Capital plural, Belém do Pará, vive sua primeira Virada Cultural, a partir deste sábado. Em mais de 24 horas, até domingo, 14, a programação se espalha por mais de 20 espaços, reunindo mais de 100 artistas das mais variadas linguagens, que transbordam, em peso, a produção cultural autoral do Pará e trazendo como convidados o Rapper Emicida e vários DJs. Se você gosta de intensidade, se normalmente tem insônia, bem, seus problemas acabaram!
O que vem se tornando uma febre em todo o país, é na verdade uma ideia francesa, que surgiu em 2002, com o nome de Nuit Blanche (noite em claro). Paris lançou uma fórmula, com seus monumentos e pontos turísticos iluminados, galerias de arte, bares e espaços diversos abertos por toda a noite, além de muitos shows e espetáculos, espalhados por toda a cidade.
Em 2005, outra prefeitura, a de São Paulo, realizou a primeira Virada Cultural do país, exemplo seguido por prefeituras de outras capitais brasileiras e agora, dez anos depois, chega a Belém, com iniciativa independente de realização da Senda Produções, em parceria com a Ampli Criativa. O projeto tem patrocínio do Banpará, por meio da Lei de Incentivo à Cultura (Minc).
Os recursos estimados, porém, não foram captados em sua totalidade e aí foi necessário fazer inúmeras parcerias para que a programação se estendesse por mais de 24 horas. De forma muito colaborativa, a partir da consciência dos próprios artistas, em prol de uma iniciativa.
“A programação está bem extensa mesmo, mas trabalhamos no limite orçamentário, para contemplar o maior número de atividades, entendendo também que isso não é um festival de música, embora a virada se dê no palco e a música seja o carro chefe. Era importante contemplar outras linguagens de forma significativa”, diz Pedro Vianna, um dos organizadores do evento.
Assim, as bandas Zeromou (11h) e A Trip to Forget Someone (15h), por exemplo, que se apresentaram logo mais na Discosaoleo (Trav. Campos Sales, 628, porão), por exemplo, poderão gravar suas músicas no Lado B Studio. “É uma forma de incentivar os novos talentos da cena local”, explica o coordenador.
O mesmo será para Lucas Guimarães (15h), Cais Virado (16h) e Meio Amargo (17h), que se apresentam no espaço Na Figueredo (Av. Gentil Bittencourt, 449). Essas atrações terão direito a sessão de estúdio no Na Music.
Em São Paulo, a programação reúne shows do país inteiro, selecionados por meio de edital, como também foi feito em Belém. Aqui, embora o edital tenha recebido propostas vindas de outros estados, a organização acabou privilegiando, por motivos orçamentários, shows de bandas locais, que estarão nos palcos montados na Estação das Docas e na Praça da Bandeira, com shows a partir de 18h deste sábado.
Em 15 dias, mais de 800 propostas foram recebidas, inclusive de artistas de outros Estados. De acordo com Pedro Vianna, isso foi uma grande surpresa e também um desafio.
“Orçamento é sempre um problema. Conseguimos captar uma parte do que foi aprovado pela Lei Rouanet, e o que temos do poder público é apoio de alguma infraestrutura, mas é muito pouco mesmo. Estamos trabalhando com o aporte do Banpará e com muita colaboração dos artistas e agentes culturais que estão envolvidos”, explica Pedro. “Tivemos que equalizar tudo com muita clareza, por isso não fechamos, no momento das inscrições, os cachês. Fomos sondando as pessoas e dialogamos de que forma poderíamos estar custeando cada um”, continua.
“Em alguns casos, estamos pagando cachê. Em outros tem colaboração, tanto da parte dos artistas, com as apresentações, quanto da nossa, que entramos com infraestrutura e material. Para atividades de formação que estão sendo executadas em praças públicas, como contação de história, teatro etc, fechamos cachês básicos”, enumera Vianna.
Expectativas e poder público
O poder público se faz presente com apoios. “A virada Cultural fez parceria pela ação Pacto Pela Vida e obtemos parcerias no sentido de segurança, pela Guarda Municipal, Polícia Militar e também contratamos segurança privada. À nível de transporte público, não conseguimos ter ainda o serviço por 24 horas, mas o evento está se consolidando e esperamos dialogar futuramente com prefeitura e estado em relação a isso”, continua Pedro.
“As pessoas criaram expectativa grande, porque se faz a analogia à Virada de São Paulo, que tem apoio total do poder público. Nós somos uma produtora independente, que trabalha com patrocínio e foi com o que trabalhamos inclusive para contemplar e valorizar os artistas daqui. Queremos somar com a política de incentivo, nos firmando como plataforma de difusão do que vem sendo produzido aqui. A gente entende que troca como os de fora é fundamental e tem que acontecer, mas neste primeiro momento para o nível de investimento , que temos, precisamos contemplar o que temos aqui”, conclui.
Rap e guitarrada na virada de sábado pra domingo
A atração nacional, convidada, é o rapper, repórter e produtor musical Emicida, considerado uma das maiores revelações do hip hop do Brasil nos últimos anos. O artista, que lançou recentemente o álbum “O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui”, será acompanhado pelo DJ Nyack, no palco da Praça da Bandeira. Ele entra em cena, a partir da meia noite, encerrando o palco.
Enquanto isso, o palco da estação das Docas, o enceramento será na base d e muita guitarrada. Félix Robbato que é o dono do show, chamou como reforço nada menos que o criador do estilo, Mestre Vieira, e Pio Lobato, o responsável pela redescoberta do ritmo no país.
Mas quem abre a programação no palco da Praça da Bandeira é a divertida e instigante Les Rita Pavone, não percam. Logo depois a lendária Delinquentes, seguida da banda Molho Negro, Camila Honda e The Tump.
A dupla de rap paraense Cronistas da Rua abrem o show de Emicida, com um pocket show de lançamento de seu novo videoclipe, “Mestres de Capoeira”, produzido pela TV Cultura do Pará, com direção de Roger Elarrat. Depois do rapper paulista, tem ainda Strobo com MG Calibre e Manoel Cordeiro com a romântica Gina Lobrista.
Na Estação das Docas, no Anfiteatro do Forte de São Pedro Nolasco, a partir de 19h, as apresentações começam com Tom Salazar e Daiane Gaspareto, com o show “Não lugar”, que se propõe a apresentar canções que foram criadas em série, o que resultaem uma interligação entre as mesmas e na atmosfera sonora. O show traz participação do percussionista e baterista Carlos “Canhão” Brito e da cantora Cacau Novais.E ainda haverá shows de Delcley Machado, Luê, Arthur Espíndola, Dona Onete, sempre com a participação de outros artistas, como Alba Maria, Júnior Soares e Juliana Sinimbú.
Na Feira do Açaí, a partir de uma hora da manhã, já de domingo, tem festa com os DJs Black Soul Samba e apresentação dos grupos Lauvaite Penoso e Sancari, com uma alvorada de carimbó no amanhecer.
No Casarão do Boneco (Av. 16 de Novembro, 815), às 16h, haverá grafitagem com Michelle Cunha, e às 18h, o espetáculo “Pinóquio”, da In Bust Teatro com Bonecos. Lá, o público poderá conferir a exposição permanente de bonecos e adereços da companhia.
O teatro também terá vez em espaços abertos, como a Praça da República e a Praça do Carmo. O Sistema Integrado de Museus (SIM) e o Museu de Arte de Belém (Mabe) terão gratuidade em todos os seus espaços no sábado (13).
O projeto Roteiro Geoturístico, da UFPA, promoverá um passeio pela Cidade Velha, de 8h às 11h, saindo do Forte do Castelo e seguindo pelo Complexo Feliz Lusitânia.
O coletivo Meio.fio.me participa da programação com a ação “Curta na rua: Bike imagem-som”, que exibirá vídeos e áudios pelas ruas da Cidade Velha e do Reduto, saindo às 19h do Pólo Joalheiro e fazendo o seguinte trajeto: Praça da Bandeira, Sopro Casa Atelier, Casulo Cultural, Ver-o-Peso e Estação das Docas.
Serviço
Tem mais. Para saber todos os detalhes, horários e palcos, da Virada Cultural de Belém, acesse www.viradaculturalbelem.com.br. Patrocínio: Banpará. Realização: Senda Produções. Apoio: Pacto pela Vida/ Prefeitura de Belém, TV Liberal, Instituto de Artes do Pará (IAP), Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves e Governo do Pará. Parceria: AmpliCriativa.
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