Os artistas Neto Rocha e Marcello Gabbay apresentam, no próximo dia 19, canções inspiradas numa coleta de vivências musicais em viagens pelo Brasil e mundo afora. Assim, Londres, Paris, Montevidéu, São Paulo, Bruxelas e Sevilha se encontram também em Guareí, em Tatuí e na Ilha de Marajó.
Para esta apresentação em Belém, a dupla prepara um formato mais cênico e o lançamento do EP “Dia de São João”, trazendo cinco faixas inéditas. Lento e veloz, urbano e algo rural, urgente e casual, o disco de Neto Rocha e Marcello Gabbay traz a síntese tão brasileira e tão contemporânea do campo e da cidade; expressa nos sons, textos, cordas e cantares.
Originários de territórios distantes das cinzentas metrópoles brasileiras, mas já tocados pela vida superurbana, foi em 2008, no Rio de Janeiro, que se iniciou a interseção entre Guareí (SP) e Belém (PA). Mas somente cinco anos depois, doze canções tomaram corpo sob a pressão solitária das capitais e a estética artesanal do homestudio.
De um quartinho de São Paulo nasceu o trabalho que não podia mais esperar.
Kleiton e Kledir, Sá e Guarabira, Toquinho e Vinícius, Nilson e Vital, Simon e Garfunkel, Moraes e Pepeu. De alguma forma as duplas criativas estão relacionadas com uma referência a terra, ao lugar de origem, a saudade e a vida nas cidades grandes, aos conflitos do contemporâneo.
A sonoridade pau-e-corda do disco é ao mesmo tempo um recurso criativo e uma estética sonora intencional. As cordas dos violões, banjo, e do contrabaixo, dividem textura com pau de chuva, taças de vidro, objetos de madeira, um garrafão de água mineral, e o trabalho vocal da dupla.
O resultado é algo entre a sonoridade brasileira “anos 70” e a aura confessional instantânea da música popular contemporânea, que se reflete tanto no estilo cancioneiro como na forma de gravação.
O estúdio caseiro no bom e velho plug and play remete a grandes discos feitos com poucos recursos tecnológicos, mas que primam pela crueza sonora; como o “McCartney” do ex-baixista dos Beatles, de 1970, ou o disco de estreia de Bob Dylan, de 1962; ou ainda a discografia póstuma do baiano Sérgio Sampaio, e os misteriosos álbuns violados dos Travelling Wilburys.
Ainda sob o espírito artesanal, a dupla realizou uma série de apresentações de bolso, no pequeno apartamento da rua Frei Caneca, em São Paulo. Inspirada na iniciativa de artistas independentes de vários cantos do mundo, a empreitada rendeu o um tipo de solução de arranjo que com apenas dois músicos em cena se lança na ocupação dos espaços, fazendo dos shows uma grande festa à pés descalços, regada a textos de Leminski, Bandeira, Artaud e Borges.
Serviço
Show “O Campo e a Cidade”. Espaço Cuíra (Rua Riachuelo, 534, esquina com Primeiro de Março). Dia 19 de outubro de 2013, às 19h30. Ingressos a R$ 10,00. Informações: (21) 6966-0044 / (11) 94232-5286 / 94114-6560.
Nenhum comentário:
Postar um comentário