Foto: Mariza Miranda |
O show chama-se “Amazônia Instrumental”, mas a apresentação que o Trio Chamote vai fazer nesta quinta-feira, 15, na Casa do Fauno traz, como surpresa, músicas do novo trabalho que está sendo desenvolvido pelo grupo, intitulado “Banjo Loko”. Quem já estiver pelo espaço para curtir o happy hour, a partir das 17h, pode conferir a passagem do som aberta, às 20h, no quintal, e ficar para a apresentação, que inicia às 22h - Rua Aristides Lobo, 1061, entre Benjamin e Rui Barbosa.
A proposta é rodar a saia e confraternizar com Charles Matos (bateria), Luizinho Lins (banjo amazônico) e Sílvio Barbosa (flautas e sax), músicos pesquisadores que possuem projetos pioneiros sobre instrumentos e ritmos regionais amazônicos.
O som do grupo já vem causando repercussão principalmente pela pesquisa de instrumentos feitas pelos músicos. Para quem não sabe, Chamote é um processo milenar utilizado na fabricação de peças cerâmicas, consiste na reutilização de fragmentos de peças antigas, misturada ao barro natural “novo”, para confecção de novas peças dando-lhes resistência e durabilidade. Conceito transposto ao trabalho sonoro que o grupo faz com o ritmos regionais e seus temas autorais.
“Amazônia Instrumental” traz no formato a sonoridade que da cultura popular, duas notas musicais e temas curtos que se repetem, mas o trio acrescenta um pouco de suas ideias, de acordo com as músicas viradas e solos de bateria.
“A ideia básica é fazer um som dançante, refrescante”, diz Luizinho Lins. Além disso, o Trio Chamote prepara um novo trabalho intitulado “Banjo Loko”.
Já gravaram cinco composições em estúdio e agora estão iniciando a produção para lançamento de um EP. O público que estiver presente no show desta quinta já vai ouvir, em primeira mão, algumas das músicas que estão sendo ensaiadas para a apresentação de um novo show.
“Fiz uns experimentos e adicionei um captador no banjo e utilizo pedais. Estamos começando a montar um material além do acústico, que será um pouco mais elétrico digamos assim. Vamos mostrar o trabalho instrumental na Casa do Fauno mas também vamos já divulgar o trabalho do Banjo Loko”, revela Luizinho Lins.
O Trio Chamote vem ganhando o mundo, com releituras de ritmos regionais como carimbó, o lundu e outros. O grupo entende que a cultura popular na Amazônia sempre esteve entre as que mais se destacam no Brasil, tanto pelo pioneirismo quanto pela rica diversidade de manifestações culturais.
“O Batuque é a nossa raiz que desencadeia toda a rítmica que o Brasil percussivo e popular possui hoje, o carimbó, lundu, xote, banguê, samba e outros ritmos, são todos conectos ao batuque, bem como aos tambores e as mãos africanas. A características do fauvismo já fervia entre esses ritmos bem antes do próprio movimento ser declarado por Louis Vauxcelles em Paris como veremos no tópico BIO”, comenta Luizinho.
Músicos buscam a experimentação
Luizinho Lins é historiador, pesquisador e musico autodidata, desenvolve pesquisa sobre banjo amazônico com ritmos paraenses, atuando como musico e coordenador musical do “Balé folclórico da Amazônia”, com o qual já realizou turnê pela França, Espanha, Portugal, Bélgica, México e Canadá.
Atuou também como banjista dos grupos parafolclóricos Tamba-Taja, Asa Branca, Vaiangá, Arte Marajoara; e dos grupos musicais: Curuperé (2006) e Mundé Qultural (2007-2009).
Musico idealizador do grupo de carimbó “Cobra Coral”, desenvolveu projeto de tambores de cerâmica. Trabalha na coordenação de eventos do espaço cultural “Coisas de Negro”, que há 13 anos realiza a roda de carimbo mais tradicional de Belém do Pará. Ele também criou e coordena a “webtv Coisas de Negro” realizando transmissões online todos os domingos (www.livestream.com/coisasdenegro).
Silvio Barbosa iniciou sua atividade artística aos 13 anos como flautista autodidata tocando em grupos folclóricos da cidade de Belém, participando assim dos principais festivais folclóricos do Brasil (Piauí, São Paulo, Rio Grande do Sul,...) e do Mundo (México, Espanha, Portugal, Suiça, França,...), sempre mostrando o que há de melhor na música paraense, dando ênfase no estudo dos ritmos folclóricos e de flautas regionais construídas de forma artesanal tendo o carimbó como maior referência.
No ano de 2007 foi contemplado com a bolsa de estudo/pesquisa ofertada pelo Instituto de Arte do Pará (IAP) com o nome de “Flautas Artesanais em Estudo” onde fez um levantamento e registro das diferentes flautas tocadas no carimbó de Belém e do interior, como resultados da pesquisa foram realizados shows, palestras e exposições com as flautas. Músico integrante do regional “Carimbó de Icoaraci”, conjunto que faz a roda de carimbó do Espaço Cultural Coisas de Negro com 13 anos de existência na cidade de Belém.
Charles Matos iniciou sua carreira profissional em 1991 participando de festivais de rock em Belém e Icoaraci, como o Rock 24 horas e o Fest Rock Icoaraci.
Entre 1994 e 1995, trabalhou com nomes consagrados da música paraense como Jaceli Duarte, Andréa Pinheiro e Floriano, Albinha Sena, Olivar Barreto, Ziza Padilha e Deize Adário, Tadeu Pantoja, Simone Almeida, Maria Lídia, Gisele Greeze, Eduardo Dias, Luiz Girard, Pedrinho Calado, Walter Freitas, Poli dourado, Ester Sá, Eloi Iglesias, entre outros com quem trabalhou e trabalha ainda hoje.
A partir de 97 intensificou seus estudos, passando a integrar trabalhos instrumentais com: Yuri Guedelha, Delcley Machado, Mauro Prado, Quinteto Combo, Juista Kzan, Poli Dourado, Quarteto Sincopado, Ziza Padilha, Príamo Brandão, Luiz Pardal, Tinoco Costa, Leonardo Coelho, entre outros.
No ano de 2003, através da bolsa de incentivo à criação artística do IAP., desenvolveu o trabalho de pesquisa que deu origem ao livro / método “BATUQUES AMAZÔNICOS”, método este que trata não só do ensino de diversos ritmos existentes no Estado do Pará, mas também, da divulgação dos municípios de origem de cada um desses ritmos e dos principais folcloristas que trabalham por sua preservação.
Serviço
Show “Amazônia Instrumental” – Trio Chamote. Quinta-feira, 15 de dezembro, a partir das 22h, na Casa do Fauno – Rua Aristides Lobo, 1061, entre Benjamin e Rui Barbosa. Entrada R$ 10,00. Estacionamento ao lado, promocional para clientes.
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