10.5.24

Ponto a Ponto reúne obras 10 artistas em Marabá

Depois de passar pelos municípios de Castanhal (Vila do Apeú), Quatipuru e Salvaterra, além da Ilha de Mosqueiro, o Arte de Casa em Casa está na outra ponta do Estado, em Marabá, região sudeste do Pará, onde abre nesta sexta-feira, 10, às 19h, no Pontal Instituto Cultural, a exposição Ponto a Ponto. A iniciativa conta com apoio do edital de artes visuais da Lei Paulo Gustavo. 

"Ponto a Ponto" reúne o trabalho de 10 artistas, tanto nativos do município quanto migrantes,  curadoria de Werne Souza, que também expõe na mostra, ao lado de Marcone Moreira, Margareth Gondim, Armando Queiroz, Antônio Botelho, Domingos Nunes, Jonas Barros, Lucas Wilm, Rildo Brasil e Galvanda Galvão. A mostra ficará aberta até dia 21 de maio.

A ação do Arte de Casa em Casa vai ocupar o Pontal Instituto Cultural, antes Associação dos Artistas Visuais do Sul e Sudeste do Pará, fundada em 1998 no Galpão de Artes de Marabá (Gam) onde, ao longo de muitos anos, se destacou como um polo cultural influente.  Em 2011, a denominação foi alterada para Pontal, nome escolhido em referência ao encontro dos Rios Itacaiúnas e Tocantins, que simbolizam a harmonia entre suas águas e a comunidade pioneira de Marabá. 

70 anos de história das artes visuais

A cidade, devido à sua dinâmica econômica, atrai pessoas de diferentes estados do país, resultando em uma população plural, cuja diversidade se reflete na arte. "Marabá tem 111 anos de emancipação e, há cerca de 70 anos, tem sido protagonista na história das artes visuais do município", afirma Marcone. 

Ele destaca o legado de artistas como Augusto Morbach, conhecido por registrar os ciclos econômicos e as transformações da região por meio de desenhos, especialmente utilizando a técnica do pontilhismo com tinta nanquim. Morbach tornou-se uma referência na cidade, influenciando várias gerações de artistas que também abordam esses temas em suas obras ao longo das décadas.

“Nós temos ainda a Pinacoteca do município vinculado à Casa da Cultura, que já tem 42 anos de existência. E ela tem, na sua maioria, o acervo dessa tradição dos desenhistas de Nanquim. Então, é um acervo importante para a nossa história, para a cidade, para a região. E, ultimamente, há cerca de dez anos, nós temos o curso de artes visuais implantado na cidade pela Universidade Federal do Pará”. 

Escultura de 10 metros e cadernos de artista

Marcone é do Maranhão, mas viveu em Belém por muitos anos até se deslocar à Marabá, onde vive e trabalha, atuando como artista e gestor. Iniciou suas experimentações artísticas no final dos anos 90 e, a partir de então, vem participando de diversas exposições pelo país e no exterior.  

Em Ponto a Ponto ele vai apresentar na coletiva, uma escultura de aproximadamente 10 metros, composta por hélices de alumínio retiradas de embarcações, refletindo seu fascínio pelo universo naval e pela história local.

"Essas hélices são peças que impulsionam as embarcações a motor, conhecidas como rabetas, muito comuns na região do Tocantins e do Rio Itacaiúnas. Tenho um interesse profundo nesse universo naval, no qual sempre estive imerso, utilizando tanto madeira de embarcações quanto outros materiais relacionados”, explica o artista. 

Para ele foi algo natural chegar às hélices. No caso desta peça específica da exposição, ele está incorporando centenas de elementos. “Acredito que resultará em uma obra intrigante que percorrerá o espaço expositivo. Este trabalho representa um momento de experimentação e compreensão do material, naturalmente conduzindo a desdobramentos na obra", finaliza Marcone Moreira.

Já Werne Souza, que também participa da exposição, vai levar seus cadernos de artista. “Há anos que eles estão em processo, acho que uns 7 anos. Só fiz uma exposição na Alemanha com um caderno que não está mais nessa série e foi o único que finalizei. Os outros ainda estão em processos. A minha intenção é concluí-los para a exposição Ponto a Ponto”, diz Werne. 

Para o curador, há uma conexão dos cadernos com a exposição porque eles tratam sobre “lugares no mapa ou no espaço da tela, do papel, no trabalho do artista, na fazer criativo, fase a fase, ponto a ponto, tempo a tempo. Estamos mapeando os pontos de arte, os artistas, as obras. Pontos localizados e perdidos no mapa cultural. Neste trabalho, os cadernos de artistas, trabalho tudo isso”, continua. 

Nestes cadernos, ele utiliza a técnica acrílica e aquarela, mas também o Nanquim. Os livros são de tecido, interativos e poderão ser tocados e manuseados até o desgaste. “O desgaste dos livros é, ao mesmo tempo, o desgaste de minhas lembranças, as memórias que vão desaparecendo”, finaliza Werne.

Na Casa do Artista é tema da roda de conversa

Trazendo como tema "A Casa reverbera Arte", a roda de conversa vai trazer a experiência que moveu o artista visual Werne Souza a realizar esse projeto. O lugar, que respira ​cultura​, traz  um ambiente intimista ​, situado próximo ​à orla de Icoaraci​, e que se abre para as mais diversas experiências artísticas, indo das artes visuais à música, passando pela gastronomia e cultura alimentar​.

M​antido por Werne e pela  produtora cultural Auda Piani​, o espaço Na Casa do Artista ​​já recebeu prêmios, abrigou dezenas de exposições e agora se prepara agora para sediar o evento de encerramento do projeto, em junho, antes do lançamento do mini documentário sobre a itinerância.  

Serviço

Abertura nesta sexta-feira, 10 de maio, a partir das 19h. Exposição Ponto a Ponto, com os artistas Antônio Botelho, Armando Queiroz , Domingos Nunes, Galvanda Galvão, Jonas Barros, Lucas Wilm, Marcone Moreira, Margareth Gondim, Rildo Brasil e Werne Souza. A partir das 20h, tem Roda de Conversa: A Casa reverbera Arte.​ Local: Pontal Instituto Cultural. Av. 2000 quadra 93 Lote 16B - Bairro Belo Horizonte - Marabá-Pa. Visitação: 11 a 20/05 - Funcionamento: Seg. à Sexta - Horário: 09h às 12h/15h às 18h - (9h às 12h no sábado).

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