Foto: Otávio Henriques /acervo Projeto Curcular |
Há 15 anos de portas abertas à cidade, a edificação centenária pede, mais uma vez, cuidados. A campanha “Do Chão ao Teto, Salve o Casarão do Boneco” foi lançada esta semana, na terça-feira, 30 de abril, véspera do feriado, com um evento performático, para apresentar à imprensa e convidados, as etapas e intenções da arrecadação, além de revelar os bastidores de uma gestão compartilhada.
Quem olha o Casarão do Boneco desse ponto de vista pode não imaginar a vida e as tramas artísticas que se passam lá dentro. Há mais de uma década, o espaço vem desenvolvendo o fazer teatral, circense e realizando oficinas e contação de história, formando plateia e se abrindo de forma incondicional para a cidade, que também o acolhe.
O público tem sido a principal fonte de apoio a sua manutenção, mas agora a coisa é mais séria e vai precisar de todo mundo, muito mais do que se imagina. A Campanha “Do chão ao Teto, Salve o Casarão do Boneco”, lançada nesta última terça-feira, em uma ação que fruto de um esforço coletivo, prevê três ações para buscar recursos para reformas, que são urgentes.
Será criada a Vaquinha ‘on line’, uma campanha de financiamento coletivo, por meio da internet, que deve ser lançada junto com a segunda ação, a Mostra de Teatro, que será realizada no dia 31 de maio, no Margarida Schivasappa. A terceira iniciativa será um show com várias bandas, no Insano Marina Club, no dia 22 de abril. Tudo que for arrecadado na bilheteria será revertido à obra chega a quase 20 mil reais.
Na noite de apresentação da campanha, entre os que atenderam ao chamado, estavam presentes os atores Yeyé Porto, Paulo Porto, o vereador Fernando Carneiro e a Deputada Estadual, Marinor Brito, a equipe de reportagem da TV Cultura do Pará, entre outros convidados, que foram levados a um passeio pelo Casarão do Boneco. O blog estava também presente e acompanhou tudo.
Habitantes apresentam os espaços aos convidados
Pedro Olaia mostra a sala de figurino
Foto: Victoria Rapsodia
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Maurício Franco (Bando de Artistas Independentes), Nanan Falcão (Figurinista), Lucas Alberto (Cia. Sorteio de Contos), Paulo, Nascimento, Cristina Costa e Adriana Cruz (In Bust Teatro Com Bonecos), Thiago Ferradaes, Fafá Sobrinho e Andrea Rocha (Produtores Criativos), Virgínia Abastos (Vida de Circo), Cincinato Marques (músico e geógrafo), Marina Cruz (Projeto Vertigem), Leonel Ferreira (Cia Madalenas de Teatro) e Pedro Olaia (performer) se revezaram para mostrar aos convidados os cômodos, a estrutura e o estado em que se encontram os dois alvos desta campanha.
A casa tem 116 anos e está com a estrutura ainda original. No salão de entrada, o espaço é multiuso, onde são realizadas oficinas, apresentações, exposições, feiras, cinema, rodas de conversa, etc. Dos quartos do corredor, o primeiro é o ateliê de confecção de vários objetos, o segundo é de figurinos e que também funciona como quarto de hóspedes, e que em dias de apresentações, vira camarim. O terceiro é de cenários e o quarto, de adereços. Depois do quarto tem um depósito de acervo, incluindo equipamentos técnicos em uso; depois um escritório; em seguida a sala dos aparelhos do circo; banheiro e cozinha.
Salão principal - multiuso
Foto: Otávio Henriques /Acervo Projeto Circular
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Em cada espaço, uma dificuldade. Tudo foi mostrado, dito e performatizado pelos habitantes do Casarão, que abriga, hoje, diversos artistas e grupos da cidade de Belém, em uma dinâmica de gestão colaborativa.
O Anfiteatro é acessado pelo público ao atravessar um belíssimo jardim, pela lateral da casa. Rodeado de Tajás, mangueiras e diversas outras espécies da flora amazônica, é um dos poucos espaços da cidade a possuir um aparelhamento de circo. E também está precisando de uma boa reforma, por isso será alvo de uma próxima campanha.
A fachada é outro ponto. Precisa restauro, mas isso requer um projeto arquitetônico mais delicado, aprovado pelo IPHAN e Fumbel. Vai ficar para o futuro. Ao final do passeio, os convidados assistiram um vídeo e compartilharam alimentos oferecidos pelos artistas. Alguns sugeriram outras iniciativas e parcerias, todos trocaram ideias, além de se comprometerem em multiplicar informações sobre a campanha.
Mesmo com a reforma o casarão não pode parar
Paulo Nascimento em entrevista à TV Cultura do Pará Foto: Victoria Rapsodia |
Espaço de criação e fruição, trabalho, acolhimento e ainda de fator histórico, o Casarão do Boneco” precisa de reparos, mas não pode parar de funcionar. Por isso, a reforma será feita por etapas, iniciando por ajeitar a calha de água que capta, ao mesmo tempo, a queda da chuva no telhado do salão, nos quartos e corredor.
“Parece algo insolucionável, do tanto de mestres que já mexeram e tentaram arrumar e até hoje ninguém conseguiu. A chuva nem precisa ser das boas e uma cachoeira se forma bem na coluna abaixo da calha, pelo lado de dentro. Para solucionar, precisa mexer na estrutura de um dos telhados (o outro já foi reformado)”, diz Paulo Nascimento.
A reforma vai começar por reformar a estrutura que faz o encontro entre o corredor interno e o salão principal (de entrada). No corredor, já se vê rachaduras e um buraco. No salão, as tábuas corridas da beira estão afundando. “Vamos resolver tudo, deixar os pisos confortáveis para nós e para o casarão. E reformar o telhado da área dos quartos e corredor interno e mais a calha das águas furtadas”, finaliza Adriana Cruz.
Uma constante para manutenção do espaço
Convidados e Habitantes do Casarão Foto: Victoria Rapsodia |
Não é a primeira vez que se recorre às campanhas para a manutenção do casarão. Os artistas do coletivo também investem tempo de trabalho voluntário, doam parte de seus cachês de apresentações ou de ações em projetos aprovados em editais, para ajudar nas contas cotidianas (da água ao IPTU) e melhoria dos espaços da casa.
“Isso se soma às arrecadações de eventos do Casarão, como o Amostraí, porcentagens das temporadas de espetáculos, das festas, das oficinas, ou seja, o público ajuda a financiar/manter o espaço. Além disso, no decorrer dos anos, muitas ações entre amigos foram realizadas com a finalidade de angariar fundos para pequenas reformas”, diz Marina Cruz.
A partir de 2015, a primeira campanha de financiamento coletivo moveu na casa muitos afetos, produções, conexões e ações. “Percebemos a força do apoio dos frequentadores das atividades públicas do Casarão, ou dos visitantes eventuais, e até mesmo de quem nunca foi, mas já viu, leu ou ouviu sobre”, explica.
Em 2018, outra campanha, foi feita para a reforma das janelas e portas que acessam para o jardim. “Todas foram reparadas, financiadas por frequentadores amigos do Casarão, que, provavelmente acreditam e apostam nas culturas de convivências saudáveis, criativas e inteligentes, que vivam em diversidade, respeitem as crianças, atuem pela vida e pela abundância”, explica Cristina Costa.
Contribua também indo à programação
Mural do pátio de entrada
Foto: Otávio Henriques /Acervo Projeto Circular
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Enquanto aguardamos a Mostra de Teatro e a Vaquinha ‘on line’, no final deste mês, quem quiser desde já contribuir com o Casarão do Boneco, é só chegar lá no dia 11 de maio, quando será realizado mais um sábado do Amostraí, programação que reúne adultos e crianças para contação de histórias e apresentação de espetáculos.
Também esta semana está sendo realizada uma oficina de customização de roupas, para o público infantil, com Nanan Falcão. Para saber mais sobre o Casarão do Boneco acessa o facebook: facebook.com/casaraodoboneco/ ou acompanha aqui pelo Holofote Virtual, que vamos cobrir e divulgar todas as ações.
Serviço
O Casarão do Boneco fica na Av 16 de novembro, 815. Batista Campos. Belém-PA). Fone: (91) 32418981. Mais informações: salvecasarao@inbust.com.br.
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