Fotos: Vitória Leona |
Adaptado à realidade imposta pela pandemia, o disco terá lançamento digital a partir de julho com apresentações das faixas por etapas. “Como não sabemos quando poderemos fazer o show de lançamento, vamos lançando as faixas aos poucos. Os singles serão trabalhados com clipes e o público poderá participar de todo esse processo. Vamos descobrindo o disco juntos, aos poucos, em um momento novo para todos nós”, conta.
“Lava fala de amor em tempos pandêmicos e é também uma forma de revolução”, reflete Liège. “Essa canção revela uma das facetas do disco, trazendo a energia de novas composições, mais dançantes e ritmadas, pops”, completa. A novidade chega próximo ao seu aniversário, representando para ela o início de uma nova fase da carreira, “uma nova pele que foi sendo trocada durante a construção do disco”, explica Liège.
A participação de Daniel Yorubá, de acordo com a artista, foi uma conexão feita pelo DJ Duh, produtor do disco. Cantor e compositor, nascido e criado na periferia de São Paulo, Daniel mistura MPB, ritmos africanos, reggae, hip hop e pop. “Daniel trouxe seu axé, sua cadência e timbre que encaixaram perfeitamente pro clima da música, pro que ela pedia. Ele captou imediatamente quem era a mulher, a parceira dele na música e compôs o verso dele lindamente. Fechamos juntos a imagem dessa mulher potente no amor e na vida”, comenta a artista.
“Ecdise”, que dá nome ao álbum que vem por aí, denomina cientificamente o processo de mudança de pele, carcaça ou parte do corpo de animais, em período de mudança profundo, por vezes, doloroso. No caso das cobras, elas trocam toda a pele para crescer, recomeçando um novo ciclo. Foi esse nome que a cantora e compositora Liège decidiu dar ao primeiro disco, um trabalho que desnuda a artista, que passou por um processo profundo de autoconhecimento e resgate de sua ancestralidade que vem da Amazônia brasileira.
Ancestralidade e musicalidade desafiam produtor
O trabalho reafirma a voz potente, a ancestralidade e a emancipação pessoal da cantora, embalada por uma sonoridade pop que é atravessada por elementos da MPB, do R&B, ritmos afro amazônicos e da World Music.
“Pesquisamos diversas referências: africanas, brasileiras, e tudo isso dentro da minha regionalidade, preservando meu sotaque e minhas questões amazônicas. Trouxemos esses atravessamentos todos para uma zona contemporânea, incluindo um pouco de r&b, pop, buscando a world music. Acho que isso ficou muito legal no álbum”, explica.
Essa conexão e redescoberta foi feita com o auxílio do experiente Dj Duh (Emicida, Arnaldo Antunes e Tulipa Ruiz), produtor musical paulista que encontrou Liège e se sentiu desafiado a conhecer a artista brasileira da Amazônia que traz em seu trabalho a ancestralidade nortista e uma musicalidade universal.
“Conheci a Liège através de uma caixinha de sugestões que coloquei no Instagram, onde uma amiga em comum indicou o nome dela como possível nome que eu pudesse produzir em 2019. Gostei do desafio de produzir uma artista do Norte do Brasil, acredito que o eixo SP/RJ tem um círculo vicioso e a linguagem do Norte/Nordeste são o futuro, na verdade o presente, da música pop brasileira e o maior desafio, além da distância, foi de fazer com que a obra soasse pop, brasileira e não prejudicasse a regionalidade dela”, relembra Duh.
Natural de Belém do Pará, no coração da Amazônia, Liège atualmente vive em São Paulo (SP), no entanto foi em Campinas (SP) que ela encontrou seu refúgio criativo nos últimos meses, mais especificamente no Groove Arts Studio, estúdio do produtor. “O trabalho de militância que a Liège faz me atrai! Fazer música mantendo seu posicionamento frente a várias lutas sempre fizeram parte do meu trabalho e isso me fez olhar e escolher realmente trabalhar com ela”, revela Duh.
O álbum vem com dez faixas e tem direção vocal de Marisa Brito nas músicas “Deixa Ir” e “Legado” e Thiago Jamelão nas demais faixas. O disco traz como convidades especiais o duo pop 2DE1, a rapper paraense Bruna BG, o paulistano Daniel Yorubá e o próprio Thiago Jamelão – que também atuou como diretor vocal.
“Toda vez que eu entro no estúdio, fico muito ansioso e cheio de expectativa e o encontro com a Liège foi muito tranquilo, foi um trabalho de muita troca e aprendizado. Criamos melodia, compomos, foi uma troca muito grande. Além de tudo, é uma excelente cantora, com uma voz linda bastante expressiva”, avalia Jamelão, diretor vocal do disco.
Acreditando na importância da arte no processo de reflexão e construção de uma sociedade mais justa, a artista segue com o lançamento do trabalho, que precisou ser ajustado à nova realidade.
“Quando tudo aconteceu, já estávamos com o planejamento do disco fechado e a cabeça deu nó. Mas arte pra mim sempre foi uma questão de sobrevivência, é meu propósito, então nós resolvemos ajustar a divulgação e seguir com o lançamento, já que música é minha arma de luta e tem a missão de levar reflexão, alento e desconstrução pro público, é a minha forma de contribuir no enfrentamento a este momento tão complicado”, pontua Liège.
“Ecdise” foi selecionado por Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura do Pará (Semear), ao lado de Lucas Estrela, Chico Malta e Thais Badú, por exemplo. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para 59 projetos até 2019, como Manoel Cordeiro, Dona Onete, Pinduca, Felipe Cordeiro e Luê. “O futuro que queremos construir é coletivo. Ele passa por momentos de tensão, mas, com a música, somos capazes de chegar a um lugar comum, respeitando a diversidade. Os artistas, bandas e projetos de fomento à cena selecionados por Natura Musical trazem a mensagem de que o futuro pode ser mais bonito com a música e com envolvimento de cada um de nós”, afirma Fernanda Paiva, gerente de Marketing Institucional da Natura.
(Holofote Virtual com informações da assessoria de imprensa)
Nenhum comentário:
Postar um comentário