura política, em especial para a cultura brasileira.
“A Casa Laboratório continua existindo dentro de todos nós que fizemos, vivemos e participamos dela enquanto projeto que, como tantos outros foi vitimado pela falta de apoio e descaso com a cultura neste país”.
“A Casa Laboratório continua existindo dentro de todos nós que fizemos, vivemos e participamos dela enquanto projeto que, como tantos outros foi vitimado pela falta de apoio e descaso com a cultura neste país”.
Para o blog, ele disse como se sente neste novo momento, em relação ao teatro, mas principalmente para a vida de todos nós. “Faremos teatro pelos meios que se pode hoje. Sem Cultura não se vive. É um momento novo e assustador, que nos tira o chão, porque nós temos particularmente no Brasil, dois inimigos, um desconhecido que é esse vírus, essa coisa infinitamente pequena, poderosa e destrutiva que não conhecemos e o outro que é não saber para que lado estamos indo enquanto nação”.
Quanto a esta pandemia, Cacá Carvalho busca a metáfora para se expressar. “Estamos todos numa mesma tempestade mas não no mesmo barco. Há barcos mais confortáveis e proteção, outros menores que ficam ao sabor da maré e do vento, uns ficam meio do caminho, e eu não sei como será. O momento futuro não sei, mas agora é um momento para pensar em si, estudar a si próprio e ver o valor que você tem no mundo”, finaliza.
Teatro em quatro apresentações por semana
As lives do #EmCasaComSesc trazem música, às 19h, todos os dias, e teatro, às 21h30, em dias alternados da semana. As cênicas são realizadas sempre às segundas, quartas, sextas e domingos, às 21h30. Nesta semana, além de Cacá Carvalho, estarão em cena, ao vivo, nesta quarta-feira, 3, a atriz Bete Coelho que interpreta a peça "Mãe Coragem", um dos textos mais conhecidos de Bertolt Brecht, e que traz uma reflexão densa sobre a moralidade humana em tempos de conflitos. A direção é de Daniela Thomas e tradução de Marcos Renaux.
Na sexta-feira, 5, é a vez de Gero Camilo, com "A Casa Amarela", texto de sua autoria, que conta a vida e o sonho do pintor Vincent Van Gogh de construir uma comunidade de artistas no sul da França, bem como sua relação intensa com o pintor Paul Gauguin nesse período.
No domingo, 7, Eduardo Mossri apresenta uma versão do espetáculo "Cartas Libanesas". Em conversa intimista e direta com o telespectador, ele contará, por meio da figura do mascate Miguel Mahfuz, um pouco do processo da imigração sírio-libanesa no Brasil. A direção é de Marcelo.
Serviço
Para conferir a programação de teatro do #EmCasaComSesc, acesse o link youtube.com/sescsp ou siga instagram.com/sescaovivo. Não perca, toda segunda, quarta, sexta e domingos, sempre às 21h30.
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