O compositor, violinista, poeta, escritor e cantor brasileiro Jorge Mautner é convidado do Encontro Literário deste sábado, 4, na programação da XX Feira Pan-Amazônica do Livro, a partir das 19h, na sala Dalcídio Jurandir, do Hangar Centro de Convenções do Pará.
O autor já esteve em diversas ocasiões na capital paraense, participando de encontros, oficinas e realizando shows, mas está estreando na feira do livro como palestrante. “Estive em Belém na década de 1960, sempre a trabalho e fiz muito colegas por aí. Estou emocionado de voltar para reencontrá-los e estar com esse povo hospitaleiro”, disse em entrevista por telefone à assessoria de imprensa da feira.
Para o escritor, a Feira Pan Amazônica, que este ano tem como tema “Terra: País de Todos”, tem grande importância para a região, por ser um evento sediado na Amazônia. “Vocês são o futuro da humanidade e tudo o que a Amazônia representa é de grande importância para o século XXI. A cultura, os povos, os mitos, as narrativas”, destaca.
Em sua palestra show, que já rodou por várias cidades brasileiras, e agora será apresentada na Feira, Mautner fala de suas obras, permeadas pelo multiculturalismo dos povos, temas pelos quais se interessa, como história, literatura e ciência, tudo permeado por suas músicas.
De acordo com ele, tudo é um amalgama. Tudo está ligado, mesmo no “Kaos” com “K”, seu pensamento mais genuíno.
Aos 75 anos, ele é uma fonte inesgotável de expressão. Em janeiro deste ano, lançou “Kaos Total”, um livro que reúne escritos antigos: letras (já gravadas e inéditas), poesias, fragmentos de prosa poética e textos-manifesto, como o da fundação do Partido do Kaos.
A coletânea foi organizada por Reys, Maria e Natasha Felizi, resultado de dois anos de trabalho intenso garimpando textos, anotações e outros trabalhos. “Escavaram um quarto inteiro com escritos antigos e outros também antigos mais nunca publicados”, conta o autor.
Com vasta contribuição para a cultura brasileira, o artista continua produtivo e diz que só vai parar quando morrer. Ele prepara um disco sem previsão de lançamento e ainda quer escrever uma nova obra com o título “Não Há Abismo em que o Brasil Caiba”.
Conhecido como o escritor do Kaos, tudo começou quando escreveu seu primeiro livro, “Deus da chuva e da morte”, aos 15 anos de idade, publicado em 1962. Esta obra constitui, com “Kaos” (1964) e “Narciso em tarde cinza” (1966), a trilogia hoje conhecida como Mitologia do Kaos.
Tecnologias - Mesmo considerando-se um “troglodita” no manejo nas novas tecnologias, se diz um entusiasta da geração atual que tem estas formas de comunicação como ferramenta. “As novas formas de comunicação e compartilhamento de informação se parecem cada vez mais com a nossa mente”.
Para ele, os jovens são a geração da simultaneidade. “Isso é de uma importância tremenda”, avalia. “São 7 bilhões de habitantes no planeta terra. Todos com a possibilidade de conexão. O que levava 10 anos hoje leva 10 segundo pra acontecer. Isso é amalgama”, resume.
Mautner ainda fala sobre a presença de um mal profundo, que seria o nazismo e que está por aí camuflado. E lança sobre a nova geração a tarefa de resistir a tentação, que segundo ele, será resolvida com cibernética e ecologia
Vê os acontecimentos atuais no cenário político e cultural brasileiro como a exuberância da expressão da democracia. “Somos puramente emocionais. Nossos neurônios são emocionais. Não é de hoje que a corrupção tem seduzido a muitos. Isso se deve a interesses. É uma questão de poder, onde se confunde o que é público e privado, em que o bem comum e particular perderam o limiar”, analisa.
“Se todos derem as mãos, deixando de lado as ideologias partidárias pode ser que possamos sai dessa crise, que é puramente artificial. É criada. Mas eu sou otimista e acredito que podemos buscar novas formas de manutenção da democracia”, conclui.
Serviço
XX Feira Pan-Amazônica do Livro, até o dia 5 de junho, no Hangar. Horário de visitação: de 10h às 22h. Entrada franca. Programação completa:www.feiradolivro.pa.gov.br
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