Foto: Otávio Henriques /Projeto Circular |
A Mostra Mundiar surge por entre escombros, arte e coletividades, como ação que deseja ajudar na manutenção de uma parte da história do bairro da Cidade Velha de Belém. A programação será realizada neste final de semana, sábado, 27, e domingo, 28 de abril, e na semana seguinte, nos dias 4 e 5 de maio, no Teatro Cláudio Barradas. Ingressos a R$ 20,00, com meia entrada a R$ 10,00. Toda a bilheteria será revertida para a reconstrução do casarão.
Entre as mais de 3 mil edificações tombadas pelo IPHAN, no Centro Histórico de Belém, várias são casarões antigos, inteiramente protegidos, ou em parte por se situarem em áreas de tombamento. Um deles teve perdas graves pela ação forte da chuva, no último dia 13 de março, na Rua Gurupá. Foi perdida parte da lateral da casa e uma parte da fachada do espaço que tinha sido adquirido há quatro meses pelo coletivo artístico Mundiar, que agora promove uma mostra de teatro e realiza outras ações para buscar recursos a fim de restaura-lo.
“Tínhamos acabado de adquirir a casa e já tínhamos ajeitado o telhado e a pintado, a organizamos e nos mudamos, iniciando um trabalho artístico que deu nome ao espaço como Olaria Mundiar. O resto a gente ia ajeitando devagarinho. No dia 13 de março, percebi que a parede estava esquisita, chamei o mestre de obras, o engenheiro e descobrimos por volta das 16h, que a parede vinha abaixo. Chamamos o Corpo de Bombeiros, mas quando eles chegaram a parede já tinha desabado. Foi então que começamos uma batalha para reconstruir”, conta Iara Souza, do coletivo Mundiar que organiza a mostra de espetáculos.
Foto: Otávio Henriques/Projeto Circular |
Após a queda da lateral e da fachada foi feita uma intervenção de estruturação da casa, com a escora de todas as paredes, do telhado. “Apesar de termos perdido a parte lateral, a parede não desceu. Nós estamos com um arquiteto e um engenheiro e estamos fazendo tudo dentro da legalidade, com projeto que tem que ser aprovado pela Fumbel e IPHAN, e aí precisa de laudo e isso tudo encarece”, explica a artista visual e iluminadora.
Será realizado um trabalho minucioso, com objetivo de recuperar a fachada original da casa. Com apoio dos alunos da Escola de Teatro e Dança da UFPA foram resgatamos quase todos os azulejos do frontal que caíram. “Nossa ideia é realmente recuperar a casa e essa fachada, só que quanto mais próximo do que era a fachada, a gente deixa a casa, mais caro fica tudo, por isso a gente esta fazendo esta campanha para arrecadar as coisa”, finaliza.
Mostra em dois finais de semana no Teatro Cláudio Barradas
Caravanas, espetáculo solo e inédito de Aníbal Pacha |
Serão quatro espetáculos, quatro pesquisas-criação, montadas ao longo do ano de 2018, sendo uma estreia. Cada espetáculo será exibido em apresentação única no Teatro Universitário Cláudio Barradas, durante quatro dias de muita alegria e luta em prol da recuperação da fachada do casarão histórico situado na rua Gurupá n.178, que desmoronou em função das chuvas na cidade.
A primeira apresentação é uma estreia, um espetáculo solo de Aníbal Pacha, neste sábado, 27. No domingo, 28, a programação segue com “Curupirá”, de Andrea Flores. Após pausa de uma semana, a mostra retoma seu lugar trazendo “Traços de “Esmeralda”, de Ana Flávia Mendes, no dia 4, e “Kamburão”, com Fabricio Lobo, Maurício Franco e Vandiléia Foro, fechando a ação, no dia 5 de maio.
“A Mostra é uma urgência, mas também uma celebração: nossos corpos em cena, anunciando e reunindo outras forças para reerguer, reviver, renascer. Convidamos a todxs para partilhar dessa ação, contribuir conosco, com a memória da cidade e com a Arte que acontece e resiste em Belém”, diz Andrea Flores, atriz palhaça que se apresentará com o espetáculo “Curupirá”, já neste final de semana.
BAZAR – Além da mostra de espetáculos, no Teatro Cláudio Barradas, também está programado para o dia 11 de maio, um bazar de objetos, roupas, livros, venda de comidinhas e bebidinhas e programação artística, no dia 10 de maio, das 10h às 22h, num outro casarão situado também na Cidade Velha – Rua Dr. Malcher, 267, entre Pedro Albuquerque e Joaquim Távora.
“A reconstrução é uma questão de respeito ao patrimônio histórico e cultural da Cidade Velha, mas é também fazer existir nesta residência/atelier um espaço de arte chamado Olaria Mundiar, um lugar habitável para as experimentações artísticas. A Mostra Mundiar com os quatro trabalhos que ela apresenta nos dá uma leitura da potência desse tipo de pesquisa, podemos dizer que são experimentos das fronteiras da cena”, conclui Vandileia Foro, do espetáculo “Kamburão”, e uma das gestoras da Olaria Mundiar.
PROGRAMAÇÃO MOSTRA MUNDIAR
27 de abril (sábado), 20h
CARAVANA - Caravana é o espetáculo solo do multi artista, professor e pesquisador Anibal Pacha, que estreia na Mostra Munidar. O lugar da partida é o mesmo da chegada. Caminho circular levado pelos extensores do corpo na construção das mandalas sistêmicas. O que está dentro está fora, não tem fronteiras, tudo se mistura infinitamente no espaço, no corpo e nas coisas. Uma Caravana que tateia consigo tudo e todos para uma invenção do imaginário.
28 de abril (domingo), 20h
CURUPIRÁ - É preciso Curupirar o mundo e ainda haverá um dia em que o mundo Curupirá... Em Curupirá, a atriz, mulher palhaça e pesquisadora Andréa Flores leva à cena seu Ato de traquinagem, entre comicidades das Amazônias de floresta profunda. O processo de criação, resultado de três anos de pesquisa, procura capturar o que ocorre com a atriz em sua jornada de busca por comicidades entre povos indígenas amazônicos, ao ser retorcida por sensibilidades xamânicas de mundo e re-existências envoltas na produção do cômico floresta adentro.
04 de maio (sábado), 20h
TRAÇOS DE ESMERALDA - Traços de Esmeralda resulta da pesquisa Deusa: uma coreofotografia do sagrado feminino na religiosidade brasileira, contemplada com o Prêmio de Pesquisa e Experimentação Artística do Programa de Incentivo à Arte e à Culura - SEIVA. Em minha vivência, parto da obra de Guy Veloso, que em sua fotografia documental investiga o transe em práticas religiosas e cênicas, para propor a noção de coreofotografia, exercício de reconfiguração conceitual da dança imanente, sendo esta última uma práxis cunhada na Companhia Moderno de Dança.
05 de maio (domingo), 20h
KAMBURÃO - Kamburão é uma performance de palco realizada pela Olaria Mundiar. Neste trabalho, misturamos a obra de Franz Kafka e experimentos com objetos para criar uma cena vertiginosa, onde o texto de K. é editado em cena num jogo de improviso atravessado por um objeto central, o camburão. A obra de Kafka é um labirinto de conflitos e acontecimentos que enredam os personagens numa teia nonsense, e é essa teia, desprovida de sentido e pautada nas sensações, que é acessada, possibilitando a transposição de uma leitura singular e pessoal das obras para uma escritura de cena performativa.
SERVIÇO
Mostra Mundiar. Dias 27 e 28 de abril e 4 e 5 de maio, sempre às 20h, no Teatro Cláudio Barradas. Ingressos: R$ 20,00, com meia entrada a R$ 10,00. Toda a bilheteria será revertida para a reconstrução do casarão e toda a alegria partilhada seguirá vibrando entre nós. Apoio: Olaria Mundiar, Dom Coletivo Atelier Residência, Blog Holofote Virtual – Produção Cultural – Comunicação e Mídia, Projeto Circular Campina Cidade Velha.
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