14.10.13

Filme polêmico entra em cartaz no Cine Estação

Desde o último domingo, está em cartaz no Cine Estação das Docas,  “A Bela que Dorme”, o polêmico filme de Marco Bellocchio. Há sessões matinal, no domingo, e noturnas às 18h e 20h30, em dias específicos (veja o serviço). Vencedor do prêmio do júri na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a história provoca o público ao narrar o drama de Eluana Englaro, que se tornou tema de uma tragédia nacional na Itália quando é tomada a decisão de pôr um fim a sua vida após dezessete anos em estado vegetativo.

Em "A Bela que Dorme" , temos uma série de personagens com histórias trágicas ou dilemas existenciais e religiosos. Poderia ser mais um filme em que diversas histórias se cruzam do modo mais forçado possível, caso o diretor não fosse Marco Bellocchio. 

O que liga todos esses personagens é a história real de Eluana Englaro, vítima de um acidente de carro que passou 17 anos vivendo artificialmente. Seu drama causou comoção, e reacendeu na Itália a discussão sobre eutanásia. Os personagens acompanham seus últimos dias pela TV. A história mais forte é a do médico que zela por uma dependente química com tendências suicidas.

Há o núcleo político, no qual um senador tenta estreitar laços com a filha, que por sua vez se envolve com um jovem responsável pelo irmão problemático. Há ainda a atriz que acredita em um milagre que faça sua filha despertar de um coma profundo. 

O cinema de Bellocchio é como uma pirâmide em que a Itália está no topo, e na base estão a política e a religião. Seus filmes geralmente são respostas contundentes a discussões que envolvem esses elementos, como o brilhante "Vincere" (2009). 

"A Bela Que Dorme", de outro modo, está menos interessado em dar respostas do que em explorar questões: o destino do país, de seus políticos e de sua população, como também o sentido da vida e o peso do Vaticano. Não é um filme perfeito como "A Hora da Religião" (2002), mas comprova a ótima fase do cineasta italiano mais importante em atividade. 

A leitura mais óbvia, autorizada pelo próprio diretor em entrevistas, é que a bela adormecida do título na verdade é a própria Itália, paralisada por suas tradições. Bellocchio mostra personagens desiludidos e fala sobre o direito de morrer. Mas acredita no despertar. É o que fica claro na última cena.

Sessões

17.10 - 18h e 20h30
18.10 - 18h e 20h30
20.10 - 10h, 18h e 20h30
23.10 - 18h e 20h30

A Bela que Dorme - (Bella addormentata, Itália/França, 2012). De Marco Bellocchio. Com: Isabelle Huppert, Toni Servillo e Fabrizio Falco. Tempo: 115 min. Classificação: 14 anos. Veja o trailler:
https://www.youtube.com/watch?v=mdaI_gvAhyY

Ingressos: R$ 8,00 (com meia-entrada para estudantes). Realização: OS Pará 2000, Secretaria de Estado de Cultura – Secult e Governo do Estado. 

(informações:  http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/07/1308541-a-bela-que-dorme-comprova-otima-fase-do-cineasta-italiano-mais-importante-em-atividade.shtml)

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