14.12.16

Casa do Gilson reabre para comemorar os 30 anos

Samba e choro para celebrar a Casa do Gilson, que surgiu numa barraca de palhoça reunindo amigos em rodas com bandolim, pandeiro e cavaquinho. Foi no quintal de uma residência no bairro do Condor, que de sonho e resistência, o espaço floresceu. Prestes a completar 30 anos de muitas histórias, acordes e afetos, o maior reduto dos ritmos originais da música brasileira na capital paraense reabre as portas após seis meses de reforma. A programação de aniversário é extensa, reúne mais de 30 artistas, a partir desta sexta-feira (16), seguindo até domingo (18), e nos dias 20 e 27 de janeiro de 2017.

O espaço cultural abriga e contribui para a preservação e apresentação do patrimônio musical brasileiro, o Choro. Em 2015, a Casa do Gilson foi contemplada pelo prêmio Funarte de Programação Continuada para a Música Popular, passou por uma completa renovação e agora volta a receber o público. O músico e artista plástico Gilson Rodrigues, proprietário do imóvel e principal responsável em manter o espaço em funcionamento por esse longevo período, comemora o momento. 

"Acredito que é um reconhecimento pela nossa resistência por continuar realizando um movimento em torno da nossa cultura e preservar a nossa música. Conseguimos muitas coisas, as amizades, discos que já gravamos. É uma casa que tem alma. A gente vai tocar por aí, mas nada é como estar na casa, é onde a gente se sente à vontade", comenta o proprietário e articulador cultural responsável por manter o espaço, ao lado da família, por quase 30 décadas, completados em 2017.

A esposa de Gilson, Dona Luzia, relembra que o irmão mais novo de Gilson, Geraldo Rodrigues, mais conhecido como Neném, incentivou o casal a manter o espaço, predizendo que faria muito sucesso. “Ele disse assim: ‘presta atenção sobre o que vou te dizer. Essa casa ainda vai ser famosa, até fora do Brasil, e vai se chamar Casa do Gilson'. E eu disse ‘com certeza’, gozando. Nunca esqueço disso”, relembra a companheira de vida e de labuta. 

Música - A programação musical foi pensada a partir da relação entre os músicos, o público e a própria casa. 

“Convidamos artistas que acrescentaram com sua história à história da casa, para fortificar relação entre casa e público e artista. 

Todos que compõem frequentam a casa. Sei que não conseguimos contemplar a todos que vêm aqui, mas teremos um recorte importante dos artistas da casa”, diz Carla Cabral que assina a direção artística do projeto. 

A programação inicia na sexta-feira (16), com um encontro de gerações. Às 20h, os alunos do projeto Choro do Pará apresentam o álbum “Choro Paraense”, lançado em 2009. O show é dirigido pelo violonista Diego Santos e conta com os alunos: João Gabriel (clarinete); Silene Trópico (flauta); Leandro Monteiro (cavaquinho); Denys Lee (violão 7 cordas); Simãozinho Jatene (violão 7 cordas) e Fernando Gomes (pandeiro), com participação de Eduardo Pádua (bandolim). O evento comemora também os 10 anos do projeto que tem a missão de formar novos chorões.

A noite seguirá com o tradicional grupo "Gente de Choro", com Yuri Guedelha e Ronaldo do Bandolim, integrante do mais importante grupo de choro do Brasil, o Época de Ouro, como convidados. Formado por Adamor do Bandolim (bandolim), Paulo Borges (flauta), Carlos Meireles (cavaquinho), Cardoso (violão), Carlinhos Gutierrez (violão 7 cordas), André Souza (pandeiro) e Emílio Meninéa (percussão), possui mais de 35 anos de trajetória e é a maior referência do gênero no estado. No repertório transitam entre nomes consagrados da escola, assim como impulsionam composições de seus membros.

Para Adamor do Bandolim, é um momento muito significativo. Ele relembra que o grupo passou a se reunir na casa sem nenhuma pretensão. 

“E já são 38 anos de estrada. A semente está germinando e esse fato para nós é muito positivo. Estamos à frente e com muito ativismo. Quando virarmos estrelinha, a semente estará plantada", diz Adamor, do alto de seus 74 anos.

Já no sábado (17), o evento inicia às 16h, com uma gostosa roda de choro com músicos que têm a casa como berço do seu despertar artístico. A roda é um marco na perpetuação do gênero e participam: Jade Guilhon (bandolim); Tiago Amaral (clarinete); Diego Xavier (violão e bandolim); Carla Cabral (cavaquinho); Diego Santos (violão 7 cordas); Bruno Miranda (pandeiro e percussão); Gabriel Ventura (pandeiro). Eles têm passagem em diversos grupos e CD’s produzidos no estado, com participação efetiva na Casa, a partir do início dos anos 2000.

A bandolinista Jade Guilhon afirma que o espaço tem um significado imenso na sua história de vida. “Desde a barriga da minha mãe eu já frequentava a Casa. depois, quando criança, íamos almoçar aos domingos, e lá pelos meus 10, 11 anos fazia aula de violino, mas lá me encantei pelo bandolim. Aprendi muito com a velha guarda do choro e para mim é mais que especial ver a casa nova, um local que acolhe chorões do estado e do Brasil inteiro”, comemora.

O domingo (18) encerra a programação deste ano com Trio Lobita e os três elementos, com Andréa Pinheiro, Hélio Rubens e Olivar Barreto, além de Marcelo Ramos e André Souza como convidados. Formado em 2009, o Trio Lobita possui músicos com performances de altíssimo nível: Paulinho Moura (violão 7 cordas); Cardoso (violão) e Tiago Amaral (clarinete), juntos desenvolvem composições e arranjos que destacam o trabalho e o indicam com um dos mais importantes da cena contemporânea paraense. Para alimentar o time de instrumentistas, Marcelo Ramos ex-integrante do Lobita e músico de destaque da região, participará com seu bandolim, assim como no pandeiro chega André Souza, músico com cadeira cativa na Casa.  

Programação

16 de dezembro | Sexta-feira | 20h
Alunos do projeto Choro do Pará apresentam álbum Choro Paraense
Gente de Choro convida Yuri Guedelha e Ronaldo do Bandolim

17 de dezembro | Sábado | 16h
Roda de Choro
Galo Garnizé

18 de janeiro | Domingo | 20h
Trio Lobita e os três elementos: Andréa Pinheiro; Hélio Rubens e Olivar Barreto
Convidam Marcelo Ramos e André Souza

Serviço
Reabertura da Casa do Gilson. Nesta sexta-feira, 16, às 20h, com entrada gratuita. Av. Padre Eutíquio, 3172, bairro da Condor, Belém. Informações: 3272-7306 / 3271-0295.

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