30.11.17

A Fuga inicia temporada em sua escola de origem

Fotos: Victoria Rapsódia
A peça foi construída a partir de texto da dramaturga e diretora carioca Maria Clara Machado e teve uma bem-recebida pré-estreia no último dia 25 de novembro dentro da "Amostra Aí" do Casarão do Boneco. Agora o grupo segue em temporada na própria escola nos dias 4 e 11 de dezembro, sempre às sete da noite.

O que pode acontecer quando dez adolescentes se unem em um plano para fugir de casa e passar vários dias juntos, como protesto contra atitudes de suas mães e pais? Esse é o enredo de “A Fuga”, novo espetáculo do grupo de teatro Arlequinas e Coringas da Escola Rotary, formado por alunos da Escola Municipal Rotary, no bairro da Condor, em Belém, e dirigido pelo ator e professor da escola Arthur Ribeiro. 

Grupo de teatro que nasceu em meio às aulas de língua portuguesa e apresenta proposta, partindo de referências da literatura e dos jogos teatrais e interagindo com a escola e a comunidade, é montar espetáculos com uma linguagem genuinamente juvenil, que provoque reflexão sobre temas que começam a ser vivenciados pelos jovens, voltando-se assim a um público muitas vezes negligenciado pelas produções artísticas.

Arlequinas e Coringas nasceu a partir da iniciativa do professor e diretor do grupo Arthur Ribeiro, que, em 2015, convidou alunos de três turmas do 6º ano do Ensino Fundamental para participar da montagem de O rock das estrelas, baseado na obra homônima de Carlos Queiroz Telles. 

O espetáculo foi apresentado na escola no final daquele ano, marcando, para muitos dos alunos, a primeira participação em uma peça de teatro. Com o sucesso do trabalho, os ensaios continuaram no ano seguinte, e a segunda temporada foi realizada no mês de maio, com mais duas sessões na escola e uma apresentação no Teatro Waldemar Henrique, contemplada pelo edital Pauta Livre, da Fundação Cultural do Pará.

No início deste mês de novembro de 2017, o diretor Arthur venceu as etapas estadual e regional do Prêmio Professores do Brasil, do Ministério da Educação, sendo classificado para disputar a etapa nacional do mesmo com o projeto intitulado “Festa solidária: leitura, escrita e intervenção na comunidade”.

O reconhecimento desse trabalho de expansão realizado pelo professor se mostra como uma ação fundamental para concretizar novas formas de educação. O fato do grupo ter nascido a partir da continuidade de um projeto que se inciou durante as aulas afirma isso. “Quando eu percebi que estar fazendo teatro aqui com eles era o lugar onde eu podia ter mais liberdade pra ensinar e pra aprender também, eu quis continuar e eles também toparam. Então pra mim continuar com o grupo foi uma questão de sobrevivência dentro da escola”, explica Ribeiro.

Para o diretor, o processo de A Fuga representa uma nova etapa da história do grupo, permitindo que todos, atores e diretor, cresçam e compreendam melhor seus ofícios. “O ano de 2017 marcou a saída de vários membros antigos do grupo e a entrada de novos. Com isso, saímos de nossas zonas de conforto e começamos a nos olhar com mais atenção e profundidade. O espetáculo é um resultado disso, pois a construção dos personagens foi feita considerando a personalidade dos atores que os interpretam”, diz.

Maria Clara Machado e a experiência da livre dramaturgia

Levado para o grupo como sugestão de uma das atrizes, Thais Braga, de 13 anos, que o encontrou num livro didático perdido em sua casa, o texto de A Fuga conta a história de dez meninos e meninas que, na expectativa de que sejam atendidas diversas queixas suas a respeito das mães e pais, fogem de casa e instalam-se em um casarão abandonado. Porém, a falta de planejamento, o medo, o cansaço e doenças vão progressivamente abalando os planos do grupo.

O texto original de A Fuga é um pequeno esquete criado para os alunos d'O Tablado, escola de teatro fundada por Maria Clara em 1951. A montagem do grupo Arlequinas e Coringas da Escola Rotary ousa ao reproduzir o início do texto original e modificar os nós e o desfecho da trama, inserindo novos conflitos e aprofundando a tensão dramática da obra. 

A dinâmica da vida infantil que ecoa no enredo criado por Maria Clara Machado se transforma em uma história com mais nuances, que retrata de forma realista e crítica os fatos vivenciados pelos adolescentes e jovens, desde os conflitos interpessoais e com autoridades e os relacionamentos amorosos até a violência urbana e contra a mulher. O resultado é uma trama com a marca própria do grupo, que, sem cair em argumentos moralistas, permite a reflexão sobre o crescimento, a busca tateante pela maturidade e os acertos e desacertos entre pais e filhos.

Serviço
Espetáculo “A Fuga” do Grupo de Teatro Arlequinas e Coringas da Escola Rotary. Quando: Dias 4 e 11 de dezembro - 19h. Onde: Escola Municipal Rotary - Lauro Malcher, entre Apinagés e Tupinambás – Condor Entrada franca.

(Texto enviado pela assessoria de imprensa do espetáculo)

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