Em 2014, o Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras lançou sua terceira edição e o ano começa com boas notícias para o Estado do Pará. Entre os contemplados pela iniciativa conjunta do Centro de Desenvolvimento Oswaldo dos Santos Neves e Fundação Cultural Palmares (Minc), está um projeto que será executado em Belém.
Trata-se do “Kiuá Nangetu – poéticas visuais da resistência negra”, idealizado pelo Instituto Nangetu, sediado no terreiro Mansu Nangetu, no bairro do Marco. Na última segunda, 26, o professor e artista Arthur Leandro (Táta Kinamboji) esteve no Rio de Janeiro para representar a entidade na premiação.
“Kuiá Nangetu” promete agitar a cena artística da cidade com intervenções no espaço urbano, estabelecendo inovadoras e sensíveis possibilidades de contato entre a sociedade e a produção de artistas de terreiro. O projeto tem como pontapé as proposições poéticas do coletivo Nós de Aruanda, que inclui artistas do terreiro Mansu Nangetu e de outras casas afro-amazônicas. As intervenções ocorrerão durante o mês de maio, culminando com as atividades de encerramento da comemoração de dez anos do Instituto Nangetu.
Para a escolha do prêmio em artes visuais, reuniu-se a comissão de seleção que foi composta pelo ator Antônio Pompêo, Januário Garcia e Galvão Pretto, que avaliaram os projetos inscritos na edição de 2014. A reunião da equipe avaliadora foi realizada no Rio de Janeiro, nos dias 18 e 19 de dezembro de 2014. Os trabalhos foram coordenados por Ruth Pinheiro, presidente do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves – CADON, com o acompanhamento do representante da Fundação Cultural Palmares, Sr. José Newton Guimarães – Chefe de Divisão - e Luis Carlos do Nascimento – Gestor de Projetos Culturais da Petrobras.
"Esta é apenas a terceira edição deste prêmio, e a segunda da bolsa fomento de artistas negros. Em três anos de financiamento específico para artistas e produtores culturais negros temos muito pouco tempo e ainda não podemos dizer que revertemos o sistema de exclusão etnico-racial na cultura brasileira. Com propostas como esta, nós, artistas de terreiros, começamos, timidamente, a sair da invisibilidade”, considera Arthur Leandro, que também é carnavalesco da escola de samba Embaixada Pedreirense, que neste ano entra na avenida para lembrar o processo de opressão e resistência no qual o negro é protagonista na história do país.
Sobre o Instituto Nangetu - Instituto Nangetu de Tradição Afro-Religiosa e Desenvolvimento Social tem por objetivo estreitar laços de confraternização e promover o desenvolvimento sócio-econômico da comunidade Afro-religiosa, e está intimamente ligado ao Mansu Nangetu , espaço sagrado de manutenção e preservação das manifestações de matriz africana de origem Bantu na cidade de Belém.
O Instituto Nangetu participa desde a primeira edição da exposição “Nós de Aruanda, artistas de terreiro”, organizada pelo Grupo de Estudos Afro-Amazônico (NEAB) da UFPA. Desenvolve o Projeto Azuelar, um laboratório experimental de comunicação social comunitária e também coordena um cineclube no espaço do terreiro.
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