14.12.21

Ver-o-Peso 24 Horas lança episódio piloto da série

Fausta, uma das protagonistas
Fotos: Divulgação

A web-série documental "Ver-o-Peso 24 Horas", acaba de lançar seu episódio piloto, realizado com apoio do Edital de Multilinguagens, da Lei Aldir Blanc Pará. O projeto foi idealizado pelo jornalista e produtor cultural Wanderson Lobato, do coletivo Amigos do Ver-o-Peso.

“Nossa intenção é destacar que o Ver-o-Peso não se resume somente ao espaço físico onde está localizada a Feira, em Belém. Para nós, o Ver-o-Peso transcende isso e alcança outros territórios. Então, o Ver-o-Peso também está no Acará, onde são produzidas muitas ervas. Está em Barcarena, de onde vêm as mudas de plantas, em Monte Alegre, onde é extraída a balata para a produção e artesanato. Em todos estes locais e em muitos outros, o Ver-o-Peso também vive, intangível,” explica o produtor cultural.

Um lugar, muitas histórias. Com um pouco mais de 10 minutos de duração, o audiovisual acompanha um pouco da rotina de três personagens que circulam pela Feira ao longo de um dia de trabalho. Fausta Galiza é quilombola, da comunidade de Guajará Miri, no Acará. Guardiã do Boi Resolvido, Tia Fausta também é uma repentista de mão cheia que topou fazer uma apresentação musical no Ver-o-Peso para o projeto.

Aluna de turismo, entrevista sobre o artesanato

“Vir aqui no Ver-o-Peso é relembrar muitas coisas boas que meu pai viveu aqui. Trabalhava com mastruz, quebra barreira, carrapatinho,” lembra a artista ao falar de seu pai, Mestre Ciló, fornecedor de produtos para o setor de ervas.  Júnior Costa é morador da Ilhas das Onças, em Barcarena, e vendedor de rasas de açaí. É a fruta que “leva” o documentário para o ambiente da Feira, marcado pela diversidade de produtos e de histórias.

“A gente tem que vir cedo para cá para marcar lugar. Se não vier, acaba que não consegue espaço pra colocar suas rasas,” ele explica sobre o porquê chegar na Feira do Açai no final da tarde pra só começar a comercializar o fruto na madrugada. Ribamar Oliveira, conhecido como Luneta, mora em Belém e atua como balanceiro na Pedra do Peixe. “Eu já trabalho 25 anos aqui nessa Pedra do Ver-o-Peso. Essa é a nossa realidade que vivemos aqui diariamente”, conta.

Nassif Jordy, que dirigiu o episódio com o apoio de Renato Chalu, explica que a ideia do documentário foi mostrar o funcionamento do Ver-o-Peso em 24 Horas que não para em todos esses séculos. “Tentamos mostrar um pouco dessa dinâmica. Tentar falar da história do Ver-o-Peso através das pessoas que fazem a feira. As pessoas que fazem a Feira, a maioria não são moradores de Belém, são moradores das ilhas, dos arredores da cidade, moradores do interior do Estado. Eles que abastecem o Ver-o-Peso que fazem ele funcionar”, destaca. 

Em busca do registro da feira como patrimônio imaterial

Alunos - Cultura Alimentar Ver-o-Peso

O patrimônio imaterial é o foco do projeto e vai, em breve, ser o mote de uma campanha para o registro do Ver-o-Peso como Patrimônio Cultural Brasileiro, assim como o Círio de Nazaré e o Carimbó, já  reconhecidos. 

“Sabemos que falar de patrimônio é falar de memória coletiva. O projeto tem esse foco na memória dos trabalhadores e usuários da feira. Nossa intenção é procurar o IPHAN para retomar um diálogo para a realização de uma campanha de mobilização para o registro da Feira como Patrimônio Imaterial,” conta.

A campanha de mobilização chegou a ser articulada com o IPHAN no final de 2019. Técnicos do Instituto, responsável pela preservação do patrimônio cultural brasileiro, chegaram a se reunir com lideranças dos feirantes que aprovaram a realização da campanha, mas com a chegada da pandemia os planos foram interrompidos.

“Com o projeto aprovado na Lei Aldir Blanc vamos voltar no IPHAN para retomar esse diálogo”, completa Wanderson. “Já iniciamos a apresentação do episódio em escolas do Ensino Médio e junto aos alunos do Curso de Turismo, da Universidade Federal do Pará. Nossa intenção é com o audiovisual envolver a sociedade em torno do tema”.

Ribamar, o Luneta
A apresentação do episódio para os jovens nas escolas e UFPa integra outro projeto do coletivo Amigos do Ver-o-Peso. É o Museu Ver-o-Peso, onde os alunos e universitários realizam visitas monitoradas na Feira e são convidados a realizarem trabalhos acadêmicos sobre os produtos e personagens da Feira.

“Ainda estamos trabalhando com recursos próprios, mas estamos na captação de recursos e inscrevendo o projeto em editais para conseguir avançar com esse projeto em que o Ver-o-Peso se torna um material educativo, tanto para os alunos quanto para os professores,” conta Wanderson Lobato.

Assista ao episódio piloto da web-série "Ver-o-Peso 24 Horas":

Serviço

Ver-o-Peso 24 Horas. Um trabalho dedicado aos trabalhadores e trabalhadoras do Ver-o-Peso, mestres e guardiãs de nossa cultura ancestral. Disponível no Youtube – canal amigos do veropeso. Projeto selecionado pelo Edital de Multilinguagens da Lei Aldir Blanc Pará. 

(Holofote Virtual com informações da produção do filme)

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