Dona Onete e Laurentino, na coxia aguardando a vez de ensaiar |
As ondas sonoras da diversidade musical paraense vão ecoar mais uma vez no Theatro da Paz. Depois de ser palco para as gravações do DVD de Mestre Vieira, em seus 50 anos de guitarrada, ele agora recebe de 1º a 4 de agosto, o Terruá Pará.
Por volta das 13h, os músicos começaram a chegar. O ensaio propriamente dito, porém, só iniciou lá pelas 16h. Não foi problema. O clima nos bastidores do Terruá é de encontro.
Além da nova geração em que se destacam Felipe Cordeiro, Lia Sophia e a Gang do Eletro, estavam lá prontos para ensaiar, Dona Onete, Mestre Laurentino, Pantoja do Pará, Manezinho do Sax, Mestre Curica, Mestre Vieira, Pipira do Trombone, mestres que marcarão e darão brilho certamente especial ao show que de lançamento dos CDs e DVDs gravados durante as apresentações no auditório do Ibirapuera em São Paulo, nos anos de 2006 e 2011.
Houve muitos cabos, teste de luz e equalização de áudio, antes que finalmente o ensaio geral, com o carimbó do Uirapuru, de Marapanim, que tocam “Meu Barquinho”. O grupo faz a apresentação à frente do clássico painel da República, que ainda veta o cenário no palco que será revelado assim que os curimbós cessem.
Paulo André Barata |
O painel se abre e surge em meio a uma floresta de miriti, os cellos da Orquestra de Violoncelistas da Amazônia, a energia percussiva do Trio Manari e Calibre, no contrabaixo, que integram a banda base do evento.
Executam “Uirapuru”, de Waldemar Henrique. Manari toca em seguida, “Floresta”. Tudo parece se conectar. Em cena também, Jade (bandolim), Esdras de Souza (clarinete e flauta), engrossando o caldo sonoro para receber Sebastião Tapajós, que não esteve no ensaio desta segunda, mas que faz parte do espetáculo, em que tocará “Igapó”.
Em seguida, ainda no palco, o violonista acompanha Paulo André Barata que entra cantando “Foi Assim” e, depois, “Nasci para Bailar”. A esta altura já estão também ali, Pio Lobato, na guitarra, Félix Robatto, tocando guirro; Edgar, no piano, e Edvaldo Cavalcante na bateria.
Paulo André encerra sua participação e chama Pio, que manda a guitarrada que ele chamou de “Mestre Vieira”, em uma clara homenagem.
A música trilhou de 2003 a 2008, a abertura do programa Cultura Pai D´Égua, na Tv Cultura do Pará.
Dona Onete aparece e, só pra variar, com sua voz poderosa rouba a cena cantando “Moreno” e “Jamburana”. Nilson Chaves, que também não pôde ir ao ensaio daquela longa tarde de segunda-feira. Vai cantar “Carimbó Modernista”.
Toni Soares e Almirzinho Gabriel |
Pelo que se viu ontem, um dos momentos que promete iluminar o espetáculo vem logo na sequência. Almirzinho Gabriel e Toni Soares, velhos parceiros, estavam em total sintonia. Depois de abrir a sessão, com "Balanço do Mar", um boi retumbante, Toni Soares chama ao palco, Almirzinho Gabriel.
Juntos eles cantam "Clarão da Lua", de Almirzinho, que pede nesta hora o auxílio luxuoso de Pipira do trombone. Faz toda a diferença. E assim jogam tudo pro alto. Desafiando a gravidade, dançam, dão pequenos saltos, viram meninos e somam, movidos à musicalidade da região nordestina paraense.
Final de mais um ato. O cenário de floresta some abrindo espaço para um bailinho de miriti, com rádios de pilha e bonecos, casais que reforçam o clima de festa. É avez de surgir Lia Sophia (“Ai Menina” e “Amor e promoção”), Mestre Solano (Abaetetuba), Felipe Cordeiro e Manoel Cordeiro (Fogo na Morena e Legal e Ilegal), Luê Soares ( Sei Lá) e Curica (Pedreirinha de Marituba). Vemos chegando Manezinho do Sax e Pantoja , que tocam “Mangabeira” e “Lambaridó, tendo ao lado dois cabeçudos do Bai Veludinho.
Mestre Vieira e Mestre Curica |
No final de mais um ato, Vovô assume a bateria e Mestre Vieira chega, nos fazendo vibrar com sua guitarrada. Toca “Viajando”, para depois compor um trio com Pio Lobato e Curica. A música, será uma das surpresas do show. Não estava o roteiro.
Mais uma etapa chega ao fim. Sai bailinho e entra a aparelhagem, claro, feita de miriti. Vamos seguir para o final, com Mestre Laurentino, em mais momento que se promete vibrante.
A música é “Lorinha Americana”, que ele canta, dança e toca harmônica com intensa versatilidade, matando de inveja muito moleque por aí.
Gang do Eletro entra com ótima presença de palco. Keila Gentil, Willian e Maderito acontecem, representando um novo frescor para a música de aparelhagem, misturando batidas do eletrohouse com instrumentos do tecnomelody paraense e que, junto ao DJ Waldo Squash, eles são Eletromelody.
Cyz Zamorano não resiste e dança com Laurentino |
Feito isso, abre-se espaço para o brega na participação de Edilson Moreno. Ele canta “Vaza, Mana”.
Gaby Amarantos fecha o espetáculo cantando “Gemendo”e “Merengue Latno” e em seguida chamando todos os artistas para uma finalização coletiva e com muito carimbó.
Participam também da banda base, Davi Amorim (guitarra, Adriano Souza (bateria).
Hoje também começa o circuito Terruá pela cidade.
Enquanto isso, nos bastidores do ensaio, produtores e técnicos agitam para que tudo dê certo nos próximos dias. Sandra Machado vai de camarim em camarim. Está dando consultoria de figurino a toda esta tropa de artistas, além de criar diretamente os de Gaby, Felipe e Gang do Eletro. Quem não puder ir ao show vai ver tudo pela Tv e ouvir tudo pela rádio. A Rede Cultura de Comunicação transmitirá ao vivo na quinta-feira, 02. Nos outros dias a transmissão será apenas on line através do Portal Cultura.
Essa Gang é sucesso! |
E não esqueçam, tem pocket show no Boteco das Onze, com o músico Adelbert Carneiro, de 13h às 14h.
A programação segue amanhã também no IAP com debate e palestra, além de mais poketc show e festas que estenderam a conversa da música paraense para além dos múros neoclassicos do theatro da Paz. Ney Messias, secretário de comunicação do estado e produtor executivo do Terruá, sentado á plateia, vê o ensaio e confirma. "O circuito paralelo é para isso mesmo, para que as pessoas conversem, troquem ideias e não se limitem a convivencia do show", afirma. Veja mais detalhes, aqui.
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